7 - A família real de Ilandria

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"– Pare de chorar, menina!

− Mas ele não me ama, mamãe!

− E quem, em sanidade, amaria você?"

- A chuva de Altyra, vários autores.

Dahlia demorou a dormir. A faca estava debaixo do travesseiro como sempre estivera, mas desta vez, sua mão estava agarrada ao cabo com tanta força que doía. Lágrimas saíam desesperadamente de seus olhos. Ela sentia medo, tanto medo... Aquele medo vespertino que sentira quando estava, quando estava...

Fechou os olhos, tentando acalmar os temores da mente. Ela ficaria bem, amanhã tudo estaria bem novamente. O Sol cantaria para ela e beijaria suas bochechas e ela estaria... Viva. Segurou o cabo da adaga com mais força.

Peter ainda dormia sobre o sofá, tranquilo, com os cabelos caindo pelo rosto moldado. Aedan... Ela não sabia sobre Aedan, desde que ele saíra sem lhe agradecer, mas ela dera um dia. Um dia para que ele despachasse de uma vez de sua vida e logo, tudo voltaria ao normal. Seria ela e Peter, Peter e ela como nos velhos tempos.

 Seria ela e Peter, Peter e ela como nos velhos tempos

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Peter acordara com fome e sentindo certo vazio dentro de si. Ele era um fardo, sabia disso e não conseguia melhorar. Peter era complexo demais, nem ele mesmo se entendia. Não sabia como manipular suas próprias ações. E naquela manhã, vendo Dahlia acordar de olhos inchados e com um sorriso enorme e falso no rosto, fazendo brincadeiras idiotas; ele viu que não era ela ali.

Aedan ainda não havia acordado. Ele ouvira apenas parte da conversa na noite anterior e percebeu que havia trazido mais um problema para Dahlia. Ele não sabia o quanto a irmã podia aguentar e que fora bondoso e estupido de sua parte, aceitar um completo desconhecido na casa. Mas ele sabia por que ela fizera aquilo. Dahlia gostaria que lhe dessem um lar, se um dia ela ficasse sozinha. Ela gostaria de agarrar a algo, mesmo que odiasse fazer isso.

Passou alguns minutos e ele ouviu um resmungo. Vinha de Aedan, que estava com a cara amassada e a roupa amaciada. Ele sorriu para Peter que apenas de um leve aceno com a cabeça e andou em direção a Dahlia.

Dahlia gostava de cortar coisas. Ela cortava os alimentos com precisão e rapidez, mesmo que a comida não ficasse tão boa pela falta de temperos. Mas ela acordara um tanto feliz naquele dia, o que era um milagre, já que a jovem nunca acordava feliz. Ou era satisfeita ou apenas um misto de confusão.

Ela observou Peter, que observava Aedan que andava em direção a ela, com um sorriso estranho no rosto. Por um instante, ela ficou com medo dele e agradeceu por estar com uma faca na mão.

Dahlia entregou a vitamina de banana-da-terra para Peter e olhou para Aedan, esperando que ele dissesse algo e que tirasse aquele risinho besta do rosto.

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