10 CAPÍTULO. (2) PARTE.

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Ao abrir a porta, me deparo com uma sala pequena com dois sofás formando um quadrado no meio. Sua casa é simples, mas bem confortante.

Eu me sinto bem com aquele piso de madeira, em harmonia comigo mesma.
— Esqueci de falar que só temos garotos. — diz quando o seguro no ombro e o faço olhar para mim.

— Não tem problema! — Sorrio o abraçando e desejando feliz aniversário.
Nós nos sentamos ao redor da mesa onde os colegas de Noah estavam jogando cartas e falando sobre os seus pênis, disputando qual era o maior.

Foi essa conversa que fez Noah se envergonhar com minha presença.
— Então quando os garotos se juntam não é para falar de garotas, e sim dos seus pênis? — Faço caras e bocas, demonstrando estar impressionada com a situação.
— Não. — O garoto de olhos verdes e bochechas redondas se manifesta primeiro, mas prefere não prosseguir com o seu falatório. Em seguida, joga um pedaço de pizza no meu pescoço, começando assim uma guerra de comida.
Olho para uma mesa de madeira e vidro com várias caixas de pizza vazias sobre ela. Eu me levanto jogando pedaços de pizza neles.

Quando paramos a guerra de pizza, nos jogamos no sofá gargalhando.
— Você é uma garota diferente. — diz o garoto de cabelos loiros segurando meus pés, sentado no chão com as costas no sofá.

Noah está na cozinha lavando louças enquanto jogo com seus amigos. Eu me levanto e vou em direção à ele.
— Então aqui o aniversariante lava a louça? — pergunto me encostando à porta da geladeira.

— Talvez seja o certo. — Ele sorri de costas para mim.

— Brigada pelo convite, sua festa foi muito boa! — Sorrio me afastando da geladeira pra voltar para sala.

Noah se vira me segurando pelo braço antes que eu saia da cozinha. — Muito boa? — Ele espera muito mais que um simples boa.
— Foi ótima! — Sorrio e logo em seguida olho para o relógio no pulso de Noah, que já marca meia-noite.

— Preciso ir. — No caminho para a saída, todos se despedem de mim. Já está bem tarde, preciso voltar para casa, até porque minha mãe continua bem chata em relação às saídas à noite.

— Brigado por ter vindo. — diz ele agradecendo minha presença com um abraço que dessa vez eu havia permitido.

— Tudo bem, Noah!

— Aquele é mesmo o seu número? — Noah me faz lembrar dos foras que eu havia dado nele pelo celular.

— Sim!

Entro no carro, ligo o motor e deixo toda a conversa para trás. Sorrio ao me lembrar do quanto havia me divertido com Noah. Eu nunca poderia me imaginar em uma situação daquelas. Ele tinha despertado algo muito forte em mim.

— Então como foi na casa dele? Voltou muito rápido. — Minha mãe aparece saindo da sala com uma xícara de chá.Tento ficar séria, mas não consigo.
— Por favor! — Subo as escadas em direção ao meu quarto, dando de ombros para aquela conversa.

Despeço-me do meu dia para que o outro entre com mais energia ou até mesmo com mais Noah. Meus pensamentos fluem perversidades.
Deito-me na cama e começo a sentir meu celular vibrar. Assim que o tiro do bolso, vejo uma mensagem do Noah. Dessa vez é tudo diferente. Antes eram apenas dúvidas, agora é certeza.
Ele me liga, e começamos a conversar.

— Boa noite!
— Boa!
— Gostei muito da sua visita, espero que seja a primeira de muitas...

— Foi legal!

— Você pensou sobre o assunto? Sobre o carro? Não queria ser intrometido, mas precisava ser verdadeiro com você.

— Sim, acredito que você tenha razão. Eu vou me desfazer dele amanhã.

— Posso ir com você? Claro, se não for te incomodar.

— Sim! Pode ir comigo.

— Você está deitada agora? Ou resolveu passar na casa de sua amiga que tem uma placa com o nome dela na porta?

— Estou deitada... Engraçadinho!

— Que bom, assim posso ter bons sonhos. Minha imaginação é muito boa.
— Noah!

