Capítulo 51

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O vôo a partir dali ficou mais calmo, pois voavam por cima de algumas cidades, onde a presença de inimigos era menos possível.

A cabana em que estavam a algum tempo atrás pertencia a um mago do clã das fadas, que ajudou a curar Anastácio, que havia recebido o maior dano da explosão de poder. A partir dali, Anastácio voava com Kady em cima de Bízza, e a Cavaleira lhe explicou, ao longo do caminho:

 —Edward já teve muitos problemas com magos durante a vida, que o fez chegar ao ponto de odiá-los... Bem, nós todos já sabemos que você não é uma "simples" maga, você tem algo mais no corpo que ainda não sabemos o que é... Na verdade... — Kady abaixou a cabeça fazendo uma pausa, e tornou a levantá-la. —No primeiro dia em que você esteve na Terra da Geada, ainda no portal mágico que separa nossas dimensões, apareceu na sua mão o brasão das Trevas. Poucos o conhecem e isso é compreensível pois são raras as aparições de um na história dos Quatro Reinos.. Agora não vou te atualizar sobre os nossos deuses, mas há um grupo de deuses em especial, que ninguém ousa pronunciar o nome, então o chamamos de o Clã do Caos. Estes deuses foram criados involuntariamente no princípio de tudo, quando o Deus Supremo, ao recitar o encanto que criaria os Quatro Reinos, proferiu uma palavra errada. A partir dessa única palavra, foram criados demônios e magia negra, e o sombrio Clã do Caos. Apesar de selados há séculos atrás pelos Treze Magos e Deuses, nada pode parar o Clã se ele voltar a assombrar os Quatro Reinos. Sua única vontade quando ainda estava em ação, era espalhar o Brasão das Trevas, que concede ao seu possuidor um poder incontrolável, e ao mesmo tempo o torna subordinado do Clã, um tipo de marionete.

Kady fez uma pausa para olhar para Anastácio, a garota encarava o vazio, com medo do que viria a seguir. Enquanto conversava com Anastácio, a Cavaleira partilhava todas suas palavras com os outros aprendizes, telepaticamente. De repente ouviu a voz de Zimäh:

Mas como ele foi visto em você apenas uma rápida e única vez, Anastácio, não quer dizer que você o possua. Isso pode ser também um aviso do Clã dos deuses do Caos, de que estão voltando. Isso já aconteceu séculos atrás com um jovem, mas ele não foi afetado em nada, a aparição do Brasão das Trevas nele foi usado apenas como um aviso do Clã do Caos.

 —Bem...  —Kady deu de ombros olhando de lado para o dragão prateado. —.. Podemos esperar que seja isso, mas vou ser honesta: eu duvido disto. Estudo magia a anos e a mgia dela é a segunda mais poderosa que já senti. Mas não apenas isso, também tem uma quantidade anormal de Mirasma...

 —C-vom licença... O que é isso agora?  —perguntou a garota ruiva com a voz fraca.

Chega. Interrompeu Zimäh agora, sua voz lhe parecia mais dura do que já costumava ser. Kady, conte a ela apenas o que ela precisa saber por enquanto. Não é necessário assustá-la por causa disto.

 —T-tudo bem.. Como eu disse, Edward detesta magos, por acontecimentos passados. E as fadas têm os magos mais poderosos desde que o mundo existe. Mas elas são conhecidas por "sequestrar" jovens magos que procuraram o clã das fadas em busca de orientação e poder, e manipular para que sejam eternamente leais a elas. Por esse e mais alguns motivos não confiamos seu treinamento às fadas, apesar de eu e Bizza comerçarmos a acreditar que seja necessário...

Kady... Anastácio ouviu a voz de Kenny em sua mente. Não tem como, de alguma maneira tirar isso do corpo dela? Sei lá, talvez tirar a magia dela..?

Kady suspirou e balançou a cabeça tensa. Seria o melhor a fazer, mas até hoje nenhum mago havia descoberto uma maneira de tirar magia do corpo de um mago. Havia um encanto para anular magia por um determinado tempo, mas isso era apenas possível nos "não mágicos", usuários da magia recitada.

Ei, vai ficar tudo bem! Ouviu a voz de Jenny em sua cabeça, se voltando para Anastácio. Nós estamos aqui pra te ajudar, além disso você é foda, você não vai se deixar derrotar por uma coisa que está em você mesma, vai?

Está tudo bem Anastácio, todo mundo tá aqui pra te ajudar, certo Kady? Disse Jack agora, e Anastácio sorriu um pouco. Apesar do medo pelo que poderia lhe acontecer, ainda tinha o conforto de todos os outros Cavaleiros. Sabia que tinha pessoas experientes em que confiar e iria lutar para dar o máximo de si.
Ela sentiu o toque reconfortante da mente de seu dragão e olhou para trás para encarar aqueles olhos esmeralda hipnotizantes. Ela amava seu dragão.

De longe a cidade já parecia enorme, com prédios e monumentos gigantes, e no meio, bem no centro em cima de uma colina estava a base de Tiira, um castelo escuro que mais parecia uma fortaleza, nem de longe tão elegante quanto o castelo de Kassandra, com seus telhados pontudos e janelas enormes de vidro, o de Tiira era grande e "robusto" com torres quadradas e muros altos, um perfeito formato de defesa e ataque.

Anastácio franziu as sobrancelhas e perguntou à Kady se todas as cidades da Terra da Geada tinham castelos, e a Cavaleira respondeu:

 —Não, apenas as mais antigas, e ao mesmo tempo mais importantes do reino. As mais atuais não têm, pois não são governadas por Senhores mais, ou seja, fazem parte de um conjunto de cidades governadas pelas mais importantes.

Anastácio certamente fez uma cara confusa, pois logo ouviu a voz de Persiana na cabeça, que ouvira a conversa:

Vou me intrometer na conversa Kady. É assim: as cidades antigamente eram feudos, e cada um tinha um senhor que "governava" ela, certo?

Certo...

Pois então; apesar de ainda estarmos meio que na era medieval, você já deve ter percebido alguns lugares desenvolvidos, com prédios, casas mais modernas e algumas tecnologias.. Essas são as cidades mais recentes e seu sistema é diferente, o reino não elege mais um Senhor para cuidar dela, dependendo de qual cidade antiga ela estiver mais perto, fará parte dela, será prpriedade do mesmo Senhor, mas ainda assim sendo outra cidade.

Anastácio fez que sim com a cabeça e Kady concordou com o ponto de vista da jovem Cavaleira, Persiana. Já estavam chegando mais perto da cidade e logo sobrevoaram seus muros, entrando em Tiira.

Edward analisou a cidade, e percebeu a situação. Os campos estavam vazios, não havia ninguém trabalhando neles, nos moinhos ou mesmo nas lojas da cidade. Os animais estavam em seus respectivos currais e estábulos. A guerra havia chegado.

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