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Entro na igreja com uma calça preta, uma camiseta branca e um casaco jeans escuro por cima. Há muitas pessoas desconhecidas. Os discursos ainda não haviam começado.
— Oi! — Suzana aparece ao meu lado transparecendo estar tensa com a situação. Seus cabelos estão mais curtos e sua maquiagem mais pesada que o normal, aparentando estar mais atraente.
— Você leva anos para sonhar e décadas para realizar enquanto a morte leva segundos para acabar com tudo. — Deixo uma lágrima rolar do meu olho esquerdo. A situação na qual me encontro me faz lembrar do meu pai, e isso me deixa triste.
— Verdade. — concorda com um olhar triste. Nós duas nos aproximamos do caixão onde está o corpo de Miguel. Ele parece dormir um sono profundo. Sua mãe grita chorando sobre o caixão enquanto seu pai passa várias vezes as mãos no rosto para limpar as lágrimas que escorrem descontroladamente. Suzana começa a chorar assim que coloca a mão sobre as mãos de Miguel cruzadas sobre o corpo. Abraço minha amiga, transmitindo conforto, mesmo que por alguns segundos.
A mãe de Miguel, com um vestido preto abaixo dos joelhos e os cabelos presos em um coque despojado, é a primeira a fazer o discurso. Ela olha para todos dentro da igreja pequena e começa a chorar. O esposo aparece ao seu lado e a abraça, colocando a cabeça dela sobre o seu peito para descansar. Depois de alguns segundos ela se volta para frente do microfone um pouco mais consolada. Rapidamente as lembranças do meu pai vêm à minha mente. Como tinha sido difícil falar aquele discurso, com várias memórias boas para serem resumidas em um momento ruim.
— Se eu pudesse voltar atrás, iria preferir que meu filho fosse gay a que ele estivesse morto. Hoje eu sei como é duro. Desculpa, Miguel. — Ela se aproxima do caixão e começa a enchê-lo de beijos e lágrimas, como Miguel havia pedido na carta. Ela volta a se posicionar em frente a todos e na tentativa de se pronunciar, algo a impende. Uma dor, um soluço dramático, um remorso por todas as vezes que ela se negou a dizer o que de fato ela gostaria de dizer ao seu filho com vida. - As vezes só queremos o melhor para eles. Para os nossos anjinhos, mas o melhor para eles sempre será sobre ouvir eles, sobre respeitar eles pelo simples fato serem quem são. Não foi uma escolha do meu filho ser recusado pela própria mãe, mas foi uma escolha minha o recusar. Hoje, a minha religião, os meus achismos e toda essa ideologia que eu me permitir ser presa por muito tempo, são incapazes de me confortar ou trazer o meu filho de volta. - os pais de Miguel se abraçam para se confortarem em seus arrependimentos.
Todos dentro da igreja estão chorando, demonstrando o quanto Miguel era amado, mas não sabia. Infelizmente não podemos pedir que uma pessoa nos ame da mesma forma que nós os amamos, cada pessoa tem uma maneira diferente de demonstrar o seu amor.
Todos se despedem de Miguel, vários discursos são feitos. As pessoas se aproximam do caixão dando beijos e até mesmo colocando uma fita azul que Miguel sempre usava no pulso, mas que não estava com ele no dia de sua morte. A mãe se aproxima do caixão novamente e coloca nas mãos do filho a fita azul que ele havia deixado em cima da cama. Neste momento, ela se lembra das broncas que havia dado nele sem nunca reconhecer que estava errada. O pai aparece por cima do ombro dela e a abraça novamente. Agora ambos seguram uma das mãos de Miguel.
Eu aproveito para ir embora a pé, a distancia da igreja para a minha casa é perto. Penso assim ao caminhar. Uma voz feminina grita logo atrás de mim, e me viro de imediato.
— Preciso falar com você. — Suzana fala do mesmo jeito como quando nos conhecemos, com uma voz cansada e inquieta.
— O quê? — pergunto colocando uma mecha de cabelo ruivo para trás da orelha.
— Eu não quero ter o mesmo fim que o Miguel. Não quero agradar ninguém, mesmo que eu os ame. Preciso ser feliz. — Ela me abraça muito forte e depois limpa as lágrimas.
— Você vai para aonde? — pergunto percebendo que eu iria sentir muita saudades.
— Vou atrás da Gaby. — Abre um sorriso largo, revelando os seus dentes brancos.
— Vou te esperar. — Eu a abraço novamente e me afasto, dando um beijo em sua testa.
— Isso é um tchau? — Um tom de pergunta soa sobre ambas.
— Devemos nos despedir direito, você não acha? — falo sem pensar. Começamos a caminhar, ambas na mesma direção, até um tronco próximo à igreja no qual dava para sentar. — Seria normal se nós estivéssemos falando do Miguel? — Coloco meus cabelos de lado para o vento não bagunçá-los ainda mais.
— Acredito que ele não gostaria disso. Ele é feliz agora no lugar onde está. — Suzana sorri e acaricia meu rosto com uma de suas mãos delicadas.
— Ketherine, você é demais! — Ela se aproxima para me beijar, porém me afasto para trás.
— Eu só sou a Ketherine Davis. — sorrio descansando os meus ombros.
— Obrigada por tudo! — Suzana olha nos meus olhos, como se pudesse ver minha alma.
— Seja feliz! — Seguro nas mãos de Suzana ainda olhando para ela, por mais difícil que seja por causa dos raios do sol. — Estou feliz por você! — Uma hesitação prolongada com um grande sorriso de ambas.
— Eu estou feliz por você! — repete.
Suzana se levanta soltando suas mãos da minha e vai em direção a um táxi para ir até o aeroporto. Sorrio enquanto a vejo entrar no táxi. Certamente ela está abraçando sua felicidade.
O mundo é legal, nossas atitudes que precisam ser consertadas. Eu me levanto do tronco e vou em direção à minha casa. Sinceramente, é o último lugar onde quero estar no momento.
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OBRIGADO VOCÊ QUE LEU ATÉ AQUI... SOU MUITO GRATO....
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UM ROMANCE POR ACASO.
RomanceUM ROMANCE POR ACASO. A garota de cabelos ruivos. Ketherine. Uma garota impulsiva e autoconfiante, uma jovem lutando em segredo para ser amada. Descobrir a sua verdadeira historia seria a pior parte depois do luto. Agora ela terá que lidar...