Capítulo 21

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Mais alguns meses se passaram até eu descobri que Marcelo saiu da casa, mas ainda sim estava com depressão, ele não estava falando muito e ainda estava afastado de todos. Kendra disse para arrumarmos um homem para ele, mas acho que ele teria que arrumar sozinho.

— Marcelo voltou a trabalhar essa semana — Rafael disse fazendo carinho na minha cabeça.

— Eu sei, a Kendra me disse. 

— Ele está estranho...

— Isso é normal amor. Ele sofreu uma perda muito grande. 

— Sim, eu sei, mas não é disso que eu estou falando.

Eu me sentei na cama e liguei a TV para procurar algum desenho legal, tinha desenhos bons, estava passando UP, Toy Story e Valente. Estava me desdobrando para conseguir assistir os três.

— Então está falando do que?

— Eu acho que ele está de caso com o assistente dele.

— Mas já?

— Diego, ele tem o direito. Já faz mais de 7 meses desde a morte do David.

— Eu sei disso meu amor. Eu estou falando do fato dele ter voltado para o trabalho essa semana.

— Mas a gente não escolhe por quem se apaixona... Eu mesmo, me apaixonei por você assim que eu te vi. Caso contrario eu não teria te levado para o hospital e te colocado dentro da minha casa.

Eu abri um enorme sorriso e me deitei por cima dele. Passei minhas pernas em volta do seu quadril e ele segurou minha cintura com força.

— Então você se apaixonou por mim desde a primeira vez que nos vimos? Mesmo eu sendo gordinho e perturbado espiritualmente? — eu disse passando a mão em seus cabelos e no seu rosto.

— Desde a primeira vez que eu te vi, senti que tinha algo de especial em você... Senti que você iria mudar a minha vida.

Eu dei um beijo em sua testa testa e logo em seguida ele me beijou. Passei meus braços em volta do seu pescoço e ele colocou as mãos dentro da minha cueca. Quando eu estava prestes a tirá-la, ouvimos um barulho estranho vindo da cozinha.

— O que foi isso? — eu me soltei dele e me levantei.

— Não sei... Vem, vamos ver.

— O quê?

— Se for um ladrão a gente pega ele.

— E se tiver uma arma?

— A gente morre junto.

Ele disse determinado e pegou a vassoura que estava dentro do banheiro. 

Não gosto quando Rafael fica determinado dessa maneira, ele se torna louco e quem morre sou eu. Quando chegamos na sala de jantar, uma pequena sombra passou por nós na velocidade da luz e eu tive a total noção de que estávamos lidando com um assassino.

— É um rato... UM RATO.

Eu comecei a correr de um lado para o outro como se fosse um doente mental. Rafael começou a correr de um lado para o outro atrás do pequeno animal que para mim era enorme. Tipo enorme mesmo, se colocasse uma coleira ia parecer um chiuaua.

— RAFAEL MATA ESSE MONSTRO — eu disse correndo de um lado para o outro.

— Calma Diego é só um rato — ele diz procurando em baixo do balcão da cozinha.

— Só um rato? Só um rato? Esse bicho é um enviado de Satanás, parente direto do Capiroto, Ancestral da Kendra... E ainda por cima transmite doenças... Então não é só um rato! Não é só um rato!

Eu disse em cima da mesa de vidro olhando para os lados.

— Eu não acredito nisso, nós íamos ter uma noite maravilhosa... E sai de cima dessa mesa por que vai quebrar.

— Está me chamando de gordo? — eu perguntei chocado.

Não pude acreditar no que tinha acabo de ouvir. Eu ainda fazia o maldito tratamento, eu estava conseguindo me curar aos poucos desse maldito complexo que ainda persegue minha vida e esse animal me chama de gordo?

Antes que ele pudesse concertar seu erro, eu corri para o banheiro. O que foi um momento de loucura já que a criatura toxica ainda estava entre nós.

Fiquei me olhando no espelho.

Sei que estava magro, mas por que ainda me via gordo? Por que ainda tinha essa maldita fixação por gordura? Eram tantas perguntas, mas naquele momento eu não queria responder nenhuma. Fui em direção ao vaso sanitário e fiquei olhando para a porcelana branca.

— Abre essa porta agora Diego — ele diz socando a porta. — Você sabe muito bem que eu não te chamei de gordo e nem insinuei isso.

— Me deixa Rafael.

Em uma última tentativa ele da mais um empurrão na porta e ela acaba abrindo. 

Mais tarde ele iria se arrepender por ter feito aquilo.

Rafael foi até mim e me deu um abraço apertado enquanto me pedia desculpas. Ele me disse que juntos nós íamos superar essa doença e disse que ia ficar tudo bem. Quando eu já estava mais calmo eu o abracei forte.

— Eu te amo meu Ninfeto — ele diz sorrindo e me beija, quando eu olho para trás dele eu vejo o rato nos observando da porta do banheiro.

— HAAAAAAAAA — eu grito empurrando o Rafael que cai pra trás.

— O que foi?— ele me pergunta ainda no chão.

— Se você não matar esse rato eu vou embora dessa casa — eu digo em um tom ameaçador. — Juro por Deus que nunca mais vai me ver na vida.

— Eu vou chamar o exterminador.

— Mas nós vamos ter que passar um tempo fora... Seja homem e mate o rato! — eu não estava nem um pouco afim de passar minha semana em um hotel.

— Não tem problema, ficamos na casa do Samuel — ele nem ligou para a minha ofensa...

— Nem pensar, você acha que eu vou aguentar a Kendra gritando no meu ouvido?

— Mas ela é sua melhor amiga — o sonso disse como se não a conhecesse.

— Não a torna menos barraqueira, e você sabe como é o Samuel! Ele vai dar em cima de tudo que ver pela frente, Kendra vai ficar louca e eu não estou disposto a ter que lidar com isso — eu digo pegando a sua mão e ajudando ele a se levantar.

— Então amanhã eu vou falar com o Marcelo e ver se ele pode nos abrigar ok?

— Sim — digo sorrindo e dando um beijo no nariz dele.

— Agora vamos voltar de onde paramos — diz ele apertando minha bunda.

— Nem fodendo, ou você acha que eu fazer sexo com você com o rato nos observando?

Quando eu disse isso ele me olhou com cara feia e ficou emburrado.

Eu nem liguei para a sua cara, eu estava mais preocupado com o Stuart Little que estava fazendo guarda na nossa casa. Obriguei ele a me pegar no colo e me levar de volta para o quarto, por que não estava nem um pouco afim de pisar em um chão ratado, mas não estava mesmo. 

XXX

Essa foi a primeira cena que eu escrevi do Diego e do Rafael em AEA... Bons tempos.

Diego no País das Maravilhas!Onde histórias criam vida. Descubra agora