PRÓLOGO

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"Um Romance por acaso" A GAROTA DE CABELOS RUIVOS.


"Coloque o seu fone de ouvido, sua melhor música e deixe o mundo falar".
Momentos tristes, momentos felizes. Sabemos que é quase impossível ter uma família estável, ou ao menos funcional, em realidades banais e deprimentes.
Talvez pelo simples fato do acaso, o sentimento um dia não foi recíproco – Sim, minha mãe deixou o meu pai depois de realizar de repente que não o amava mais.

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Um pouco sobre mim.

Meu corpo não é tão bonito, nem tenho as melhores roupas.
A maquiagem me irrita os olhos e, na verdade, nem sei usar direito. Poucas vezes penteio o cabelo. Meus tênis são encardidos. Às vezes, mastigo as unhas ou devoro os esmaltes. Tenho espinhas pelo corpo. Meus dentes não são brancos como a neve, nem retos. Uso chinelo o dia inteiro e às vezes nem chego a tirar o pijama. Tenho preguiça de tudo e de todos. Posso babar enquanto falo vez ou outra. Nada disso, porém, define meu caráter, não define quem eu sou. Não vai ser um espelho que vai me julgar, muito menos as pessoas. Curtidas não irão dizer se sou bonita, nem a quantidade de meninos atrás de mim se sou desejada. Roupa não define moral, seguidores não definem amigos, sou inteiramente perfeita e – acima de tudo – única!


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O sol brilhava intensamente, o calor era inevitável e todo o meu corpo pinica de uma maneira que era capaz de me irritar. Naquele tempo tinha sete anos de idade. Jamais poderia imaginar tudo o que me aguardava. Meu sorriso e aquela gargalhada eram a prova da minha felicidade. Meu pai teve uma boa ideia ao me chamar para tomar banho no quintal. O meu corpo jogado no sofá não estava nenhum pouco feliz. - Você está pronta ? - aquela pergunta soava um pouco desafiadora. Joguei as minhas pernas para o piso coberto por um vinílico amadeirado e logo estava de pé. - Acredita mesmo que o senhor está pronto? - Devolvi a ameaça, porém com mais autoridade.

 Começamos a caminhar, mas antes que eu pudesse acelerar os meus passos. Tom coloca as suas mãos sobre os meus ombros e me joga novamente no sofá, onde fico deitada por alguns segundos com um olhar de desaprovação. Ele abre a porta e vai para o quintal onde me espera sem nenhum barulho de comemoração por ter chegado primeiro. Me ponho de pé novamente, com bem menos energia que antes e vou para o quintal. Ao chegar lá me deparo com uma bicicleta, sua cor era linda, um vinho que me fazia querer pular de felicidade e antes que isso pudesse acontecer. Sou agredida com um jato de água no rosto, ao diminuir a potência da água com a defesa das minhas mãos. Percebo que meu pai sorri ao segurar a mangueira que estava mirando em meu rosto. Corri em direção à bicicleta e sem pensar muito subo em cima dela na esperança de já saber o que era necessário ser feito. Tom se aproxima de mim e percebe a minha dificuldade. Após já ter deixado a mangueira de lado e ter desligado a torneira que permitia a água sair. Ele acariciou a minha cabeça com muito cuidado e felicidade no olhar, ele começa a me equilibrar com o seu corpo e as suas mãos apoiadas sobre as minhas que se fazem firmes ao segurar o guidom da bicicleta. - você é o melhor pai do mundo. - grito isso com tanta verdade. Os meus olhos enchem de lágrimas e tudo o que eu mais quero é gritar para o mundo o que eu havia ganhado de presente. 

Ao olhar rapidamente para a direção da janela da sala percebo que a babá nos observa de uma maneira genuína e de total admiração com um sorriso quase que triste como se não soubesse o que senti. - Agora vá tomar um banho, você precisa ir para o colégio. É o seu primeiro dia! - A voz do meu pai era calma e paciente ao ponto me fazer obedecer sem nenhum custo. 

Antes de ir para dentro e subir as escadas correndo o abracei muito forte. -promete para mim, que o senhor vai me levar ao colégio até eu nunca mais precisar ir? supliquei quase que chorando. Eu sempre tive muito receio de como era viver com outras pessoas diferentes de mim e ainda mais que tom não estaria lá comigo.- Prometo até o ensino médio. porque você logo não irá precisar mais de mim. - uma voz distante, um aperto aconchegante sinto em meu corpo que se espreme para permanecer ao lado do meu pai qual me trazia segurança e conforto. inclino a cabeça para cima e com um olhar fixo olhando para os olhos de tom que abre um sorriso de boca fechada. -sempre irei precisar. - O céu azul por cima da sua cabeça faz aquele momento ser fotografado em minha mente. 

UM ROMANCE POR ACASO.Onde histórias criam vida. Descubra agora