Capítulo 47

540 86 21
                                    

-ooOoo-


3 ANO DEPOIS

Já fazia alguns meses que o Noah foi embora e eu estava sofrendo, claro que não ia falar aquilo em voz alta, mas eu estava. Mesmo estando feliz que eu raramente iria ver aquela cara ao vivo, meu coração apertava por pensar que ele estava em outro estado sem nenhuma supervisão.

— Por que está com essa cara de maracujá de gaveta? — Bernardo se sentou ao meu lado.

Eu estava tão entorpecido pela saudade que eu nem liguei para o elogio que eu ensinei a ele. Mas no meu interior a minha personalidade legal teve que ser segurada pela personalidade sonsa.

— É o Noah de novo? — eu apenas concordei com a cabeça. — Pai... Foi você mesmo que me disse que ele cresceu, que ele agora é um homem de verdade casado e com uma família, ele também tem um emprego e está muito feliz. Não tem por que ficar assim.

— Eu dei tudo para ele... E o merda nem pensou em morar em um lugar mais perto, tinha que ir para Nova Iorque? Aquele ingrato. Quem foi que aguento ele todos esses naos? Quem foi que impediu ele de se tornar um marginal? Quem foi que bateu na cara dele quando precisou? Isso mesmo! Foi tudo eu.

Bernado que passou a mão na minha cabeça e fez careta.

— Tá passando vergonha.

— Como é que é?

Esse menino tem apenas 9 anos de idade. Como pode chegar em mim e  dizer que eu estou passando vergonha. Quem ele acha que é para falar alguma coisa desse tipo?  

— Está sim. Todos estão felizes por que eles se formaram e enfim se tornaram gente grande e você está ai sofrendo por ele. Queria o quê? Que ele vivesse na barra da sua saia pelo resto da vida?

— Eu... Eu não uso saia!

— O que eu estou querendo dizer é. Fique feliz pelo Noah, se ele está assim hoje é por que você fez um bom trabalho como pai, que todo esforço que você fez valeu a pena! — ele disse passando a mão em meus cabelos.

Eu me levantei rápido e fiquei olhando para ele.

— Você só tem nove anos, como pode ser tão desenvolvido assim?

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Você me colocou em uma escola preparatória, em um curso de boas maneiras, em uma aula de natação, no curso de francês,  na aula de música, na aula de dança, depois em mais uma escola de boas maneiras e me pergunta como eu posso ser tão desenvolvido? — ele se levantou. — Me poupe, se poupe, nos poupe.

"Ele realmente falou assim com a gente?"

"Se acalma Diego... Você já está velho. Olha o coração.

"Velho é o seu passado."

"Revirando os olhos para você."

"Não me segura, não me segura."

— Pelo visto essa escola de boas maneiras não está dando muito certo para você!

— Está sim! Isso aqui eu aprendi em casa com você.

Quando eu fui responder eu ouvi um barulho muito alto vindo da escada. Logo Thabata aparece no nosso campo de visão descendo os degraus rolando. Logo ela se levanta e arruma os cabelo e ajeita seu óculos abrindo um enorme sorriso.

— Não se preocupem, não machucou nada. Estou bem.

— E quem disse que eu estou preocupado? — eu perguntei para ela que sorriu.

Diego no País das Maravilhas!Onde histórias criam vida. Descubra agora