"Charlotte's POV"
Caminho de volta a recepção, tropeçando nos meus próprios pés. Embato contra alguém e grunho de dor.
Marnie: Char, que foi? Fica calma! - diz ela, pegando-me pelos ombros.
Char: eu estou calma, só preciso dum copo de água ou... Já deram o pequeno almoço aos pacientes do bloco A? - questiono-a com uma certa atrapalhação.
Marnie: estão a dar agora mesmo...
Antes que ela acabasse de responder, corro para o bloco, entrando no quarto de Harry de rompante. Deparo-me com a enfermeira responsável pela comida, e sorrio para ela.
Ela retira-se e eu acabo por trancar a porta logo de seguida. Harry franze o cenho, olhando para mim com um cara nada agradável.
Char: não comas Harry!- ordeno-o, retirando o tabuleiro do colo dele.
Pouso-o numa mesinha no canto do quarto, e volto a checar o balão de soro. Mas o vou trocar na mesma, não posso deixar que o matem, é um ser humano e acho que isso é muito injusto.
Harry: tenho fome enfermeira!- exclama, dum jeito meio agressivo.
Char: Harry, a partir de hoje tu não comas nada que alguém a não ser eu te dê, não deixes que te injectem nada sem a minha presença!- peço-o, olhando bem pros olhos dele.
Harry: que eu morra já, não? Sem comida... - diz ele, bufando no final.
Char: eles não te vão mandar pra cadeira eléctrica nenhuma... Eles querem matar-te aqui, aos poucos! - ao dizer isto, um nó forma-se na minha garganta.
Harry: eu vou morrer mais cedo ou mais tarde, evitar isso para quê?
Char: o quê que tu fizeste afinal de tão grave?- questiono-o, ele vira o rosto.
Não obtenho nenhuma resposta, e retiro um pacote de bolachas do bolso do meu casaco. Pouso-o na mesinha de cabeceira e suspiro.
Char: não é grande coisa, mas acho que dá pra aguentar até ao almoço... - digo-o, mesmo sabendo que ele pouco de importa.
Saio do quarto, e procuro ajudar os meus colegas em outros trabalhos.
...
Char: ele não quis dar o passeio, ele nem sequer almoçou... - comento com a Marnie, enquanto vestíamos as nossas roupas no balneário.
Marnie: mas porquê? Ele amanhã tem terapia com a Dra. Olsen...
Dra. Olsen é uma velha, ela é má pra todos, e as suas técnicas de cura são bastante duvidosas.
Char: eu vou me despedir o Harry... -digo retirando um saco do meu cacifo.
Saio do balneário e caminho até ao quarto do Harry. Entro e encontro-o a dormir que nem um anjinho, mas quando acorda... Demónio em pessoa. Retiro outro saco dentro do meu e acabo por escondê-lo ao pé da cama dele.
Char: Harry ... -chamo-o e ele desperta muito rapidamente - Há comida para o final de semana ao pé da tua cama!- digo-o, me afastando logo de seguida.
Mas antes que pudesse ir, ele puxa-me pelo pulso com alguma força e o seu olhar intenso cai sobre mim, fazendo-me olhar para as minhas botas.
Harry: espero que não sejas um deles...
Eu entendi muito bem o que ele disse, e com isso chego a uma conclusão. Aqui há gato, e talvez o Harry esteja a ser injustiçado.
Eu assinto e ele larga-me. Saio do quarto a correr, em direcção à recepção.
Char: quero beber Niall, vamos para o bar? - questiono-o, enquanto ele coloca o casaco.
Niall: tas mesmo a pedir isso? Esse paciente ta a dar-te cabo dos nervos... - comenta ele, arrumando uns papéis - Podemos ir!
Eu assinto e saio com ele do hospital. Fomos até a um bar ao pé de casa, e nos sentamos lá. Niall como sempre tinha amigos a conversar com ele, enquanto eu mantinha-me na nossa mesa, mexendo no telefone.
"Tinhas que vir..." - envio a Marnie.
"Estou com a Lisha, o Niall deu-lhe com o pés e veio chorar aqui :(" - responde-me.
Reviro os olhos e bloqueio o telefone, dando um gole na minha cerveja. Olho para as latas vazias ao pé do meu copo, e noto que já estou fora de mim, já bebi umas 3.
Niall aproxima-se de mim e eu olho para ele, soltando um suspiro, passando as mãos pelo meu cabelo.
Niall: tas bem? - questiona-me ele, e eu assinto, sorrindo fraco.
Ele volta para o seu grupinho de amigos, dando logo beijo numa rapariga. Não que isso me afecte, mas eu e o Niall já tivemos algo, mas morreu há muito tempo. Nesse momento, há algo que me preocupa e não devia, não tem nada a ver comigo.
Solto um suspiro, e acabo por me levantar do meu lugar. Coloco a pasta no ombro e saio do bar, fico à beira da rua e por mais incrível que pareça, surge um táxi. Entro nele e digo-lhe o endereço do hospital meio impaciente.
Eu não sei o porquê, mas há algo em mim que faz-me querer proteger o Harry. Sinto que me estou a meter onde não devia.
Char: obrigada!- digo ao taxista, entregando-lhe o dinheiro.
Saio do taxi e entro no hospital, por mais incrível que pareça, hoje até está calmo. Cumprimento algumas enfermeiras e caminho para o corredor do bloco A. Assim que vejo o quarto, estranho não ter nenhum segurança aqui, mas acabo por entrar. Fecho a porta lentamente e vejo Harry a dormir, solto um suspiro de alívio e aproximo-me dele.
Olho para o lugar onde escondi o saco e vejo-o quase vazio, o que me agrada. Acho que ele não comeu o que lhe deram, mas isso não pode durar muito tempo. Retiro a pasta do ombro e deito-me no pequeno sofá, olhando para ele.
...
Desperto lentamente, ainda sentindo os olhos pesados, e assim que os abro, dou de cara com Harry. Sento-me muito rapidamente e olho ao meu redor.
Char: o que faço aqui?! - questiono, meio assustada.
Lentamente lembro-me do ocorrido e me recomponho.
Harry: calma! Acho que vieste pra cá no meio da noite... - responde-me, no seu tom frio, como sempre.
Volto a deitar-me mais aliviada e olho para o teto por breves momentos. Sinto a respiração dele contra o meu rosto e acabo por virar, dando de cara com o que "acordou-me".
Harry: ao menos um bom dia... - diz ele, sem tirar os olhos de mim.
Eu franzo o cenho, e não consigo desviar o olhar do dele, coisa que odeio! Não me sinto nada confortável olhar directamente nos olhos de alguém.
Char: bom dia Harry!- digo-o, engolindo em meio seco.
Harry: encosta, quero dizer-te algo na orelha, e ninguém pode ouvir... - diz ele, fazendo sinal com o seu indicador, humedecendo o seu lábio inferior.
Eu me aproximo, ainda meio confusa, e ele pega-me pelo queixo, juntando os seus lábios aos meus.
...
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Maybe Love (H.S)
Novela JuvenilCharlotte, uma mera enfermeira que lhe foi dada a função de tomar conta dum dos maiores psicopatas da história do Reino Unido, supostamente. Acabando mais envolvida num dos crimes mais caricatos alguma vez visto, graças ao seu autor... Harry Styles.