Vingança

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Luana se lançou com toda sua fúria contra Saguhr, sentindo lágrimas de raiva e tristeza molharem suas bochechas, junto à dor de perder quem mais amava que jamais iria embora. Seu corpo tremeu, sentindo de repente uma nova energia percorrê-la e percebeu que era algum encanto das gêmeas ajudando-a, podendo novamente usar a magia de sua espada.
A Princesa atacava com todo seu ódio pelo inimigo, dando-lhe tempo apenas de se defender e girava sua espada furiosamente ao mesmo tempo aniquilando e afastando os monstros ao seu redor.
Saguhr cerrou os dentes, obrigado a recuar e manter a guarda mais do que em qualquer momento da batalha. O estilo de luta da Princesa era completamente diferente da mãe, enquanto a rainha tinha mãos leves, mas golpes mortais e um olhar frio e penetrante, Luana parecia ter a força de mil homens nos braços e seus olhos quase expeliam fogo durante a batalha.
Um choque percorreu o braço do inimigo quando a espada da Princesa atingiu a sua, fazendo Saguhr cerrar os dentes de dor e oscilar na sela quando seu cavalo deu passos agitados para trás.
Luana parecia cada vez mais forte, a magia de sua espada aumentava de intensidade a cada golpe, seus movimentos estavam cada vez mais rápidos, e Saguhr praguejou alto, lançando um rápido olhar para o dragão negro de duas cabeças, lutando a alguns metros de distância. Uma das garotas montadas em suas costas estava de olhos fechados, suas mãos juntas na frente do peito e ela mexia os lábios proferindo algum encanto inaudível que visivelmente fortalecia a Princesa. Tinha que dar um jeito no dragão e só então teria chances de vencer Luana.

