12- Lembranças

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"O guerreiro não podia amar. Ele não podia amar ninguém. Segundo a profecia, o amor dele era maior que o mundo. "

- Lendas de Uma Pedra Sem Fim

Denver nunca havia se sentido em casa. Em nenhum lugar, mesmo viajando para horizontes e horizontes, nunca era o bastante. Sempre faltava o calor que o fizesse se sentir completo e por mais estranho que fosse, ficar com Tessa, o fazia se sentir em casa, mesmo que eles ficassem quase a noite toda em um bar comendo carne fresca.

Ela sorria ao ouvir aquela música e ao ver a expressão curiosa de Denver ao olhar para as dançarinas de gelo.

− Há homens que não possuem esposas, então, com a energia, eles constroem mulheres de gelo que duram um dia.

− Eles precisavam fazê-las todos os dias?

− Depende da necessidade...

− Isso é assustador.

− Ah, não é não! Veja como eles estão se divertindo! A graça é se divertir meu rei.

Meu rei. Um dia ele seria rei de tudo aquilo e da princesa Romena.

Seus olhos brilhavam diante de tal perspectiva.

Tessa abaixou os olhos, como se tivesse adivinhado.

− Está pensando na princesa?

Ele piscou.

− Minha futura esposa, sim.

− Vocês devem ficar muito bonitos juntos – ela sorriu, mas seu sorriso não chegava mais aos olhos. Denver a encarou. Os cabelos castanhos escuros que cobriam parte do rosto e os olhos amarelados.

− De fato.

− Bom, vamos pedir um pouco de comida ao Orys. Ele me conhece, tenho certeza de que poderemos furar fila.

Denver riu ao vê-la pegar a mão dele para arrastá-lo naquela multidão inquieta. As pessoas jogavam poker em um lado, dançavam no outro e até mesmo brigavam!

E o príncipe ficou encantado com tudo aquilo.

Tessa mordeu a ponta do dedo ao ver que não possuía lugares para sentar. Então ela gritou:

− O príncipe Denver está aqui! Deem lugar a ele!

E o lugar congelou. Todos se viraram na direção de Denver e o príncipe já estava prestes a sacar uma arma que carregava escondido, quando a multidão ergueu os copos para cima para brindá-lo por sua chegada.

− Que honra! Nosso futuro Rei!

E mais aplausos. Denver sentia que estava mesmo no lugar certo. O único momento que era aplaudido era quando vencia as batalhas e os aplausos eram um pouco debilitados por conta dos diversos machucados que arrumavam nas guerras.

− Vocês podem se sentar aqui – disse um rapaz com uma mulher de gelo do lado. Ela acenou para Denver, que franziu o cenho, mas aceitou o lugar. Eles olharam para o balcão cheio de bebidas e para os cozinheiros que faziam a comida na frente da plateia.

Orys, com suas três trombas, pele azulada e um pequeno olho se aproximou. A marca de um floco de neve estava fixa em sua testa. Ele deu um grande sorriso de dentes afiados como gelo ao ver Denver e Tessa. A menina deu um sorriso maior ainda.

− Orys! Veja quem eu trouxe!

− Tessa, você é louca para trazer o príncipe para cá!

− O príncipe é mais louco ainda por sair do Castelo! A sorte é que ele veio parar em nossa vila, que é mais segura.

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