Futuro

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- Desculpe Anna, eu não sabia – Ele levantou envergonhado e andou até a porta.

Ficamos em silencio olhando um para o outro sem dizer uma palavra. Levantei da cama e andei em sua direção, mas com um estrondo a porta foi arrancada da parede. Guilherme tentou afastar, mas ela acabou acertando suas costas, jogando ele no chão, na queda sua cabeça bateu contra a cadeira que algumas horas atrás estava segurando a porta. Tentei correr até ele, mas um homem negro e alto me jogou encima da cama, deixando Guilherme mais longe de mim.

- O que você está fazendo? Ele está machucado.

Olhei para o homem e ele tinha um sorriso frio e diabólico no rosto. Seus olhos eram pretos, sua boca estava rachada devido ao calor e uma enorme cicatriz cobria todo o lado esquerdo do seu rosto.

- Chefe?

Um homem entrou no quarto, seguido por outros três. Imediatamente reconheci aquele rosto, era o mesmo homem do meu sonho, o mesmo que me acertou aquele lampião na cabeça de Kalestra. É incrível como ele não havia mudado quase nada, somente alguns cabelos brancos se destacam no meio dos outros fios pretos.

- Olá Anna – Estou petrificado. Guilherme está desmaiado no chão e meu maior desejo é poder ajudar ele, mas algo dentro de mim está morrendo de medo desse homem – Foi um pouco difícil de encontrar você.

Ele aproxima e senta ao meu lado na cama. Não consigo recuar ou sair correndo, o medo está me deixando paralisada, ele está se divertindo com tudo isso.

- Quem... É você?

Tento parecer forte, mas minha voz vacila.

- Eu sou o homem que criou Kalestra, de todas as formas e vim buscar você – Tento levantar, mas ele levanta a mão e recuo. Por que eu tenho tanto medo desse homem? Ele não pode me controlar.

- Não pode me obrigar a ir com você.

- Acredite, minha querida. Depois de ouvir o que eu tenho a dizer, você vai me implorar para te levar de volta.

- Eu já sei de toda a verdade. Nada que você me disser vai fazer diferença.

Ele ri e joga a cabeça para trás.

- Eu falei com a bruxa e ela contou o que te disse. E ela só contou metade da história e algumas partes nem são verdadeiras.

Levanto da cama e o homem negro ameaça vir em minha direção, mas algo faz ele desistir.

- Eu sei que você é pai da Kalestra e o responsável por tudo isso – Ele arregala os olhos e vejo o sorriso desfazendo do seu rosto aos poucos – Eu sei que você batia nela e a fez matar todos aqueles homens no acampamento. Sei que você é um monstro e tenho quase certeza que se está atrás de mim é porque precisa dos meus poderes para sobreviver.

O homem negro segura meu braço e me joga contra a parede. Sinto todo o meu corpo se chocar contra ela. O pai de Kalestra levanta da cama e me olha com desprezo.

- Embora seja seu poder que me mantem jovem, essa não é a única alternativa. Só é o meio mais fácil. Então você vem comigo agora, querendo ou não.

Ele me olha com desprezo e raiva, sinto o medo crescer dentro do meu peito. Coloco a mão no pescoço, ele não tem o dragão, eu tenho. Ninguém mais pode me controlar, eu sou a dona do meu destino.

- Eu não vou com você e não é do meu interesse saber o que você tem a contar. Vocês podem sair daqui e me esquecer, mas se tentarem lutar, já sabem o resultado.

- Menina insolente – O homem negro pula na minha frente e tanta me puxar me braço. Coloco a mão em seu peito e em questão de segundos o seu corpo já havia sumido, como acontecera com os homens na casa de Lizzie e Pedro.

O pai de Kalestra tenta me segurar por trás, mas minha mão direta escapa, toco a sua cabeça e ele grita. Os homens que o estavam acompanhando saem correndo pela porta desesperados.

- Saiba que isso que estou fazendo, é pela Kalestra e pela minha mãe.

- Você nunca vai saber a verdade.

Ele pode estar tentando parecer forte e me deixar com medo, mas seu olhar está implorando para o deixar vivo.

- Isso tudo é passado e não me importo, porque agora eu sou a dona do meu futuro.

Ele tentou dizer algo, mas eu não queria escutar, puxei todo o seu sopro de vida para fora e o que saiu foi uma gosma preta e nojenta. Ao contrário das outras pessoas a quem fiz isso, ela não saiu voando para ajudar outras pessoas. Ela caiu no chão e se espalhou, o corpo sem vida do homem caiu sobre ela que começou a se enrolar sobre ele. Senti repulsa diante da cena, mas tudo aconteceu tão rápido que quase nem percebi quando os dois sumiram.

Corri até Guilherme ainda em choque. Com muita dificuldade joguei a porta para o lado e toquei seu rosto. Ele respirava com dificuldade e uma poça de sangue havia se formado abaixo de sua cabeça, coloquei a minha mão sobre ela e esperei tudo acontecer. Senti meu poder entrando no seu corpo e curando ele.

Ele gemeu e quando abri os olhos, estava me encarando, seus olhos estavam arregalados e surpresos.

- O que aconteceu Anna?

Sua voz sai um pouco fraca, o ajudei a se sentar e a ficar encostado na parede.

- Acabou Guilherme. Finalmente sou livre.

AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora