11 - Caden

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"Há uma lenda ruim, terrível que mostrará a natureza humana em sua forma mais exorbitante.''

- Lendas De Uma Pedra Sem Fim

A carça morreu no meio do caminho. Os três ficaram duas horas sem parar e felizmente, tinham mais trinta minutos até chegarem ao hotel beira de estrada de Caden e arrumarem algum plano de como tocar a vida normalmente.

O que não era muito provável para Dahlia, que nunca teve uma vida normal, por mais que desejasse. A jovem secou o suor do rosto e parou um pouco. A temperatura estava horrível, pois quanto mais saiam da vila Mendorya, pior ficava o tempo, já que estavam em uma área pobre e esquecida.

Ela estava exausta. Daria tudo por um banho, uma cama ou até mesmo uma mísera pedra para repousar a cabeça. A jovem olhou para Aedan que empurrava a carça sem hesitar. Em nenhum momento ele pediu ajuda para acionar as rodinhas ou para empurrar.

Ele parecia tão focado.

− Estamos chegando? – Perguntou Peter, pela milionésima vez.

− Ainda não.

Aedan continuou calado. Seus olhos pregados nos chãos e os pés descalços, que provavelmente estavam queimados. Dahlia tinha que perguntar.

− Aedan... Seus pés estão doendo muito?

Ele olhou para ela pela primeira vez durante aquela viagem fugitiva. Seus olhos eram carregados de tanta dor e lembranças, que Dahlia quis recuar o olhar, mas continuou carregando-o. Ele engoliu em seco.

− Estão.

− Quando chegarmos ao hotel, daremos um jeito nisso.

Ele assentiu como forma de agradecimento.

− Dahlia é boa com curativos – afirmou Peter. Claro, ela passara anos escondendo e tratando seus próprios machucados, que estava quase formada em enfermagem.

− Dou meus pulinhos – ela disse com um riso amargo.

Aedan não falou nada.

Depois de mais ou menos trinta minutos carregando aquele peso, Dahlia jogou a carça na calçada e observou o hotel que deixara de trabalhar anos atrás. Seus olhos lacrimejaram, mas ela se segurou. Nada havia mudado. A madeira velha ainda conservada com uma placa com os dizeres "Hotel da Silda". Havia cadeiras do lado de fora e algumas plantinhas que Dahlia conhecia.

− Você está bem? – Peter perguntou com uma voz rouca. O cabelo caía sobre os olhos e Dahlia percebeu o quanto ele havia crescido e se tornado um homem. Ele não era mais aquele garotinho que ela protegia, pequeno e frágil. Peter agora estava forte, mais alto e só um pouco mais esperto.

− Sim. Vou falar com Caden. Fiquem aí, vocês dois.

Dahlia subiu as escadas e tocou a campainha enquanto os meninos colocavam as carças em um canto. Ela estava ansiosa, como nunca esteve antes. Apreensiva, com medo do que podia acontecer.

A porta se abriu e Caden saiu de lá. Primeiramente, ele não acreditava no que via. Piscou várias vezes e Dahlia percebeu que ele também mudara, e para melhor. O Caden Bars que ela conhecia, nunca sairia sem camisa para atender e muito menos faria dreads. Seus olhos verdes estavam arregalados e a pele mais morena que antes.

Dahlia se jogou nos braços dele. Caden a abraçou lentamente, enterrando o nariz nos cabelos negros da menina. Ela não percebeu o quanto sentia falta dele até aquele momento.

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