CAPÍTULO 2. PARTE (4)

82 28 22
                                    

¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤♡

Adriano aparece saindo do círculo de amigos e sorri em êxtase ao ver o quanto eu me importo com meu carro. Ele segura um taco de beisebol na mão esquerda enquanto a outra toma um cigarro de maconha que estava na mão do garoto ao seu lado. — Duki! — Meus olhos enchem de lágrimas. Não consigo ter nenhuma reação no momento, é como se eu não estivesse aqui.

Adriano se aproxima de mim e sopra a fumaça de maconha em meu rosto. Sua namorada se destaca ao ficar ao meu lado com as mãos na cintura olhando para situação do meu carro. — Adriano você poderia trabalhar no quadro "construindo um sonho". Você não acha, Ketherine? Ele sabe como renovar um carro e deixar a cara do dono. — Jasmyne sorri para Adriano, que continua a soprar a fumaça em meu rosto sem esboçar emoção alguma. Esse carro é uma lembrança muito forte do meu pai e do meu avô, não consigo suportar a ideia de o Adriano ter destruído o meu carro.

— Eu deixei claro, posso ser pior do que você nesse jogo. — ele sussurra em minha orelha. Depois se afasta para trás, levantando os braços como vitorioso, enquanto seus colegas gritam eletrizados.

— Eu acho que posso fazer melhor. — diz Jasmyne, arrancando o taco de beisebol da mão de Adriano e indo em direção ao meu carro. Ela levanta o taco até o alto, proporcionando mais impacto para quando fosse quebrar o para-brisa. Imediatamente me atiro em sua frente segurando o seus braços, tomo o taco de suas mãos e redireciono para Adriano, que abre os braços com um sorriso sarcástico duvidando de mim. — Vai me bater? — Todos olham apavorados com minha reação. — Vou te matar! — grito com toda minha força na hora da raiva. Saianara atravessa na minha frente antes mesmo que eu possa investir toda a minha revolta em Adriano. — Ketherine, calma! — Saianara me olha com um olhar complacente. — Saianara, ele acabou com o meu carro. — digo quase em lágrimas. Saianara está assustada com minha atitude, como todos os outros alunos. — Você não é igual a ele. — Saianara tenta me acalmar com as suas mãos inquietas. — Você tem até amanhã para consertar o meu carro. — ordena Adriano, indo embora com seu grupo de amigos barulhentos. Volto a olhar para o meu carro com uma postura mais forte. Eu preciso ser forte. Meu reflexo se apresenta na lataria da porta do carro, e consigo ter uma visão do meu pai segurando no meu ombro, pedindo para me acalmar e focar na solução daquele problema que está me deixando sufocada. É como se eu pudesse ouvir o som da sua voz me dizendo que ele havia criado uma guerreira que sempre irá se defender, independentemente das circunstâncias da vida.

Me aproximo do carro e o toco com os dedos enquanto seguro minhas lágrimas que insistem em rolar pelo o meu rosto. Preciso ter tudo sobre controle mesmo que por um curto período. Preciso fazer isso para assustar algumas opiniões negativas. — Você aceita uma carona? — pergunta Beatriz com sua felicidade extravasante. — Sim. — Olho para o meu carro reelaborando alguma ideia para a minha vingança. Muitos falam que a vingança não é a coisa mais certa a se fazer em algumas situações, mas, se paramos para pensar, vamos descobrir que a vingança é a consequência dos atos; se não existe consequência, raramente haverá mudança. Pego dentro do porta-malas uma corda, que utilizo para prender o Duki no carro de Beatriz estacionado a dois metros do meu. Me agacho em seguida e apanho o cigarro que Adriano havia jogado no chão no momento da discussão. — O que você vai fazer? — Beatriz arreganha os olhos por trás dos óculos, totalmente amedrontada. — Nada demais. — respondo com o cigarro entre os dedos. A minha feição é de satisfação. — Você não pode se arriscar desse jeito. — Beatriz se aproxima de mim tentando entender o que eu estava prestes a fazer. — Como meu pai dizia, a escuridão sempre existiu, então não posso ter medo de me arriscar. — Sorrio de lado com os olhos brilhando de felicidade, enquanto Beatriz quer respostas do que realmente estou planejando. Entramos em seu carro pequeno e novo. Um cheiro de perfume invade as minhas narinas, me fazendo espirrar. Os bancos são estampados com tecido roxo, o carro é feliz, a cara de Saianara.

    Beatriz continua assustada enquanto eu transmito equilíbrio emocional. Meu carro é estacionado do lado de fora da faculdade com a ajuda dela, a quem imediatamente eu agradeço pela boa vontade. Não é difícil encontrar o automóvel de Adriano, ainda mais com aquele estrago no para-brisa que de certo só havia no carro dele. Está estacionado em uma área particular, bastante afastado dos outros automóveis. Olho para o cigarro que está em minha mão e percebo que ele já está se apagando. À minha esquerda, uma garota de cabelos azuis com mechas rosas brinca com um isqueiro, o que me dá a ideia de provocar algo melhor que esvaziar pneus. Caminho até ela oferecendo vinte reais no isqueiro. A garota estranha, porém aceita o meu único dinheiro.

  Adriano conversa com o seu grupinho animado e outras pessoas que certamente são os novatos tentando se enturmar. O bom de tudo é que todos estão afastados dos seus carros. — Eu sou doida, não assassina. — penso alto. Prossigo até o carro de Adriano com um plano perfeito. — Vou consertar o seu carro, babaca. — esbravejo ao olhar para o carro. Puxo o cinto da minha calça e depois arranco brutamente a fivela, que uso para abrir o motor do carro. Ao abrir, puxo a mangueira de gasolina, rasgo um pedaço do tecido da minha camiseta e coloco dentro do cano. Uso o isqueiro pra começar uma pequena chama na ponta do tecido e em seguida me afasto para trás, fechando o motor. Ouço um estrondo acompanhado de um som de alarme. Uma sensação de harmonia faz a minha aura satisfeita nesse momento. Caminho em pequenos passos para fora da faculdade enquanto todos os alunos se desesperam pela explosão do carro agora em chamas. Um barulho maior repercute, fazendo voar pedaços do automóvel para todos os lados e pela distância dos outros carros eles se salvam.

Saianara me informa por uma mensagem no celular que a polícia foi até a faculdade para investigar sobre o incidente do carro de Adriano. Graças ao cigarro dele, a culpa caiu no descuido do mesmo, tornando-o responsável pelo acontecido. "Mais um vacilo dele causaria sua expulsão", leio a última frase em estado de êxtase.


---------------*********♡____________

Obrigado por você que chegou até aqui lendo este livro! Qual fiz com muito carinho...

❤❤❤❤❤❤❤❤❤❤

UM ROMANCE POR ACASO.Onde histórias criam vida. Descubra agora