0.8 I F*** You

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"Charlotte's POV"

Aquela necessidade insana de expelir os fluidos para fora de mim, foi totalmente esquecida. Parece que o meu cérebro deixou de receber o sinal para a realização desse processo metabólico e sim, passou a responder sinais que receberá do Harry.

Saí da casa de banho, abraçando-me a mim mesma, esfregando as mãos pelos meus braços de modo que consiga obter uma certa segurança. Eu vou colocá-lo dentro de casa, com o Niall lá, e nem sei se será por quanto tempo.

Consigo alcançar as meninas e sorrio dum jeito desajeitado, pondo uma mecha de cabelo atras da orelha, enquanto pego na minha pasta e a coloco no ombro.

Char: vou pra casa, avisem ao Niall... - peço-as, pondo as mãos nos bolsos do meu casaco, de modo que consiga aquece-las.

Marnie: sim, nós avisamos, vai bem!- diz-me ela, com um sorriso fraco.

Aceno para elas, saindo do bar num passo meio lento, de modo que os meus pensamentos consigam organizar-se antes de encontrar Harry na parte de fora do recinto.

Assim que coloco os pés na fria cidade de Manchester, solto um suspiro e consigo ver o "fumo" produzido devido ao "ar" expelido pelos lábios. Olho para os lados, de modo a encontrar o homem de uma estatura bastante intimidadora.

Quase guincho devido ao susto, ao sentir algo nas minhas costas, viro-me bruscamente, colocando a mão no peito.

Char: não me voltes a fazer isso!- repreendo-o, fechando os olhos por breves momentos.

Harry: vamos!- diz-me, sem qualquer expressão.

Ele passa a frente de mim, e eu simplesmente o sigo. Consigo alcançar os seus passos, que não são nem muito rápidos nem muito lentos, mas devido ao comprimento das suas pernas, são bem maiores que os meus. Intriga-me bastante, o facto de estar ajudá-lo e ele não me ter contado nem a metade do seu plano. Talvez me conte quando chegarmos.

Quando os meus pensamentos abrandam por breves instantes, noto a presença do edifício onde moro já ao virar da esquina. Aumento os meus passos, porque já não suporto esse frio, eu preciso realmente de aquecer-me de algum modo.

Entro no prédio, sorrindo fraco para o porteiro e como já seria de esperar, o Harry não sabe cumprimentar ou ser gentil. Ele parece um homem das cavernas, não que isso me importe, apenas quero ajudá-lo a provar a sua inocência porque acho injusto alguém pagar com a vida por algo que não fez. A princípio é isso que parece.

Retiro as chaves de casa da minha pequena pasta, assim que já nos encontrávamos fora do elevador. Os meus passos são rápidos e dirigidos até à porta do meu apartamento. Como sempre, do meu jeito desajeitado, abro a porta e acendo as luzes da sala assim que entro.

Deixo Harry entrar logo depois de mim e fecho a porta por trás dele. Retiro o meu casaco e pouso no pendurador ao pé da porta. De seguida, descalço as minhas botas e as coloco no pequeno armário situado ao pé do lugar que o do pendurador.

Rapidamente, deslizando sobre o chão madeirado, aproximo-me do Harry que caminha em direcção ao meu quarto. A sua falta de educação, dessa vez assusta-me bastante. Ele está numa casa alheia, ao menos devia pedir permissão para locomover-se.

Char: pretendes ficar aqui quanto tempo?- questiono-o, fechando a porta do meu quarto, após entrar depois dele.

Faço um coque no meu cabelo, assim que ele retira a sua camisa e eu praticamente esqueço-me totalmente do que me estava a inquietar a pouco. As tatuagens espalhadas pelo seu corpo deixam-me de certa forma bastante arrepiada, mas nem todas, algumas delas, parecem interessantes, como por exemplo: as andorinhas no seu peito e o barco a vela no seu braço.
O seu corpo era quase todo rabiscado, e isso não tirava nem um pouco a sua sensualidade.

