Epílogo

2.2K 258 4
                                    

Os Cavaleiros e dragões expulsaram e aniquilaram os últimos monstros e homens inimigos restantes com a ajuda dos magos que lutaram ao lado de Kassandra. A batalha terminou em pouco tempo, mas quase perderam John e Kenny mais uma vez, depois que o Cavaleiro havia salvado a garota na confusão de Seth, Zimäh, Anastácio e Jack,  quando caiu das costas do dragão prateado após a tentativa fracassada de salvar Anastácio.
Mauk, lutando atrás de John e Keysin, teve tempo apenas de lançar fogo nos inimigos que se aglomeravam abaixo do dragão esmeralda e impedi-los de devorar Kenny, antes de vê-la desaparecer na coluna de fogo em sua frente.
Keysin rugiu assustada, desviando do fogo que explodiu nos monstros abaixo por pouco, mas Patrick se segurou com força na sela de Mauk quando este mergulhou na direção em que a garota havia caído. Quase não enxergavam no meio da fumaça enquanto Mauk planava sobre o campo de batalha e o dragão disse a Patrick depois de alguns segundos:
Estamos sendo vigiados, alguém que está aproveitando a fumaça para se esconder... Não entendo como não foi atingido pelo fogo, mas fique atento.
Mal terminou a frase Patrick ergueu seu escudo, impedindo no momento exato de ser perfurado por uma saraivada de flechas e o dragão cinza disparou fogo naquela direção, fechando as asas e se deixou cair em direção à fumaça que ainda pairava sobre o campo devastado, aterrissando em alerta logo em seguida.
Patrick apertou o punho de sua espada, o coração acelerado, se tivesse que ficar de pé certamente suas pernas fraquejariam, mas seus músculos estavam rígidos de pressionar os flancos de Mauk sob a sela.
—K-Kenny? —Patrick chamou, inseguro, mas não obteve resposta. Os barulhos dos últimos monstros e homens inimigos lutando contra os Cavaleiros e a fumaça que os impedia de reconhecer qualquer coisa deixava Patrick cada vez mais nervoso e ele se encolheu ao ouvir um zunido alto se aproximar de repente. Mauk rugiu e pulou para o lado fazendo seu cavaleiro perder o equilíbrio, e logo ouviu um grito de dor vindo de Patrick, que largou sua espada num impulso para tampar o olho direito, por onde sangue descia seu rosto. Mauk arregalou os olhos e escancarou a boca, lançando uma coluna de fogo à sua volta tentando reconhecer algo, mas tudo que viu foram silhuetas escuras em contraste com o fogo, circulando cavaleiro e dragão cuidadosamente. O dragão rugiu furioso para os seres ao seu redor, chicoteando o rabo nervoso, mas quem quer que fossem as silhuetas, elas não recuaram.
Mauk ouviu Patrick gemer de dor em suas costas, mas não deu atenção, tentando atacar os inimigos com fogo até que ouviu Patrick chamá-lo:
Mauk! Me ouça, Kenny está ali! O garoto apontou com dificuldade para um lugar além dos inimigos que cercavam ele e seu dragão, onde, depois que a fumaça havia, em parte, se dissipado, podiam reconhecer o corpo da garota caído no chão. O dragão deu alguns passos furiosos na direção das silhuetas que impediam seu caminho até Kenny, mas recuou com um rugido irritado quando lanças afiadas foram apontadas para o seu peito, ameaçando perfurá-lo se desse mais um passo. Um dos inimigos se aproximou e logo puderam enxergá-lo melhor, reconhecendo pelas curvas que se tratava de uma mulher quando estava próxima o suficiente para falar:
  —Vocês jovens... Tão ingênuos. Só por que o nosso líder perdeu, não quer dizer que também vamos nos render. E olha só: uma peça preciosa dessas veio diretamente para nossos braços! —a mulher riu com visível sarcasmo ao ver a expressão de dor e medo do jovem nas costas do dragão, não recuando um centímetro sob o rugido ensurdecedor de Mauk e prosseguiu: —E por quê? Para salvar uma amiga que já está morta.
A mulher, de armadura negra como Saguhr, tinha cabelos longos e cacheados sob o elmo de guerra que deixava metade de seu rosto escondido nas sombras, e uma longa espada de duas mãos enfeitava sua cintura, além de várias facas de diferentes tamanhos e formas. A capa em suas costas mostrava um cargo de importância no exército inimigo e Mauk a julgou uma guerreira habilidosa pela forma confiante  e desafiadora com que falava e se movia. Porém, algo estava errado, a forma com que ela impedia a passagem até o corpo de Kenny fazia o dragão suspeitar de que  o que aqueles inimigos queriam não era dragão e cavaleiro, mas sim a garota que se encontrava logo atrás de sua líder no chão.
A mulher exibiu um sorriso ao ouvir as palavras do dragão retumbar em sua mente:
Interessante a forma com que deixa sua presa livre para alçar vôo a qualquer momento, traidora, se realmente quisesse nos capturar, seja vivos ou mortos, não estaria tão confiante ao ter um céu aberto sobre sua cabeça...
—Um músculo que mexerem em direção ao céu e estarão mortos, nobre dragão. Acha mesmo que sou tão estúpida? —a mulher sorriu, mas logo o sorriso começou a desaparecer de seu rosto quando percebeu que a conversa com o dragão se tratava de mera distração. Enquanto falavam, o jovem Cavaleiro havia protegido a ele e seu dragão com um encanto que fez uma barreira mágica ao redor do dragão, e assim que terminou a frase Mauk abriu as asas e levantou vôo dali mesmo, fazendo seus inimigos cambalearem com a rajada de vento e ficarem cegos com a poeira e fumaça agitada pelo movimento das asas do dragão. Mas em momento algum haviam esquecido e abandonado Kenny.

Cavaleiros de DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora