Elizabeth Holmes
— O licantropo é um ser mitológico, uma lenda, por assim dizer. Um homem ou mulher que tem a particularidade de se transformar numa besta sedenta de sangue que anda nas quatro patas mas que pode erguer-se para andar de forma bípede. Existem ainda aqueles que são apenas quadrúpedes e aqueles que são apenas bípedes, tudo vai depender da lenda. — Ele explica com ajuda do quadro. Seu olhar muda ao falar deles, para algo mais sombrio.
Devo admitir que os lobisomens são os seres fictícios que menos me atraem, não consigo encontrar nenhuma coisa boa a dizer a respeito, sempre curti mais feitiçaria, como o Harry Potter, ou mitologia, como Percy Jackson.
— Professor, qual a parte que o senhor acha mais interessante sobre os lobisomens? — Pergunta uma aluna.
— Bem, o que mais me agrada nesse assunto é a organização da alcateia. — Responde simples.
Vejo os alunos olharem entre si confusos, não que eu não esteja, mas sou muito tímida para fazer isso, então continuo na minha. E eles também, até a Jumily ficou quieta.
— Como assim? Explique melhor, professor — Julianne pergunta, um tanto debochada.
Ela é uma das garotas mais lindas de toda a faculdade, e claro, uma das mais inteligentes. Acredite quando eu digo, que não é só com esse professor que ela é assim. Abusada e destemida. O contrário de mim.
— Simples, o conjunto de lobisomens se chama alcateia. É como um reino, tem seu rei, sua corte e os plebeus, só que para os lobisomens se chama alfa, beta e os lobos comuns. Não que eu entenda muito sobre isso, mas acho que é a melhor parte.
— O que isso tem haver com a psicologia? —a Emily... ou Júlia, pergunta.
— Mais do que vocês imaginam. Existem pessoas que tendem a achar que vivem entre esses seres, os casos mais comuns é sobre lobisomens, vampiros e bruxos. Mas nada que uma boa dose de realidade não resolva — Todos riem, mas eu me encontro séria. Essa esta sendo uma das aulas mais chatas que eu já tive. — Sem falar que existe uma síndrome psicológica que se chama Licantropia.
— E como você sabe de tudo isso professor? — Guilherme se mostra presente.
— Na faculdade em que eu estudei, podia escolher duas matérias. Eu escolhi psicologia e ocultismo. Também faço pesquisas sobre seres sobrenaturais.— Ele fala como se fosse uma coisa corriqueira no nosso cotidiano. — Os alfas são os líderes do bando, ninguém tem mais controle e dominação do que ele. Ele manda em todos e em tudo, é o grande chefão. Mas como qualquer um deles, tem seus pontos fracos. Ou o seu ponto fraco, que é apenas um. Sua companheira, ou sua Luna.
Tudo ao meu redor parou naquele instante. Luna. Escuto sua voz na minha cabeça novamente. Esse nome se repetindo. Mas não vou deixar isso me controlar. Forço minha mente a trabalhar novamente. Devo estar ficando louca.
Escuto o professor Shane falar, mas é como se falasse em outra língua. Não entendo, minha mente se recusa a absorver qualquer coisa.
Respiro fundo, para aguentar mais trinta minutos dessa aula. As outras aulas seguiram normais, com assuntos normais. O que faz minha mente continuar funcionando normalmente.
Uma nuvem negra começa a cobrir o antes, ensolarado céu. Por aí vem uma tempestade e tanto, tenho que voltar para casa antes da tempestade chegar. Não tenho guarda-chuva, nem casaco e muito menos carona.
As aulas terminaram mais cedo hoje, o professor passou mal e não encontraram substituto. Isso me deixa meio triste, adoro estudar e sei o quanto isso é raro em pessoas, mas desde pequena sempre fui uma fanática nos estudos.
Ajeito minha blusa, tentando abaixar a manga em vão, ela só vai até o cotovelo. Um vento frio avança sobre mim, me lembrando que tenho que sair antes da tempestade.
Agarro minha mochila em busca de coragem e avanço para a rua. Moro a uns dez quarteirões da faculdade, a rua esta escura e eu estou com medo. Péssima combinação. Penso em ligar para a Judith, mas logo caio na real. Só me sobra ir a pé mesmo.
Ok... coragem Liz. Você consegue. Eu consigo. Só que não.
O céu fica cada vez mais escuro, as nuvens carregadas cada vez mais perto. Como sou lerda, em vez de ir logo, fico perdida em meus pensamentos. Começo a correr em direção à avenida principal, para cortar caminho pela trilha. A avenida esta vazia, o que facilita a minha locomoção.
Ando cada vez mais rápido. Casas e mais casas ao meu redor, e por se tratar de uma cidade pequena não há muitos prédios com mais de cinco andares. O que deixa tudo ainda mais assustador.
As gotas da chuva começam a cair, acelero ainda mais meu passo, até que estou praticamente correndo. Avisto a entrada da trilha, que atravessa a cidade cortando caminho, ela começa no parque municipal. Vou até ela, já com o cabelo molhado e paro bem em frente à ela. Ela é dentro da floresta, além de ser muito escura.
Tenho que largar de ser medrosa, se a chapéuzinho vermelho conseguia atravessar a floresta até a casa da vovozinha sem medo, eu consigo chegar em casa sozinha.
Quando estou prestes a entrar nela, escuto o som de um carro passando na rua e buzinando. Eu viro me deparando com um enorme carro preto, o mesmo que fica estacionado na casa da frente.
Caminho mais um pouco em direção a ele, no meio da chuva e observo o vidro descer. A chuva cai em cima de mim, me cegando un pouco.
Luna.
É como se sussurrasse na minha cabeça e ela fosse uma caverna, fazendo com que o som se repetisse várias vezes. Cada vez mais distante e perdida, sua voz rouca me deixa perdida, nem que seja só na minha cabeça.
— Quer carona, vizinha? — Pergunta meu adorável vizinho, com um sorriso irritantemente irresistível no rosto.
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Mitchel Stark
WerewolfElizabeth nunca foi conhecida por sua sorte, nem mesmo quando a casa a sua frente ganha um novo morador. Seu novo vizinho é simplesmente um babaca controlador e uma tentação em pessoa. Mas ele esconde muitos segredos. Mal sabia ele, Elizabeth est...