16 - É isso o que sou

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"Amor, querido amor, por que meu coração chora de amor? Ah, eu me esqueci! A outra face é de dor!"

- Diário traduzido da Princesa Alina para a Criadora do Amor

Julian observava Romena com atenção, dia após dia. Ela visitava a irmã e ficava trancada no quarto. De vez enquanto, ela ia à biblioteca e olhava um livro sobre lendas e medicinas. Ele não conseguia mais ficar vendo Romena se enfraquecer dia após dias, sabendo que o funeral da irmã podia ser no dia seguinte.

− Princesa Romena? – Ele a chamou. Ela havia emagrecido bastante naqueles dias. Suas feições não estavam tão coradas e seus traços estavam mais visíveis. Ela tirou os olhos do livro e ergueu o queixo.

− Julian... – ela pegou suas mãos e beijou. Ele ficou assustado. – Ajude-me! Diga-me o que devo fazer! Eu lhe imploro!

− Romena, por favor, não faça isso. Faria tudo por você. Eu andei pensando e existe uma maneira de desacelerar... – ele não sabia como falar. – Desacelerar a morte de sua irmã.

Os olhos de Romena se encheram de lágrimas silenciosas, mas nenhuma delas ousou cair.

− Conte-me.

− Fica em meu reino. Posso levá-las até lá, mas o Rei precisa ficar sabendo.

Ela ficou atordoada.

− Não! Meu pai não pode saber! Ele não confiaria, não a deixaria ir por seu orgulho besta! Meu pai não confia em vocês... Não como eu... – ela travou uma batalha. – Não como eu confio.

− Você confia em mim? – Ele perguntou, claramente surpreso. Algo estranho amornou dentro dele.

− Sim... Julian, por favor, ajude-me a salvar Yara.

Então, Julian falou sobre seu plano.

Estava anoitecendo. Romena colocou o xale azul e o ajeitou. Seus cabelos estavam presos em um coque feito desmazeladamente. Ela ouviu a porta sendo aberta e viu Lizandra, com os olhos arregalados. Nunca vira a mãe tão assustada.

Oh, Cosmos! Ela sabe, ela sabe!

− Ajudarei você essa noite – sussurrou e Romena quase caiu para trás, sem saber acreditar. A mãe dela sabia e não era contra ao plano de alto risco.

− Mãe, tem certeza?

− Ela é minha filha... Preciso recorrer a tudo! Eu confio nos Montéquio, apesar de tudo. Eu sou observadora e sei quem mente e quem não mente, então decidi que faria o que fosse necessário para salvá-la.

− Julian lhe contou?

− Sim. Ele me contou tudo. Vamos pegá-la. Apresse-se, apresse-se!

As duas correram pelo castelo silencioso. Elas foram até o quarto de Yara, que descasavam. A pele estava ressecada, os cabelos estavam opacos e escurecidos. Lizandra tocou na testa de Yara e Julian surgiu logo atrás dela.

− Deixe que eu a pegue.

Julian pegou Yara nos braços, como se ela não pesasse nada. Lizandra ajustou o vestido de sua filha.

Eles desceram rapidamente e encontraram a carruagem que a rainha havia providenciado. Lizandra entrou, sentindo os nervos a flor da pele. Romena estava calma, e não entendia o porquê. Tinha tudo para dar errado naquela noite, mas ela, de certa maneira, confiava em Julian.

O Príncipe instruía as direções. A Rainha e a Princesa acomodaram Yara do melhor jeito que podia, pois o caminho era difícil de fazer.

Ela olhou para o lado de fora, observando a floresta congelada. Os cavalos brancos corriam com tamanha perfeição, e então, ela fechou os olhos e dormiu.

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