Sinto as minhas orelhas ardentes, e as bochechas também, pensamentos pecaminosos contracenam-se com tantos perdidos dentro da minha cabeça.

Harry: foca-te alguma vez na tua vida! - rosna com bastante agressividade, fazendo-me olhar directamente no seu rosto.

Seus olhos tornam-se mais esverdeados e a sua mandíbula encontram-se mais apertada ainda do que o habitual. Acho que ele esteve a falar comigo durante esse tempo todo enquanto eu me perdia comigo mesma.

Harry: fico aqui  só por essa noite... - responde-me, dum jeito mais manso, ficando com uma expressão mais relaxada.

Eu assinto e sento-me na cama, no lado oposto do dele, pegando no meu livro posto sobre a mesa de cabeceira. Ele ainda não havia me pedido alguma ajuda, apenas limita-se em focar-se na tela do portátil que acabará de retirar da sua mochila.

Abro a caixa dos meus óculos que estavam algures perdida dentre os meus lençóis e os coloco no rosto, abrindo na página onde tivera fechado há dois dias atrás.

...

Acabo de ler média de 5 paginas e fecho o livro, imaginando como as coisas teriam acontecido se esse livro fosse algo real. Não consigo imaginar uma paixão tão ardente como a do casal do livro, é algo excitante e que deixa muito a desejar. Mas coisas dessas não acontecem com regularidade nos tempos de hoje.

Quando me dou conta, os meus olhos encontram-se perdidos no rosto do Harry. A sua expressão séria, como o cenho franzido e com o polegar na boca, provavelmente roendo a sua própria unha devido a qualquer situação que o perturbe. Na verdade, tudo na vida dele o deve perturbar.

Ele coloca o portátil ao seu lado e passa as mãos pelo rosto, deslizando-as até ao cabelo, fazendo os seus fios de cabelo irem para trás. Noto uma enorme tensão no seu gesto e a minha atenção é desviada, assim que oiço à porta a bater.

Niall: primeiro preciso saber se a Char tá acordada! - ouço-o a dizer e fico mais atenta para ouvir a voz da mulher- Calma Marnie, vou só a despedir!

Ouço passos vindos do corredor e não sei se tento raciocinar o facto de que o Niall vai dormir com a melhor amiga da suposta sua namorada ou o facto de estar a ver a maçaneta já a virar-se, fazendo-me lembrar de que não tranquei a porta.

Harry encontra-se com o cenho franzido, olhando para a porta, mostrando uma expressão de desentendimento. Num movimento brusco e como é vindo de mim, desajeito, sento-me no colo do Harry, de frente para ele, rodeando os braços à volta do seu pescoço, beijando-o do jeito mais selvagem que posso.

Ouço à porta abrir-se e quase guincho ao sentir as mãos no Harry contra o meu rabo, apertando cada nádega, fazendo movimentar-me involuntariamente contra o seu colo.
Não sei como, mas lentamente me deixo relaxar diante deste acontecimento, os meus lábios movimentam-se vagarosamente contra os dele e num impulso, passo a língua nos belos lábios carnudos e rosados que o pertencem e quase solto um gemido de dor assim que ele volta a apertar o meu quadril, retirando-me do seu colo assim que a porta fecha-se.

As nossas respirações encontram-se irregulares e provavelmente os nossos corações. Sinto as minhas bochechares arderem intensamente e o Harry volta aproximar-se de mim, enquanto me sento ao pé dele, após quase ser jogada do seu colo com uma agressividade insana.

Seu olhar volta a perfurar-me, enquanto o seu nariz roça o meu, e o seu olhar dirige-se aos meus lábios.

Harry: próxima vez que beijares-me, fodo-te até pedires perdão! - rosna, olhando directamente nos meus olhos, fazendo-me engolir em meio seco, desfazendo o nó na minha garganta.

Era insano como um homem, que havia me pedido para estar com ele no hospital, e após me ter beijado duas vezes, me trata assim... Isso de certa forma doeu e fez-me ver que realmente seria usada por ele no leito da sua morte.

Maybe Love (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora