CAPÍTULO 4. PARTE (2)

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— Sério que você iria me salvar? — pergunto para o garoto que ainda está no chão com as mãos sobre o nariz. 

— De nada! — Ele olha para mim com um leve sorriso. — Sinceramente, gostaria de saber qual é o problema das pessoas dessa cidade. — Jogo a garrafa aos pés do garoto e vou em direção à pista para voltar para casa. Eu não poderia continuar naquela festa. Estou com vontade de vomitar, meus olhos estão girando. As luzes da rua me iluminam e ao mesmo tempo me deixam confusa, com dúvida no caminho de casa. 

Na estrada não há ninguém, o caminho parece balançar. As drogas estão fazendo um efeito diferente do que Miguel havia me falado, talvez porque misturei bebidas alcoólicas para ser radical. Meus pés parecem flutuar sobre o asfalto preto com listas amarelas. Meu corpo não aguenta mais nenhum esforço. Alguém aparece e me segura pelo braço. Tento me soltar, mas minhas forças estão muito instáveis. A pessoa acaba me levando para dentro de um carro. Não consigo entender nada do que é falado, é como sussurros no meio de um galpão vazio. Sinto uma pisada na barriga que me faz ficar desesperada. 

— Por favor! Pare. — grito percebendo que estou dentro de um carro com aquele garoto da sala de educação física. Ele freia o carro e me olha preocupado. Abro a porta e desço correndo para vomitar. Tudo que eu quero é que aquela dor vá embora. — Onde é sua casa? — o garoto aparece atrás de mim com as mãos dentro do bolso de sua jaqueta preta de couro. — Eu preciso ir à casa da Saianara. — Ele parece não concordar com a ideia. — Amanhã você fala com ela, é melhor. — Segura na minha mão, me abraça e me leva de volta para o carro. Sinto-me acolhida, quase como se o meu pai estivesse comigo. 

É estranho, ele tem um jeito meio robótico de agir. Isso é legal. Como posso pensar nisso agora? Começo a indicar o caminho da minha casa. A estrada está completamente escura, as luzes que me iluminavam algumas horas atrás haviam desaparecido. Descanso minha cabeça na janela esperando que chegasse logo. Minha sorte é que o carro é confortável e ainda por cima a estrada está ótima para andar. — Se não fosse eu, você poderia ter morrido nas mãos daqueles caras. — Sorri concentrado na direção. 

Sim, eu estou bêbada, mas, mesmo com dor de cabeça e uma vista nada legal, ele é lindo. — Você não me defendeu. — resmungo enquanto minha cabeça quer explodir. — Um pouquinho, vai? — insiste mostrando o diminutivo nos dedos. — Não.

— Você é sempre assim?

— Assim como? — Sinto o estômago girando assim que ele vira o quarteirão. — Tudo bem! — O garoto se mantém sério. Ele tem uma feição de homem maduro e um sorriso bonito, tudo indicava que seu corpo não fica atrás. 

Peço para ele estacionar o carro, e logo que desliga o motor se vira para mim. — Você é boa! — diz ele com gozação, trancando as portas do carro. — Eu quero descer. — falo com um tom de voz arrogante. Ele me mostra a placa enorme na frente da casa: Saianara. Olhei para ele brava, ele havia descoberto o meu plano. — Então, onde você mora? — pergunta ligando o motor novamente. — Pra trás. — informo desanimada. Assim que ele vira o carro para voltar, a Sra. Lulu aparece na janela me dando dedo de novo. Dessa vez a respondo com a língua. 

— Você é uma garota estranha. — O garoto sorri com olhar metálico que o deixa bem sexy. Ele tem uma expressão misteriosa e ao mesmo tempo comum, é confuso definir alguém como ele.— Não sou! — Sim, eu me acho estranha, mas é algo individual, só eu posso dizer isso de mim mesma. — Você deu língua para uma velinha. — Ele sorri, me fazendo sorrir também mesmo com uma dor infernal que me faz querer pular daquele carro e vomitar tudo que eu havia comido durante a semana toda. 

Ele estaciona o carro na frente da minha casa. Nós trocamos olhares profundos por alguns segundos. — Aqui é minha casa. — Abro a porta para sair, mas ele segura meu braço antes mesmo que eu pudesse me movimentar. Viro-me olhando para ele. 

— Cadê o obrigada?

— De nada! — Apenas desço do carro e vou em direção à porta da minha casa. Ele me olha do carro, me viro olhando para ele e sorrio de lado. — Boa noite, garota! — Ele acena com a mão para o lado de fora do carro, o sorriso acompanha a simpatia. Pego minha chave no bolso da calça e abro a porta. Assim que me viro, percebo que ele continua lá sorrindo. Subo degrau por degrau para chegar ao meu quarto. A cama dá um pequeno gemido por causa da madeira gasta quando me jogo. 

— Você estava onde? — Cleuduarda aparece na porta de braços cruzados, vestida com sua camisola verde, me olhando com aqueles olhos perfurantes e curiosos. — Na faculdade. — informo com a cara enterrada no travesseiro. — Você acha que me engana? Nunca mais você vai sair. — Cleuduarda sai da porta indo para o seu quarto. 

Olho para o teto e logo depois me lembro da carta que eu havia colocado dentro da bolsa no curso de mecânica. Sinto uma vontade enorme de ler, mas acabo desistindo. Me viro para o outro lado da cama e dou de cara com a janela. A lua cheia brilha intensamente. Em questão de segundos pego no sono. 

Os balões enfeitam uma sala pequena, uma mesa no meio dela apresenta um grande bolo que dá água na boca só de olhar. — Ketherine, eu te amo! — Meu pai me abraça. Estou fazendo nove anos. Meu sorriso é tão verdadeiro. — Papai, eu não quero aniversário! — Estou sentada em um dado enorme enquanto ele se mantém agachado. Visto calça e camiseta verde, com os braços cruzados e de bico. — É o seu aniversário. É uma data especial! — Meu pai quer me alegrar de alguma forma. — Papai, não é uma data especial! — Uma lágrima rola dos meus olhos. Papai me abraça com bastante força, tentando puxar aquela dor para ele. — Se eu crescer, o senhor vai ficar mais velho, e isso o deixará mais próximo da morte. Eu não quero te perder, papai. — Meu choro se transforma em soluços profundos. — Você nunca irá me perder. — Ele me olha e beija a minha testa. 

— Promete? — pergunto aflita.

— Sim! — Sorri me abraçando novamente. 

Abro meus olhos percebendo que já tinha amanhecido e faltavam apenas trinta minutos para eu estar na faculdade. Tomo um banho rápido, visto uma roupa comum e desço as escadas correndo. Vou até a cozinha, pego minha garrafa de leite e meu pote de biscoitos e saio apressada. — Merda! — me revolto ao lembrar que o Duki não está funcionando. — Legal! Sem carro. — Cleuduarda aparece na porta de casa com uma roupa social e uma bolsa preta de couro. — Eu te levo até a faculdade. — Entra no seu carro, estacionado do lado de fora da garagem. 

Eu apenas a sigo. Outra opção à vista? Entro na parte de trás. Minha cabeça dói um pouco ainda por causa da noite passada. — Ketherine, você está namorando? — pergunta com um tom nada educado. — Não te interessa. 

— Eu posso quebrar sua boca, garota. Eu sou sua mãe e você me deve respeito. — Cleuduarda se faz de vítima novamente. 

Depois de alguns minutos de estrada e de silêncio, chegamos à faculdade. Eu já havia comido o pote de biscoitos todo e bebido a garrafa de leite. Cleuduarda estaciona o carro na frente da faculdade e eu desço sem falar nada, apenas ando em direção à entrada. Corro pelos corredores da faculdade atrás da minha sala. O diretor aparece saindo de uma sala de aula e me olha de frente com uma feição séria e tensa como sempre. 

— Preciso falar com você. — Ele me dá as costas e caminha na minha frente enquanto eu o sigo. 

Entramos em sua sala e trocamos alguns olhares. Ele se conforta em sua cadeira e pede para que eu me sente à sua frente.


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CONTÍNUA...

OBRIGADO PESSOAL!

UM ROMANCE POR ACASO.Onde histórias criam vida. Descubra agora