Início do aprendizado - parte 1

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Anastácio ficou maravilhada com a decoração rica e delicada de pratos, talheres, copos e taças, jarras e tudo isso, entalhados com fios de ouro e prata, pequenas pedras semi preciosas e flores reais dentro do vidro de taças e jarras.
A mesa longa ocupava o lado direito do grande salão, também decorado ricamente. O teto alto tinha o desenho de um céu estrelado, sustentado por grossas colunas encaracoladas cor de marfim, e enormes portas de vidro no lado direito davam para a vista das arenas lá fora e mais além os muros e a floresta. De frente para a porta grande do salão estavam enormes janelas, e do lado esquerdo uma porta que levava ao prédio principal.

Quando entraram vom seus dragões uma hora depois do incidente com Olho de Tigre, os Cavaleiros só estavam esperando os aprendizes chegarem. Alguns empregados tinham lhes dado roupas adequadas para a reunião e os escoltado para o salão onde Edward esperava com os outros.
Dina estava pendurada numa cadeira ao lado direito de Edward, mexendo aparentemente entediada num garfo. Sam estava postado ao seu lado esquerdo e John estava na outra extremidade da mesa lendo o que parecia ser uma revista de fofocas.
   —Você não acha ele um gato? —perguntou uma das gêmeas baixinho de repente, Anastácio não sabia dizer qual, se referindo a John.
   —Ah, e... Aham.
A outra gêmea concordou. Anastácio lançou um olhar divertido a Jack que deu de ombros, como se fosse normal que as aprendizes achassem John gato.
   —Bem vindos. —Edward cumprimentou-os e se sentou. —Especialmente você mocinha, e Zimäh.
Anastácio sorriu sem graça quando ele apontou pra ela e o dragão atrás dela, e sentou na cadeira que foi puxada por uma empregada.
   —Obrigada..
Quando se sentaram, Edward pediu para chamar Kady e logo que ela apareceu ele disse:
   —Bem aprendizes, a partir de hoje vocês começarão com as aulas de magia recitada, essencial para muitas coisas aqui nos Quatro Reinos. Depois de amanhã irá chegar o professor de história que convoquei, um mago do Bosque Negro.
Aparentemente o Cavaleiro havia escutado o sussurro quase inaudível de Jenny perguntando "Bosque Negro...?" , pois sorriu e disse:
   —Claro, vocês ainda não aprenderam sobre isso. O Bosque Negro é um dos Quatro Reinos. Eles são Terra da Geada, Bosque Negro, País do sol e Floresta da Primavera. Aprenderão sobre isso logo.
Edward se sentou e apontou para a mesa farta sorrindo, e falou:
   —Podem se servir, devem estar com fome. Eu vou falar durante a refeição então não se incomodem, fiquem à vontade.
Quando todos se serviram, inclusive os dragões que também estavam na reunião, e os empregados haviam trago enormes travessas de carne, Edward prosseguiu:
   —Primeiro: vocês já devem saber que Persiana é minha filha. O acontecimento de agora a pouco foi uma grande surpresa, pois Olho de Tigre... —Ele apontou para o dragão negro—... Estava amaldiçoado a nunca mais encontrar sua Cavaleira. Esta maldição foi lançada na última batalha, a seis anos aproximadamente, contra Saguhr, o maior inimigo do reino. Esse... Lorde, lançou uma maldição poderosa em Persiana e seu dragão, conhecida como Maldição Periccus, que faz com que a vítima se perca de quem mais ama para sempre e seja atormentada pelas vozes das sombras toda vez que pense no indivíduo perdido. Na verdade essa maldição tem varias formas, ela varia de mago pra mago. Segundo: quero lhes apresentar Dilam, guerreiro representante do Bosque Negro que veio nos trazer a resposta de sua Majestade, Allam, Rei do Bosque Negro.
O rapaz de cabelo negro que antes estivera com eles no quarto de Persiana acenou embaraçado, aparentemente ainda estava em choque com o fato de que uma garota conseguira montar o lendário dragão Zimäh. Mas não apenas ele parecia pasmo com a presença de Zimäh; os outros Cavaleiros também não desgrudavam os olhos do dragão prateado, postado atrás da cadeira de Anastácio com um olhar frio.
