CAPÍTULO 6. PARTE (2)

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— Essa era minha filha, mas agora se tornou uma pessoa desconhecida. — informa apertando a foto no peito com muita força.
Eu me levanto e a abraço com bastante carinho. — Sinto muito! Sempre que a senhora quiser, pode me dar dedo como antes, receberei numa boa.

Subo até o quarto onde Dex se encontra. Assim que entro, ele sorri e os olhos brilham. Olho para situação crítica em que ele está, tão debilitado com uma coberta branca por cima do seu corpo. — Minha filha! — Dex estende os braços para mim, o que me assusta, porque sinceramente não sei o que fazer. Estou querendo ajudá-lo, mas nunca tinha feito isso, é estranho.
Eu me aproximo dele me sento na cama e acaricio o seu rosto.
— Oi, pai! — rapidamente sinto um calafrio em minha pele.

— O que aconteceu com o papai? — pergunta Dex segurando as minhas mãos e logo em seguida me abraçando.

Seus olhos estão cheios de lágrimas sofridas. Eu o abraço me confortando em seus braços quentes. Ele é tão parecido com o meu avô que havia falecido. Começo a chorar emocionada, agora entendo que há lágrimas de felicidade. Estou tão feliz com aquele abraço verdadeiro que por mim ficaria a vida toda ali.

— Papai, eu estou aqui! — beijo o seu rosto esperando que ele fique mais contente, então ele sorri me dando um beijo na minha testa.

Ele começa a fazer tantas perguntas que eu sinceramente não sei o que responder. Apenas sorrio com as lágrimas escorrendo pelos meus olhos.
— Você pintou os cabelos de vermelho? — pergunta pegando nos meus fios e os admirando.

— Eu pintei, papai. — Choro na mesma intensidade que sorrio. Aquela cama é bem confortável e muito alta, o que me faz sentir medo de me mexer muito e acabar caindo.

Há várias cortinas naquele quarto branco que me fazem lembrar um hospital. Pelo pouco que eu havia andado na casa, percebo que esse é o único cômodo a não ser colorido.
— Onde estão os meus netos? — Seguro nas mãos do senhor Dex pensando no que responder.
Posso ser até um pouco parecida com a filha dele, mas ter filhos? Netos? — Os seus netos? — Mordo os lábios atrás de respostas.
— Sim, seus filhos? — Ele apenas sorri olhando de um lado para o outro atrás dos seus netos.
Lembro-me do Noah, que me espera na sala. Ele poderia ser o meu filho. Olho para Dex, que me encara encantado como se realmente eu fosse a filha dele. Aquilo de certa forma me toca, porém é um toque estranho e desconhecido, com um gosto bom de viver a vida de verdade como uma família de verdade.
Afasto-me da cama indo até a porta, onde ficaria mais fácil para Noah me ouvir o chamando.
— Noah! — Assim que retorno para o quarto, abro um grande sorriso.

A luz do sol que entra pela janela faz o quarto parecer mais claro. Noah sobe correndo as escadas com os braços abertos e os cabelos bagunçados.
— Esse é meu filho, papai. — Jogo Noah na frente do senhor Dex, que o abraça e enche de beijos.

— Você está bem grande e forte! — Dex desliza seus dedos sobre os cabelos de Noah, que olha para mim com uma feição satisfatória. Depois de alguns minutos, nós dois descemos as escadas e vamos para cozinha, onde a senhora Lulu nos espera sorrido com uma xícara de café nas mãos.
— Obrigada! — Ela me abraça, e enfim consigo confiar nela depois de tantos dedos.

— Se quiser continuar me dando dedo, pode continuar. Sua filha merece! — Sorrio de lado e em questão de segundos abro um verdadeiro sorriso que me faz sentir dor na boca do estômago. Naquele momento as lágrimas descem novamente. Todos sorriem alegremente confirmando a felicidade concluída naquele dia, quando uma simples estranha fez um casal de idosos serem mais felizes.

Lulu fecha a janela e depois colocando a xícara de café em cima da arquibancada do armário da cozinha. Vai até o seu quarto, onde Dex se encontrava, e se deita na cama ao lado dele. Ela se incomoda com a distância entre os dois e logo argumenta.
— Quando nós éramos jovens, você brigava comigo para ficar próximo de mim, mesmo sabendo que não tínhamos a aprovação dos nossos pais. — Dex hesita, mas por fim se aproximou da esposa. Eles ficam de frente, mas ela ainda não está satisfeita.

