"Charlotte's POV"
O meu corpo pedia por "outros ares", algo diferente do meu quarto fechado, cujo as janelas nem me atrevi abrir. Rapidamente lembro-me do pequeno jardim mal tratado por trás da casa e arrasto o meu corpo preguiçoso até lá, evitando olhar para o Harry e Zayn, que conversavam sobre o de sempre.
Sento-me na pequena escadaria na porta e solto um suspiro, olhando para o céu, puxando os meus joelhos ao peito. Por breves momentos, trago as minhas memórias a letra da música que o Harry cantou para mim enquanto dançávamos.
Observo a grama, ainda perdida algures dentro de mim, tentando organizar a confusão que chamo de vida.
Char: baby i'm dancing in the dark, with you between my arms ... I dont deserve this, you look perfect tonight...
As suas frases não me saem na cabeça, como se estivessem sido ditas mesmo para mim e que não estivessem a ser cantadas. Passo as mãos pelo rosto, deslizando-as até ao meu cabelo com uma certa brutalidade, pra ver se ganho logo juízo.
***: ele tá a tirar-te do sério?
Rapidamente viro-me para o meu lado direito e noto a presença do rapaz com quem flertei. Isso soa-me meio que uma vitória, raramente o consigo fazer.
Char: ele quem?- questiono desviando o meu olhar do dele, para começar a mentir. Não me apetece falar sobre o Harry com um dos amigos dele.
Zayn: prometo que não conto ao Harry, ele é um filho da puta quando quer... - diz ele com um tom de gozo, fazendo algumas lágrimas me virem ao olhos enquanto sorrio- Podes começar como conheceram-se, porque ele nunca mo diz...
Eu olho para ele, ainda a sorrir com lágrimas nos olhos e agora até acho engraçado o nosso primeiro contacto. Ainda com um sorriso e algumas lágrimas a escorrerem, sem saber bem o motivo pelo qual ainda estão a fazê-lo, conto-lhe sobre tudo que passou-se. Até o que aconteceu ontem à noite, o Harry deixou-me literalmente fodida, fez-me duvidar até da minha sanidade mental, passei horas me perguntando se o que aconteceu ontem foi real ou foi fruto da minha imaginação fértil.
Zayn ria-se a perder, principalmente quando contei-lhe que o amigo pediu para eu dar-lhe a última foda da vida dele. Até me ria se isso agora não fosse um dese... Esquece! - digo mentalmente a mim mesma.
Zayn: então... - faz uma pausa por pequenos instantes, como se estivesse a organizar tudo dentro da sua cabeça- Ele foi pro teu quarto ao meio da noite, beijaram-se e dormiram?- questiona-me parecendo mais confuso.
Eu assinto, olhando para o "vinco" formado dentre as suas sobrancelhas e a sua boca entreaberta à espera que as palavras saíssem. Ele solta um suspiro, voltando a ficar com a sua expressão de gozo.
Zayn: então, achas que ele usou-te na festa para fazer ciúmes a namorada do diplomata? - questiona-me com um cenho erguido- Mas tu não disseste que não gostas dele e "estás a foder-te" para ele?
Eu usei exatamente essas palavras, não sei porque o fiz, não sei qual a necessidade que tive de esclarecer que não gosto daquele estúpido, mas acho que nem me convenço, porque ainda estou aqui, com eles, à espera que me peçam mais um favor, à espera que consiga ajudar Harry a provar a sua inocência.
Char: é complicado, ok? Eu sou mulher, as mulheres não gostam de ser usadas!- digo bufando no final, ficando meio aborrecida comigo mesma. Mas logo decido inverter os papéis, o que faz um homem gentil com o Harry? - E tu? És amigo dessa coisa porquê?
Zayn: ficamos amigos no quinto ano, as nossas mães eram colegas na escola de culinária e por incrível que pareça nós também. As nossas mães encontravam-se bastante para fazerem algumas comidas e trocarem receitas e ... - faz uma pausa, como se estivesse a pensar nas palavras, dando de ombros - Tínhamos que passar o tempo de algum jeito, então falávamos, brincávamos! Pelo menos ele nunca pediu-me para foder...
Noto o tom malicioso e de zombaria na sua última frase e acabo por bater-lhe no braço para que se concentre.
Harry: as meninas já acabaram de conversar? É que uma delas tem que fazer algumas ligações e a outra deve-me algumas respostas!
Reviro os olhos soltando um suspiro no final, enquanto tento manter-me calma. Zayn bate-me gentilmente no ombro e levanta-se deixando o lugar para o Harry.
Afasto-me mesmo bem dele, deixando-me estar bem no canto da escadaria. Ouço-o a suspirar após o término da minha acção, e continuo a olhar para a grama mal cortada. Eu não sei porquê, mas não consigo parar de sentir-me ferida.
Harry: conheceste o esposo da Anna? A directora do hospital?
Simplesmente assinto, evitando olhar para ele. Não me apetece mesmo ver os olhos dele fazendo contacto com os meus, não quero voltar a sentir-me mais arrepiada do que já estou e muito menos que o meu estômago se embrulhe.
Harry: sabes se ele já abusou de alguém dentro do hospital?
O meu instinto traiu-me, e eu acabei olhando para ele, vagueando meio perdida no seu olhar e também nos meus pensamentos. Trago logo à tona algumas fofocas antes de Anna assumir o lugar que era do seu marido, que o chamavam de pedófilo.
Harry: se me vais responder, não tires os olhos de mim!- praticamente ordena-me, mostrando o seu jeito autoritário.
Char: o chamavam de pedófilo, porque supostamente dormiu com algumas meninas que iam ao hospital... - respondo-o, evitando olhar para os olhos dele durante tanto tempo.
Ele assente, e volta a olhar para a grama. E nesse momento decido admira-lo, o seu cabelo castanho está puxado para trás graças a uma bandana, a sua expressão mostra alguma confusão dentro de si, a sua mandíbula como sempre apertada e os seus olhos ... São os mais perfeitos que alguma vez vi. Eu sei que ele sabe que estou a observá-lo, mas sinceramente já não me importo, acho que o pior que podia acontecer entre nós, já aconteceu.
Harry: não gosto da tua amiga Marnie, acho que a devias afastar... - pronuncia, como diz-se, "do nada".
Dessa vez eu fico confusa, e o meu rosto não esconde isso.
Harry: ela dormiu com o teu ex, e sabe-se lá o que anda a fazer... - profere antes de levantar-se e deixa-me a sós com os meus pensamentos.
O Harry consegue ser muito "creepy" quando quer, mas há coisas que por vezes até me intrigam mesmo a sério, como isso... Não é normal ele dizer-me isso do nada, visto que isso já aconteceu há algumas horas. Será que ele sabe algo sobre a Marnie? Isso é praticamente impossível!
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Maybe Love (H.S)
Teen FictionCharlotte, uma mera enfermeira que lhe foi dada a função de tomar conta dum dos maiores psicopatas da história do Reino Unido, supostamente. Acabando mais envolvida num dos crimes mais caricatos alguma vez visto, graças ao seu autor... Harry Styles.