10 - Beijo

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"Gostaria que dentro de mim não nevasse..."

- O diário de Romena Capuleto

Julian e Romena trocaram algumas piadas, citações de livros, até que ambos decidiram voltar para a festa. Já não fazia muito tempo que haviam a deixado, mas as pessoas começariam a comentar coisas ruins a respeito da princesa e nenhum dos dois queria passar por tal vexame.

− Gostei de conversar com você, Princesa – ele sorriu.

− Ficará quando tempo aqui em casa?

− Depende de meu pai. Uma semana, ou talvez um mês.

− Gostaríamos que nos tornássemos amigos.

− Seria uma honra, Princesa.

Uma rajada de vento quente soprou pelas costas de Romena, como se fosse a fumaça de um dragão. Ela olhou para trás e nada mais, nada menos que seu futuro marido encarando Julian como um pedaço de carne prestes a ser despedaçado. O olhar de Julian também não era nada agradável e a Princesa teve uma leve sensação daquilo ser uma disputa.

− Este é Denver. Denver conheça meu novo amigo, Julian – ela apresentou ambos.

A Princesa sentiu uma mão envolvendo lentamente a sua barriga e quis chutar o rosto perfeito de Denver, por estar sendo exageradamente possessivo e inapropriado, já que sabia que os sentimentos de Romena não eram correspondidos.

− O que você e a minha esposa conversaram? – Perguntou Denver, usando seu natural charme assustador.

− Sobre livros - ele deu de ombros. − Não é mesmo, Princesa?

− Sim, claro.

Denver encarou os dois e bufou alto. Ele saiu de perto de Romena e se dirigiu ao salão de festas. Os dois se entreolharam e riram. Romena percebeu que não ficara reparando muito nos caninos de Julian.

− Acho que seu marido é um pouco ciumento...

− É apenas cena, Julian. Aliás, eu preciso falar algo com você... Quando você disse aquilo sobre eu fugir de tudo, saiba que está errado. Eu me sinto honrada em ser uma Princesa, mas o que me choca é o peso da coroa. Às vezes eu não me sinto preparada para enfrentar o peso enorme de um reino nas costas. Eu amo o meu povo e tenho medo de não saber governá-los.

− Depois desse pequeno discurso, aposto que será a melhor rainha que Altyra já teve.

− Nunca chegarei aos pés de minha bisavó, Eliana. Ela e meu avô praticamente entraram pra história.

Julian sorriu ainda mais e estendeu o braço para Romena, que aceitou de bom grado. Eles entraram no salão de festas e se depararam com Ophelia saindo com dois homens, um do lado do outro. Ela mostrou os caninos afiados para Romena, que recuou assustada. Ophelia riu e bagunçou os cabelos de Julian. Segundos depois, ela sumiu com um dos guardas.

− Sua esposa me surpreende a cada minuto – comentou a Princesa.

− Ela é estranha. Não gosto de pensar que vai ser a minha futura... Esposa.

− Alguma vez desejou casar?

Ele pisou, pensando na pergunta. O rosto de Julian era fácil de decifrar. Frágil, forte e incoerente. Ele mostrava inocência e ousadia apenas com um sorriso.

− Não. Desde criança meus pais me avisaram sobre casamentos arranjados, então eu meio que decidi não me apaixonar por ninguém.

− Eu pensava que não iria me casar. Meus pais sempre garantiram a mim, que eu não casaria com ninguém que não amasse, mas parece que eles mentiram e eu caí como uma idiota.

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