— Quando éramos jovens você... — E antes que ela terminasse de falar ele a beija.

Todo o clima pesado daquele quarto acaba. As pessoas podem envelhecer, mas o sentimento sempre pode ser renovado com coisas simples. A saudade não é impossível de se matar. Quando você sente falta de alguém, se você olhar uma fotografia, ler uma frase que a pessoa sempre falava ou algo do tipo, a saudade se vai, mesmo que por um curto período de tempo, e você se conforta.

Estou batendo à porta da casa de Saianara. Aperto a campainha e aguardo. Noah continua com as suas mãos no bolso da calça olhando para a mansão como se fosse meu melhor amigo. A mãe de Saianara abre a porta como sempre, com um grande sorriso nos lábios e os cabelos bem cortados acima do ombro com bastante volume.

—Oi, tudo bem?  — Abro um sorriso pequeno, porém sincero. —  Eu preciso falar com a Saianara. — Mordo os lábios com ansiedade.

— Ketherine, Olá! infelizmente ela não se encontra em casa, saiu com umas colegas. — informa a mãe de Saianara demonstrando que não sabe de nada do que está acontecendo com a filha. Como os pais podem ser tão desligados em uma geração tão tecnológica? Eu a agradeço, e ela fecha a porta.

Viro as costas e sigo meu caminho, mas Noah continua a me seguir.
— Você vai aonde agora? — pergunta ele.

— Pra minha casa. — Continuo andando sem olhar para ele, tentando fazer com que ele perceba que não quero sua companhia.

— Você pode ir a um lugar comigo? — Sorri de lado pensando que talvez eu esteja gostando dele ou algo do tipo.

— Não, preciso ir para casa. — Sinceramente não teria nada de interessante, mas o que Noah poderia me oferecer?
— Vamos. — insiste e abre ainda mais o sorriso de dentes quase de porcelana. Acabo sorrindo também.
Aceito o convite com uma leve impressão de amizade surgindo, de um modo estranho, porém não deixa de ser uma amizade. Um pensamento me incomoda. Aonde estamos indo?Entramos na mata e começamos a caminhar em direção a um rio estreito de águas claras com alguns peixes coloridos. O dia está bem claro, mas a noite já se aproxima. Isso não parece incomodar Noah, que caminha na mata destemido com um olhar sério e paciente.

— Isso está me parecendo longe demais. — resmungo quebrando um galho que se atreve a entrar em minha frente.
— Calma, já estamos chegando.

— Por que eu? — Uma dúvida me perturba atrás da resposta.

— Eu? — Ele se faz de desentendido.

— É sério, cara!  — Viro-me para olhar seu rosto, e ele se inclina para baixo. Ele é bem alto, melhor dizendo, mais alto do que eu. Noah segura minhas mãos sorrindo, me vira de costas para ele e me coloca de frente para o rio.

— Aqui é o lugar! — Ele me vira de frente pra ele de novo. Agora suas mãos seguram a minha cintura, me deixando parecer frágil. Esse lugar é mágico. As árvores me fazem sonhar, um ar fresco bate em meu rosto alvoroçando meus cabelos ruivos. Esse penhasco é muito alto, eu posso ver toda a cidade de Santa Catarina daqui. As luzes deixam tudo mais bonito.

— Me solta! — Afasto-me para trás com os braços soltos.
— Tudo bem! — Noah recua.
— Desculpa! — Preciso ir... Lugar bacana! — Assim que termino de olhar tudo ao meu redor, vou em direção à estrada por onde havíamos entrado.

Isso nem de longe é um encontro romântico. — Me diga seu número, aí qualquer coisa eu te ligo. — Ele tira o celular do bolso para anotar o meu número. Será que ele não percebe que não é meu amigo? O problema é que eu não consigo pensar rápido e sou bastante complicada. Às vezes brigo comigo mesma me olhando no espelho e sempre apanho.

Informo meu número e logo depois continuo andando em direção à estrada.

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CONTÍNUA...

OBRIGADO PELO CARINHO PESSOAL!!!!

ME SINTO ABRAÇADO A CADA VOTO E  A CADA COMENTÁRIO SEU!

😘😘😍❤️❤️

UM ROMANCE POR ACASO.Onde histórias criam vida. Descubra agora