15 - Tire seus sofrimentos de mim

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"A mulher chorava e chorava. Não chores perto dela! Ela irá chorar mais ainda!

- Lendas De Uma Pedra Sem Fim

Os dias passavam cada vez mais rápidos. Dahlia ignorava Aedan. Ela esperava que se eles fossem precisar um do outro, não teria de haver segredos em volta. Ela precisava saber de tudo, antes de embarcar em alguma viagem maluca com ele.

Se ela fosse embarcar.

Seria perfeito se ela pudesse seguir sua vida com Caden e Peter. Os três, vivendo seguros ali, mas aquilo era o máximo que ela se deixava imaginar. Ela não podia ter aquilo, porque estaria arriscando a vida de Caden e ela nunca se perdoaria se algo acontecesse com o amigo.

Ela sovava a massa de pão, enquanto Caden fazia a mistura. Era tarde o tempo estava ensolarado, sem nenhuma previsão de chuva. Ela se sentiu estranhamente confortável ali, junto a ele. Eles não falavam nada, pois não era necessário, já que a estranha paz que os dois sentiam falavam por si.

Dahlia sabia que aquela paz não duraria muito. Logo ela teria que partir, pelo bem de Peter e o de Caden. Teria que pular de galho em galho pelo resto da vida, sem nunca ter um lar definitivo.

Ela olhou para ele de soslaio, enquanto ele picava as linguiças em pequenos pedaços. Ele adorava aquilo. Cozinhar era algo que ele fazia muitíssimo bem. Inventava pratos, misturava temperos e fazia da cozinha, sua sala de arte, mas quando Dahlia estava ali, ele se sentia nervoso. Ela fazia com que seus nervos aflorassem, naquele momento, tudo tinha que estar à perfeição, não que ela ligasse. Para jovem, se tinha pão e frutas na mesa eram o necessário.

− Estou com fome só de imaginar como isso vai sair – ela riu.

Ah, como ele sentira falta da risada dela. Desde o dia em que ela havia partido, se ela voltasse, ele lhe daria uma bronca. Ele ficou dias sem dormir, morrendo de preocupação em relação a ele e ao irmão. Ambos eram tão imprudentes, que ele tinha vontade de socar a parede.

Mas ele não podia. Aos olhar nos olhos dela, por tanta coisa que ela passou, não era de se imaginar que todos fugiam dela. Ela achava que ninguém a amaria verdadeiramente, e tudo o que ele queria era demonstrar isso a ela, porém, não era fácil. Nada em relação à Dahlia era fácil, mas mesmo assim, ele se dedicava a isso.

− É a sua receita favorita.

− Só disse aquilo por que sabia que tinha que ajudar e por que pão é mais fácil de fazer.

Ele riu. Ela era impossível.

− Quer ir a Cachoeira Que Chora? Íamos lá quando éramos menores, lembra-se?

− Interessante...

− O quê?

− Esse lugar ainda existe. Meus Criadores, eu não acredito que isso ainda existe.

− Eu sei que é perigoso, mas nós nos divertíamos tanto!

Dahlia entregou a massa para Caden, que encheu de linguiça. Ele colocou no forno e esfregou a mão uma na outra. Com um suspiro, ele se virou para Dahlia, sentindo o choque dos olhares. Ele não conseguia desviar, mas ela sim e fez aquilo na primeira oportunidade.

− Ir à cachoeira não vai ser tão ruim.

E sorriu.

Dahlia subiu rapidamente as escadas, sentindo-se eufórica. Vestiu uma calça camuflada velha e uma regata preta, também velha. Ela não tinha roupas descentes e aquelas até que chegavam perto. Tirou farinha das mãos e bagunçou o cabelo.

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