Primeira Batalha

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A clareira em que se encontravam estava localizada a aproximadamente um km do castelo e dois da próxima vila. Os três Cavaleiros ouviam chiados e gritos que pareciam vir de todos os lados e se distanciavam para o oeste. Persiana mandou Olho de Tigre parar, e logo John e Dina também pararam, observando Persiana descer e observar o chão.
   —São muitos... —Ela comentou preocupada, parecia nervosa. —Temos que avisar o castelo.
Os dragões pareciam nervosos, davam passos inquietos de um lado para o outro e o contato telepático com seus Cavaleiros estava confuso, e John disse à Persiana que subisse novamente, impelindo Keysin em direção aos chiados.
   —John! John, volte aqui, é perigoso! —Persiana exclamou exasperada e saltou para as costas de Olho de Tigre.
   —Comandante... Veja isso...
A clareira do lago estava infestada de Kankyrs, cada pedacinho de chão estava ocupado pelas bestas das trevas, que chiavam como um milhão de ratos juntos e pareciam ir para o centro onde acontecia uma "reunião" das criaturas. Persiana empalideceu, agarrando as alças da sela de seu dragão e cerrou os dentes.
Dina a encarou surpresa quando esta disse rangendo os dentes:
   —Envie uma mensagem ao castelo. Vamos caçá-los, Cavaleiros.
 Luana estava ouvindo o relatório de impostos quando uma mensagem por magia de comunicação apareceu à sua frente, e Persiana fez uma reverência com a mão direita em punho no peito
   —Alteza!
   —Persiana, fico feliz que estejam bem. Qual é o relatório?
   —Alteza, a floresta está infestada deles, temos que eliminá-los o mais rápido possível, pois temo que seja uma armadilha. Enquanto o nosso inimigo ataca os feudos do sul, as forças reais se concentram em cuidar do problema em Tiira e cidades próximas ao sul, então criaturas como Kankyrs e Citras têm mais facilidade em se infiltrar aqui.
Luana esfregou os lábios nervosa ao ouvir a notícia de tantos Kankyrs num lugar só. Aquilo era muito suspeito, e ela dispensou o conselheiro que lhe mostrava o relatório de impostos, se voltando para Fahd, seu principal conselheiro e lorde da corte.
     —Fahd, o que me diz...? —mas antes que ele falasse, Persiana se pronunciou novamente:
— Alteza! Peço um favor: mande os aprendizes e seus dragões para cá junto com a força de batalha.
—Está louca Cavaleira?! —exclamou Luana se apoiando nos braços do trono e encarou Persiana.
—Alteza, essa será uma importante experiência de batalha para eles, pois temo que a disciplina na Base está caindo. Entendo sua preocupação e não insisto nesta questão, mas você mesma pode testá-los e avaliar seus conhecimentos. Os Cavaleiros parecem despreocupados quanto ao ensinamento dos jovens trazidos do mundo humano.
Naquele momento Luana percebeu o quanto o pensamento daquela jovem Cavaleira era importante, analisando agora sua visão para essas questões. Persiana era incrivelmente avançada para uma garota tão jovem, tanto em combate, magia recitada e habilidade de vôo quanto em questões políticas.
Esses dons naturais certamente vinham de sua mãe, a Cavaleira que morrera a alguns anos numa batalha contra os rebeldes magos das trevas.
Luana saiu da sala algum tempo depois de terminar a mensagem de Persiana, e ordenou aos guardas que preparassem os jovens para a batalha. Seu coração estava acelerado devido ao nervosismo de mandar aprendizes contra as tropas de Saguhr, mas estava confiando em Edward e os Cavaleiros. Eles certamente os protegeriam do pior, e sem contar com os dragões, que, apesar de ainda jovens, tinham a força e resistência suficiente para proteger seus Cavaleiros dos Kankyrs.
E ainda tem Zimäh... Pensou Luana, imaginando o dragão renegado destroçar os Kankyrs com seu antigo ódio por terem matado Ivan... A princesa andou séria pelos corredores, acompanhada de seus constantes guardas e empregados, indo em direção ao pátio do castelo, onde os aprendizes e seus dragões estavam se preparando para partir com uma pequena tropa de batalha.
   —Jack... —Luana chamou pouco antes de partirem e se aproximou de seu dragão vermelho. —Cuide do seu grupo. Assim que chegarem ao local, diga à Edward para me passar a batalha por magia para que eu possa vê-los. Boa sorte.
Jack colocou a mão em punho no peito e fez uma reverência, tanto quanto a sela deixava, e a Princesa ficou a observá-los desaparecer no céu, em formação de V como haviam sido treinados.

Anastácio se agarrava na sela de Zimäh com o coração acelerado. Estava diante de sua primeira batalha de verdade, sentia o medo, tanto seu quanto de seus amigos, pulsando em suas mentes e ligando-os involuntariamente. Enquanto sobrevoavam a floresta na direção dos outros, o tempo parecia parar, e Anastácio observou seus amigos ali: antes tão distantes, espalhados pelo mundo e ligados pelo mesmo destino, agora ali, tão perto, o medo de perdê-los era grande demais para que pudesse pensar só na própria segurança.
Os olhos de Anastácio se encheram de lágrimas. Patrick, Jack, Kenny e Jenny tinham se tornado importantes para ela sem que percebesse, ocupada demais com a confusão à sua volta desde que chegara na Terra da Geada. Ela olhou para trás, para o castelo brilhando no sol, e para os dragões que voavam com os aprendizes em direção à sua primeira batalha.
Me prometam uma coisa... A garota ruiva entrou em contato com suas mentes, e os quatro a olharam surpresos. ..  Vamos entrar nessa juntos, e sair juntos, certo? Não quero perder nenhum de vocês...
Kenny sorriu e uma cachoeira de lágrimas desceu de seus olhos, ela as enxugou freneticamente dizendo com a voz chorosa:
   —Aah, sua idiota! Você me faz me arrepender dessa vida! Aahaah!
Anastácio não conseguiu deixar de sorrir, enquanto Kenny chorava emocionada e a irmã gêmea tentava acalmá-la. Jack sorriu, assim como Patrick, logo atrás.
   —Vamos sair dessa juntos.

Assim que pousaram na clareira, se arrependeram amargamente. Os chiados e gritos vindos de perto arrepiava dos pés até a nuca, e os jovens seguraram com força suas armas, a fim de sentir mais confiança ao tocá-las.
Usavam armaduras leves, que facilitavam o movimento fora e na sela, sem ter peso demais.
Edward cumprimentou-os, Persiana havia se juntado a ele novamente e lhe dito sua decisão com Luana, e agora estavam todos reunidos, prontos para batalha.
   —Prestem atenção. —disse o líder.
   —Os Kankyrs são perigosos, por serem fortes e pela habilidade de se transformar em pessoas cujo rosto já viram. Eu trouxe essas máscaras para tamparem seus rostos. Mas não pensem que será fácil; essa é uma batalha perigosa e terão de lutar por suas vidas.

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