  —E..  —Edward prosseguiu.   —Daqui a alguns dias começarão suas aulas, de magia recitada, história, combate e etc. Vocês serão instruídos em magia recitada por Kady, e combate por mim, John, Shilamir e Sam, revezadamente. Dina lhes instruirá em história enquanto não tivermos um professor melhor.
Quando Anastácio olhou para Mei, esta fazia uma cara de quem não tinha entendido absolutamente nada, e Anastácio sorriu.
   —E o que seria magia recitada?—Anastácio perguntou educadamente vendo que a garota não perguntaria nada.
   —Bem, magia recitada é aquela que é conjurada a partir de palavras na língua dos deuses e cantos, encantos que podem ser estudados. E a magia não recitada é a de um mago de verdade, ou seja, alguém que já nasceu com habilidades mágicas, precisando apenas desenvolvê-las para controlar e usar essas habilidades a seu favor.
Jenny e Kenny faziam caras fascinadas, e Patrick estava com aquela expressão reservada de sempre. Anastácio até havia esquecido que o garoto também estava ali.
Os dragões, postados atrás das cadeiras de seus respectivos Cavaleiros, assistiam a tudo em silêncio.
Anastácio reparou uma hora, que Kady lhe lançava olhares perturbados, como se temesse que a garota fosse explodir a qualquer momento e levar todos ali à morte.
Zimäh também pareceu reparar, mas disse a Anastácio que simplesmente ignorasse.
   —E o que exatamente os Cavaleiros de Dragões fazem?— perguntou uma das gêmeas, enquanto a outra viajava com o olhar nas enormes janelas de vidro.
Como no momento Edward havia acabado de colocar um muffin na boca, John começou a falar, mas foi interrompido por Dina:
   —Somos, digamos assim, uma corporação de guarda e batalha da rainha Kassandra. Como somos o único dos Quatro Reinos que possuem a força de dragões, às vezes os outros nos enviam mensagens com pedidos de missões, que são enviados para o castelo e de lá a rainha decide se é necessário ou não convocar os Cavaleiros.
Dina deu um sorriso brilhante enquanto John a encarava ofendido. A gêmea fez que sim com a cabeça e Mei perguntou:
   —E quando nós vamos poder fazer missões também?
Edward levantou a mão antes que Dina começasse a falar animadamente.
   —Não se precipite mocinha, o seu treinamento está longe de chegar ao fim. —Ele limpou a boca com um lenço e olhou para os aprendizes.
   —Hoje vocês estão livres para fazer o que quiserem ou perambular por aí investigando a base. Peço que não me atrapalhem pois estarei resolvendo negócios importantes no meu escritório.
Depois de terminar a refeição e esclarecidas algumas regras de pode isso e não pode aquilo, Jack, Patrick,  Anastácio e as gêmeas foram andar pela Base acompanhada por perto de Zimäh, que não saía de seu lado nem a pau. Jack lhes mostrava onde e o que eram todos os quartos (obviamente não todos, Anastácio já perdera a conta de quantas portas já havia visto no prédio) e o que ele e Persiana faziam quando ainda não tinha aprendizes por lá.
   —Agora.. —disse Jack olhando-os curioso. —Me falem o nome das cidades mortais de onde vocês vieram. Edward disse que os mortais comuns colocam nome estranhos nas suas cidades.
   —Eu vim do Rio de Janeiro. —Disse Patrick e recebeu um olhar estranho de Jack.
   —Existe Rio de Fevereiro também?
Patrick só riu, e Jenny falou que as duas vieram de Hokkaido no Japão.
Anastácio franziu a testa.
   —Japão?? —Perguntou surpresa.
   —É —Disse Kenny olhando pra ela.
   —Como então falamos todos a mesma língua...? Isso não faz sentido nenhum... —Anastácio olhou interrogativa pra Jack que respondeu prontamente:
   —Seguinte: Como vocês cresceram no mundo mortal, naturalmente falam a língua de seu país, mas como originalmente vieram daqui ou de qualquer um dos Quatro Reinos, vocês automaticamente, chegando aqui, falam a língua daqui, graças ao sangue de magia que tem. Entendeu?
Os quatro o encaravam e finalmente Kenny balançou a cabeça.
   —Não.

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