UM ROMANCE POR ACASO.

POR ACASO UMA AMIZADE.

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— Legal! — digo me aproximando da garota, que parece admirada com seu trabalho. — Ainda nem está pronto. — responde com um sorriso de lábios fechados. — Estou me referido a você. Acho bacana você estar fazendo curso de mecânica. — Sorrio pegando uma chave de fenda e dando em suas mãos para que ela terminasse de parafusar o motor.

 — Meu nome é Suzana Martins. — ela se apresenta sorridente. 

— Ketherine Davis. — me apresento, a cumprimentando com um aperto de mão.

Na sala há poucas pessoas, até porque é bem difícil ter alguém na cidade que se interesse por mecânica. Só existem dois tipos de sonhos para os jovens desta cidade: para os garotos, ser jogador de futebol; para as garotas, ser amante ou esposa traída de jogador.

     Há seis mesas, e em cada uma se acomodam duplas organizando ideias para serem expostas em peças e outros materiais.

A sala tem um espaço muito bom, apesar de parecer pequena. Um motor de carro se destaca próximo à lousa. Depois de algumas horas, o sinal toca, fazendo o professor nos liberar. Tudo o que não quero agora é voltar para casa e encontrar minha mãe e sua patética história de arrependimento. — Ketherine? — uma voz feminina me grita. — Suzana. — Viro-me com um sorriso largo. Os raios do sol escondem meu rosto. — Você tem alguma coisa para fazer agora? — pergunta com um tom de voz baixo e cansado. — Nada. — defino a minha vida em uma só palavra. — Eu gostaria de conversar um pouco com você. — fala com as mãos guardadas nos bolsos da sua jaqueta jeans.

— Tudo bem! Você aceita uma carona? — pergunto mesmo me sentindo um pouco invasiva. — Sim — responde caminhando na minha frente.

Entro no carro do mesmo jeito de sempre, o que faz Suzana sorrir, achando aquilo bem estranho para uma garota rica como eu aparento ser.

— Por que o seu carro está com essa mancha rosa? — Ela rodeia o carro e entra da mesma forma que eu havia entrado. — Nada contra.  — justifica dentro do carro e se mostra confortável. Ela é diferente de Saianara, tem um estilo bem parecido com o meu. — Foi um babaca da minha faculdade. — respondo com um tom irônico. Acelero o carro para o lugar aonde Suzana guiava com o seu dedo indicador. Seus cabelos castanhos curtos, pouco abaixo dos ombros, poderiam chamar a atenção de qualquer pessoa. Ela possui um charme que me penetra a alma de um jeito avassalador.

Entro em uma estrada de terra que me leva para os trilhos da linha de ferro abandonada há quase dezesseis anos. Suzana grita avisando que já tinha chegado ao seu lugar preferido. Estaciono o carro próximo a um sinalizador de trem que está quebrado. — Que lugar é esse? — Fico um pouco curiosa para saber mais.

Eu me sinto tranquila mesmo não sabendo ao certo quem é essa garota. — Você saiu com uma estranha. Eu posso ser muito perigosa. — Ela liga a rádio do meu carro e uma música chamada Colors, da cantora Halsey, começa a tocar.

— Sendo melhor que minha mãe, por mim está tudo bem! — Sorrimos uma para a outra. Suzana parece me compreender em assuntos de família. — Me diga um jovem com uma boa relação com os seus pais. — pergunta Suzana, aumentando o som do carro para ser eletrizada pelas batidas do refrão da canção. — Será que existe? — retribuo a pergunta com outra. — O mundo... é muito... grande. — Ela pausa a frase a cada palavra, como se estivesse com dificuldades para pronunciar. — Verdade. — concordo sem olhar para ela, que me observa. Suzana sai do carro pela janela novamente, em seguida faço o mesmo. O sol já havia sumido, a noite está por perto. Santa Catarina é tão fria que faz as minhas pernas ficarem presas no chão como se eu não as tivesse. Suzana pega um cigarro no seu bolso jeans esquerdo e acende para que possa tragá-lo. — Você está há quanto tempo aqui? — Estou muito curiosa, gostaria de saber um pouco com quem eu estava andando. — Me mudei há três dias. O suficiente para perceber que aqui é o inferno. — fala desanimada, pensando em algo desconhecido para mim.— Como assim inferno? — insisto.— De gente bonita e sexy — sussurra delicadamente, fazendo meu corpo congelar imediatamente.