— Oi!

— Vai dormir...

— Estou muito feliz por você ter lido minhas mensagens!

— Ai ai!

— Amanhã então nos encontramos.

— Não diria um encontro, porém situações...

— Não se esqueça de falar o meu nome amanhã!

— Noah?

— Oi.

Desligo o celular e o coloco embaixo do travesseiro. Fico imaginando como seria o abraço íntimo do Noah, aquele que só daria em sua namorada. Ele é tão fofo e ao mesmo tempo tão... Estou sem palavras, que merda! Fico ofegante esperando ansiosamente pelo dia seguinte.

Não consigo mais dormir, só pensando no que eu poderia fazer amanhã. O ruim disso é que tudo que eu preparo para fazer em uma situação é tudo que eu não tenho coragem de fazer.

Os raios de sol me acordam bem cedo. Tomo um banho e visto uma calça jeans e uma camiseta xadrez vermelha com listras azuis. Quero uma roupa decente para poder sair.

Minha mãe não está em casa e hoje eu não vou para a faculdade. Mando uma mensagem para Noah avisando que já estou pronta para a nossa situação.

Não passa muito tempo e ele me avisa pelo celular que está na porta da minha casa. Eu não poderia acreditar naquilo, é muito estranho para mim um garoto me esperando.

Nós dois entramos no meu carro e logo pegamos a estrada. Num acordo silencioso, ambos olhamos para frente admirando a vista que aparece a cada esquina.

— Eu quero te pedir desculpas! Por ter te ignorado no celular. — Arrependida, estico uma das minhas mãos para um aperto de mãos. Ele sorri como se aquilo não precisasse acontecer. Insisto com a mão para o lado dele em forma de arrependimento sincero.
— Perdoar? Perdoamos. Mas esquecer... ai já é outra coisa. — Noah fica sério olhando para frente com aspecto de bravo, e eu logo me calo.

— Estou brincando, é porque uma hora a gente cansa de ser um "tanto faz" na vida das pessoas. — Ele levanta as duas sobrancelhas com um olhar sarcástico e pega na minha mão cansada de ficar esticada.

— Tudo bem! Já pedi desculpas. — mostro impaciência.

— Aceito suas desculpas, dona Ketherine.

Eu estaciono em frente ao curso de mecânica. Não existe lugar melhor para o meu carro. Meus olhos se alegram ao ver aquele lugar novamente. — Eu não preciso me desfazer dele. Só preciso renová-lo. — ironizo sorrindo e saindo pela janela.

Muitos dos meus colegas do curso vieram me ajudar, todos com uniformes brancos e luvas azuis. Noah sai pela janela tentando ajudar no conserto do carro. Depois de sete horas, meu carro sai da estação renovado, com uma pintura nova e com os pneus de fazer inveja a qualquer outro carro.

O Duki estava novo de verdade dessa vez.
— Só falta uma coisa. — Puxo do bolso uma fotografia que o meu avô havia tirado antes de morrer ao lado de Duki e a coloco dentro pendurada no retrovisor interno com uma cordinha azul, que balança de um lado para o outro.
— Agora está pronto. — Fico satisfeita e abraço Noah, que acaba me dando um selinho no calor do momento.

Com isso, nos afastamos cada um para um lado. — Temos que ir. — Noah sorri de lado um pouco tímido depois do acontecido.

Meus sentimentos estão confusos. Olho para ele e a única coisa que consigo imaginar são meus lábios sobre os dele.
Ele segura na minha mão dentro do carro e nos encaramos por alguns segundos, como se estivéssemos na frente de um espelho olhando os nossos próprios reflexos.
Sua boca se cala, não por não querer mais falar, mas sim porque as palavras não saem de seus lábios.
O ar torna-se pesado, impossível de respirar. O cômodo, muito pequeno para as duas almas confusas.
Ele para por um segundo e fecha os olhos. Tudo o que consigo ouvir é sua respiração descompensada.

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CONTINUA...

O FIM REALMENTE SE APROXIMA.

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UM ROMANCE POR ACASO.Onde histórias criam vida. Descubra agora