MITCHEL STARK - Capitulo 18

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Elizabeth Holmes

— Você sabe quem é Luna?

Ele fica sério e eu prendo a respiração. De repente o carro freia e me assusto. Pisco algumas vezes desconcertada. Ele é maluco! Ele suspira, os olhos focados na rua.

— Sim. — Seus olhos se tornam obscuros. Antes que eu possa comentar algo ele completa — E essa foi sua quinta pergunta.

Merda. Eu não tinha pensado dessa forma. Ele não me deve explicações. Foi uma pergunta de sim ou não.

— E pelo visto você não vai me dizer quem ela é. — Um sorriso de lado se forma em seu rosto, que não chega aos seus olhos.

— Suas palavras, não minhas... — Diz calmamente, como se estivesse pedindo mais queijo em um hambúrguer.

Eu sei que deveria ter medo dele, ainda mais depois de ter a confirmação de que ele ja matou alguém e não se arrepende mas tem algo nele que me faz confiar. Não sei o que.

— Nem se eu pedir por favor? — Ele faz uma cara pensativa, antes de responder.

— Hum... Pensando melhor... Não. — Ri, debochando da minha cara. Liga o carro e volta a focar no caminho.

Suspiro e volto a recostar minha cabeça novamente no banco. Ele vira com o carro à esquerda, vejo biblioteca da cidade logo à frente e já consigo me situar. Não estamos muito longe.

O carro vira mais algumas vezes e finalmente paramos em frente à minha bela e doce casinha, que divido com a Judith. O sol já está quase se pondo, fiquei com ele praticamente uma tarde inteira. Quem diria que dar uma volta nessa cidade minúscula pudesse demorar tanto?

Tiro o meu cinto e quando vou agradecer pela carona, ele começa a falar.

— O que eu ganho se eu te disser exatamente o que quer ouvir? — Essa pergunta me pegou totalmente desprevenida. Ele está falando a verdade, vejo pelo seu olhar de rubi.

— O que você quer de mim, Mitchel? — Tento soar normalmente, falhando miseravelmente.

— Eu quero muitas coisas de você, Elizabeth. — Diz com a voz rouca. Me faltou o ar agora. Não. Ele não terá mais esse efeito em mim. — Mas nada que eu não possa conseguir depois. — Presunçoso.

— Não brinque comigo. Chega de rodeios, diga o que quer. — Tento mostrar que tenho o controle da situação.

— Em primeiro, quero que você nunca mais vá por aquele atalho. Estamos entendidos? — Concordo com a cabeça. Eu posso andar mais um pouco, dando a volta por alguns quarteirões. — Ótimo. Agora, quero que você nunca mais chegue perto do Shane e nem do Nicholas.

Como diabos ele quer que eu faça isso? Shane é meu professor, o vejo quase todos os dias.

— Então saia da faculdade. — Acho que meu pensamento saiu alto porque ele responde em seguida.

Coro. Será que já pensei alto em outra situação como ele por perto?

"Saia da faculdade", como se fosse a coisa mais simples.

— Mas por que? — Pareço uma criança birrenta. Não ligo. Estou no meu direito.

— Porque ele é um maluco. — Bem colocado. Me convenceu.

— Tudo bem.... Mas o Nick também é uma ameaça? — Pergunto confusa. Ele sempre se mostrou um amor para mim, claro, menos quando mentiu.

Ou... talvez ele não se lembre. Droga. Também existe a possiblidade do cérebro dele ter apagado essa parte traumática, o que é bem comum depois que se vive uma tragédia como aquela. Como eu não pensei nisso antes? Eu aqui o culpando por algo que ele possa ser inocente.

— Eu não gosto do Nick, mesmo. — Diz arrogante.

— Você não pode me obrigar a parar de falar com ele, simplesmente porque você não gosta dele! — Não mesmo. Ele é meu amigo, o culpei sem ter provas.

— Posso e vou. Isso se você quiser saber quem é... — Não repondo. Ele só pode tá me tirando. — Bem... se é assim, adeus Eli.

— Não. — Droga, minha vontade de saber quem é aquela mulher é mais forte. — Eu aceito seus termos.

— Ótimo.

O Nick pode esperar.

— Agora, quem é Luna?

— Ela era minha esposa. — Preciso de um minuto para raciocinar.

Um silêncio constrangedor invadiu.

— O quê ? — Finalmente falo, quando a ficha cai.

Esposa? Eles eram casados? E o que isso tem haver com o nome dela na minha cabeça?

— Eu escuto o nome dela na minha cabeça. Como isso é possível?

— Luna era o nome dela.  Luna Kelly. — Ele respira fundo como se decidisse se me contava ou não. Acho que me contar venceu. —  Ela também era uma bruxa, e muito provavelmente deve ter feito algo antes de ser assassinada que possa ter afetado você.

BRUXA? ASSASSINADA?

Ele bateu a cabeça quando era criança ou o que? Rio. Não consigo controlar e rio muito. Quando nossos olhares se cruzam vejo seu semblante sério.

— Você está brincando, né? — Ele nega com a cabeça. Oh meu Deus. Estou no carro com um completo maluco. Que ele era doido eu sempre soube, mas um maluco de verdade? Ai não, ele é um maluco e um assassino. — Humm... ok. Obrigado pela carona e por escla... esclarecer algumas coi...sas. — Estou gaguejando, mas não me importo. Só quero ficar bem longe daquele maníaco.

Quando vou sair ele segura meu pulso. Meus olhos vão até os seus, que estão bem perto de mim. Respiro fundo, tentando controlar meu medo.

Estudo psicologia, não psiquiatria. O que devo fazer? Ainda não chegamos na parte de como tratar de um paciente com esquizofrenia. Estou morta. Estou morta. Ele vai me matar. Não consigo controlar o medo que atravessa meus olhos.

— Não se esqueça dos meus termos. Eu falei quem era Luna Kelly, não é problema meu se você acredita ou não. — Diz com os olhos assustadores de volta.

— Você está me ameaçando? — Minha voz sai um pouco assustada.

— Odeio pessoas que não cumprem acordos. —Um calafrio percorreu minha espinha. Concordo com a cabeça. Eu que não vou contrariar a palavra desse doido.

— Tenha uma boa noite, Eli. — Seu olhar suaviza e me lança um sorriso discreto, mas que mostra os dentes. Bipolar.

— Boa noite — ... MPDB, completo mentalmente.

Maldito Psicopata Doido Bipolar.

Saio do carro rapidamente e entro dentro de casa. Fecho a porta atras de mim. Nossa que dia. Somente saio de perto da porta quando escuto o barulho do carro indo para a garagem do Stark.

— Judith? — Chamo.

Não obtenho resposta.

— Judith! — Grito mais alto.

Subo as escadas correndo e vou até seu quarto. Abro as portas e vejo ele impecavelmente organizado. Mas sem ela. Quando vou me virar mãos me agarram por trás e sinto uma picada no meu pescoço,

Perco a consciência logo em seguida.

Mitchel StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora