Para a Planície - Começa a batalha

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Os exércitos de Luana e Kassandra, o Primeiro e Segundo Exército, estavam posicionados, prontos para a batalha, no campo fora da cidade, as duas mulheres montadas em cavalos de batalha na linha de frente, junto aos seus conselheiros e guerreiros. Logo atrás da primeira fileira de cavalos estavam os seis dragões Cavaleiros de Dragões ambos em armadura completa, esperando a batalha.
Os magos convocados para abrir a Janela do Tempo eram pra ser seis, mas após a morte do mago das trevas, os cinco restantes pediram permissão para Kassandra para Anastácio completar o grupo. Sendo uma oportunidade da garota treinar seu poder, a rainha permitiu, por ser também um encanto que exigia enorme quantidade de energia, não haveria perigo de sair do controle.
Os dragões dos aprendizes estariam atrás da linha de frente, e assim permaneceriam enquanto a batalha estivesse sob controle. A rainha permitiu com relutância a participação dos jovens na batalha, portanto não queria envolvê-los antes do necessário.
Anastácio havia se separado de Zimäh ao ir para a frente do enorme exército, ficar junto com os magos que abririam a Janela do Tempo para transportar os exércitos até a Planície dos Pesadelos.
Kassandra se voltou para os exércitos e ergueu a mão, fazendo as armaduras e armas tilintarem quando os soldados e guerreiros ficaram em posição de saudação. A rainha observou o enorme exército por alguns instantes, então disse com a voz elevada, alcançando até as últimas fileiras de soldados:
—Soldados, guerreiros e cavaleiros! Estamos diante da batalha que decidirá o destino do nosso reino, e essa não é apenas uma batalha pelo trono, é uma batalha de honra! Vocês mostrarão ao nosso inimigo que não são meros peões nas mãos do reino e sim soldados dignos dessa batalha! Mostrem ao inimigo quem vocês são e que merecem ser temidos!!
Os exércitos rugiram em resposta, batendo seus escudos, lanças e espadas, e Kassandra se voltou para a frente, para os seis magos.
—Se preparem para abrir a Janela do Tempo.
Os magos se posicionaram em uma fileira com as mãos esticadas para a frente, para o campo aberto em que o enorme exército se encontrava, e ao sinal da rainha começaram a proferir o encanto que abriria a Janela.
Anastácio sentia sua pele formigando e todos os pelos de seu corpo se eriçarem com a imensa magia dos dragões que fluía através de seu corpo e se materializava em forma de encanto, enquanto os magos diziam todos juntos as palavras do encanto que os transportaria direto para o campo de batalha.
Quando Anastácio olhou para o lado, para os magos ali enfileirados, se surpreendeu ao ver como se fossem chamas coloridas ardendo dentro de cada um deles, todos de cores e tamanhos um pouco diferentes. Alguns ardiam mais fracos e outros mais fortes e vivos, era como se ela pudesse ver a alma de cada mago. Mas ao olhar para trás, para o exército e para a rainha, viu apenas soldados e armaduras, nada fora do normal. Antes de perguntar à Zimäh se ele também podia ver aquelas chamas dentro dos magos, Anastácio hesitou, decidindo que era melhor não interromper o dragão, ele parecia muito concentrado.
Anastácio ouviu murmúrios e sons de surpresa e admiração vindos do exército atrás de si, e quando voltou a atenção para o encanto novamente, sentiu uma rajada de vento lhe bater no rosto, vendo uma fenda transparente tomar cor e forma no ar à sua frente, ficando cada vez maior e se abrindo diante do exército.
O vento frio soprava para fora da Janela do Tempo, cada vez maior conforme os magos prosseguiam o encanto, exibindo na agora enorme abertura uma vasta paisagem de grama seca e alta sob um céu escuro e nublado, do lado direito ao longe, as montanhas do norte.
Anastácio ainda olhava boquiaberta para a enorme abertura no ar que levava diretamente à Planície dos Pesadelos, do lado oposto das montanhas do norte, que podiam ser vistas da Base dos Cavaleiros, em Fauhk. Ela olhou para trás e então para os lados, onde estavam Edward e Garra de Prata e os outros Cavaleiros de Dragões, entrando em contato com o mestre, hesitante:

M-mas mestre, e quanto à Sam e Pikan? Eles não estão mortos, estão? Como podemos saber onde estão?

Não podemos. Mas com certeza foram capturados vivos pelos servos de Saguhr.

E se eles tiverem passado pro lado inimigo? perguntou Jack preocupado, percebendo e entrando na conversa dos dois.

Anastácio se virou para trás e olhou assustada em sua direção.

Como... Por que eles fariam isso?

Por que Saguhr mexe com magia negra e pode manipular qualquer um a servi-lo. Respondeu Edward tenso, mas antes que Anastácio pudesse responder ou dizer outra coisa, a rainha atrás de dela e dos magos levantou a mão e então deu o sinal  para que marchassem para dentro da Janela do Tempo, para a Planície dos Pesadelos, que seria o campo de batalha dali a algumas horas.

O exército começou a se mover, lanças, pés e cascos de cavalos batendo no chão e armaduras tilintando, e Anastácio se separou dos magos, esperando os soldados passarem até que Zimäh estivesse ao seu lado. Quando estava na sela, olhou para o lado esquerdo, onde Jack estava montado em Syla a vários metros de distância, separados por algumas fileiras de soldados que marchavam ao seu lado, e do lado direito o dragão cinza de Patrick, ao lado de Aska, com as gêmeas, também a vários metros de distância um do outro.
Dessa vez quando atravessaram a Janela do Tempo, foi uma sensação completamente diferente de quando Anastácio foi para Fauhk, para a Base buscar o escudo que ganhara de Zimäh. Quando atravessaram a abertura e apareceram na planície, a única coisa que a garota sentiu foi uma sensação fria como se atravessasse uma parede de água, e então estavam do outro lado. Na primeira vez parecera mais um teletransporte, Anastácio não pôde ver a Base antes de chegar lá e se sentiu sacudida e jogada de um lado ao outro nos segundos que levaram para aparecer no gramado da Base.
Seu coração acelerou e um frio percorreu sua espinha quando a atmosfera ficou tensa, pôde ver nitidamente os soldados que marchavam ao seu lado ficarem rígidos e seus olhares aterrorizados para a frente, onde no contorno da planície lá longe começou a aparecer uma linha escura e nuvens de tempestade se aproximavam. O inimigo estava chegando; logo começaria a batalha que decidira o futuro da Terra da Geada.
  —Se preparem para a batalha.—Os aprendizes ouviram a voz de Kassandra, aumentada por meio de encanto para que todo o exército pudesse ouvir.—No início teremos uma vantagem por conta da surpresa, mas não se empolguem, isso pode ser o nosso fim. Continuem lutando até o fim como se estivessem prestes a ser derrotados. Ajam como guerreiros dignos da vitória!
O exército gritou em aprovação ás palavras de sua rainha, batendo escudos, lanças e espadas determinados, enquanto a linha escura no horizonte aumentava a cada minuto. Anastácio estava cada vez mais nervosa, mas de repente escutou a voz de Zimäh em sua mente, acalmando-a:
Não se preocupe tanto, Anastácio. Nossa vitória está garantida. Temos uma carta que certamente Saguhr não poderá ter igual e será o fim dessa guerra. 

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