A explosão que a pedra modificada por magia havia causado fez dezenas de homens e monstros serem lançados pelos ares e engolidos pelo fogo de poder quando a pedra foi desviada do alvo, e a partir do ponto onde atingiu o chão uma enorme rachadura começara a se formar, fazendo inimigos e aliados se espalharem em desespero para os lados.
Zimäh rugiu em alerta para Syla, esperando uma resposta da amiga atingida pela explosão repentina. Corpos, armas e estandartes dos exércitos inimigo e aliado queimavam em chamas e o dragão prateado se lançou em meio à fumaça à procura de Syla, enquanto Anastácio se esforçava para encontrar o brilho vermelho de suas escamas ou o contato de sua mente no meio de fogo, gritos e lutas que confundiam a visão e a mente.
Foi quando, de repente, ouviram o rugido de Mauk, vindo de algum lugar à esquerda impossível de enxergar por conta da fumaça e Zimäh disparou na direção do som, alguns instantes depois podendo ver a fumaça se dissipar sob a enorme rachadura no campo de batalha.
-Aqui! -ouviram Patrick gritar rouco, seu dragão cinza voava acima do precipício que a rachadura formava, rugindo assustado lá pra baixo e olhou para Zimäh quando pousou à beira do buraco. Logo puderam ver o reflexo vermelho de Syla, agarrada à uma ponta de rocha, uma de suas asas inclinada num ângulo de dar náuseas e a outra com furos como se tivesse sido queimada por ácido. Jack estava agarrado à sela desesperadamente, os olhos arregalados olhando para baixo, onde lá no fundo uma linha vermelho-vivo surgia sob as paredes negras da rachadura.
-Jack! -Anastácio gritou, fazendo com que olhasse para cima, o garoto vendo o cabelo ruivo surgir atrás do pescoço de Zimäh, parado na beirada do precipício.
Como vamos tirá-los de lá?! A garota perguntou assustada, o medo crescendo no peito a cada segundo que passava. Syla rugiu em pânico, não aguentaria muito tempo pendurada lá embaixo, e a linha vermelha a dezenas de metros abaixo aumentava assustadoramente rápido, enquanto Zimäh se mexia desesperado na borda da rachadura.
-Desistam.
Anastácio se virou como um raio na sela, a voz desconhecida ecoou pelo campo de batalha devastado, chegando até eles com um vento que dissipou a fumaça, exibindo uma silhueta escura do outro lado do precipício. O homem, alto e magro, vestia roupas pretas e cor de vinho, com cabelos longos e escorridos descendo-lhe os ombros e costas. Seu rosto estava escondido sob uma máscara bizarra em formato de cara de pássaro, com um bico longo e curvado apontando para baixo.
Quem é você? Rosnou Zimäh mostrando os dentes, a raiva transbordando por seu corpo, ficando em posição de ataque no mesmo instante. O homem deu uma risada leve, levantando as mãos e os braços para os lados, só então exibindo pequenos sinos pendurados em seus pulsos, negros e lisos apenas com o interior pintado de vermelho sangue.
-Logo seus companheiros terão uma conversa com Therya... Ou se preferirem, a morte.
Assim que terminou a frase, o homem sacudiu os sinos, começando a recitar um encanto, a voz abafada pela máscara falando repetidas frases na língua da magia. O chão começou a tremer, os pequenos sinos em seus braços se iluminaram, adquirindo um tom alaranjado e seu som aumentou, alcançando um chiado alto e estridente.
Anastácio sentiu o coração martelar contra o peito a mil km por hora quando um jato de fogo líquido disparou para o alto da rachadura, logo em seguida outros explodindo do fundo do precipício, um após o outro em sua direção. A lava vinha velozmente na direção dos dragões e Zimäh rugiu furioso, lançando fogo contra o mago das trevas, mas que se desfez numa berreira invisível que protegia o homem.
Syla rugiu desesperada lá embaixo, tentando em vão se puxar para cima, mas já podia sentir o calor da lava se aproximando dos dois, enquanto Jack enterrou o rosto no pescoço vermelho do dragão.
Anastácio... Por favor...
A voz do amigo atingiu sua mente como um balde de água gelada, e novamente o mundo parou, similar ao que acontecera na prova em Tiira. Porém, desta vez podia ver tudo e todos à sua volta, se mexendo lentamente como se fosse em câmera super lenta. A próxima explosão de lava começava a surgir no fundo negro da rachadura, a apenas alguns metros de onde Syla e Jack se encontravam e Zimäh abria sua boca, o peito estufado em fôlego para lançar outra coluna de fogo contra o mago, homens, monstros e Cavaleiros lutando no ar e no chão à sua volta, armas, pessoas e animais se mexendo lentamente, centímetro por centímetro. Anastácio sentiu a angústia e o medo crescendo dentro de si, tentando dominar sua mente e deixá-la fraca e vulnerável. Ela cerrou os dentes, o pensamento de perder Syla e Jack fez seus olhos se enxerem de lágrimas, pensar que poderia perder muito mais do que apenas uma amizade de alguns meses.
Não.
De repente a batalha voltou ao normal, o fogo disparou da boca de Zimäh e o jato de lava explodiu para fora da gigantesca rachadura, mas dessa vez na direção oposta. Toda a lava que subia no fundo do precipício disparou com estrondo para a direção contrária de Syla e Jack lá embaixo, explodindo contra o início da rachadura, onde a pedra da catapulta os havia atingido.
O mago pareceu surpreso e deu um passo atordoado para trás quando Anastácio levantou os olhos, encarando-o diretamente, ouvindo a voz da garota atingir sua mente com toda força.
Não. Se você acha que tem algum direito de matar alguém que eu amo, está na hora de se informar.
Anastácio se levantou na sela de Zimäh, embainhou a espada e esticou os braços, os olhos ardendo em fúria da mesma cor que a juba ruiva cor de fogo. Seus braços foram engolidos por chamas roxas, envolvendo seu corpo em espiral, e seus olhos, antes verdes como folhas, agora estavam cor de vinho, a magia fluindo livremente de seu corpo.
O mago se virou e começou a correr, mas enormes garras de pedra e terra emergiram da rachadura, esmagando-o sob a imensa força mágica que as conduzia e lançando seu corpo para longe, a centenas de metros do campo de batalha.

Jenny e Kenny, Edward e os Cavaleiros, os soldados e monstros e até mesmo Saguhr e Luana, viram a imensa fonte de poder se expandindo e devastando o campo de batalha enquanto os exércitos se enfrentavam, a magia de Anastácio atingindo seu auge e matando tudo que entrasse em seu caminho.
Nesse momento viram Mauk levantar vôo, rugindo em alerta para os aliados e as gêmeas se entreolharam preocupadas.
Ela precisa parar! Exclamou Patrick assustado. Alguém a faça parar, se sair do controle vai matar todos nós!!

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