Crossed Destinies

Capítulo 10 - A Decisão

Rochelle

Mais tarde daquele dia, resolvi sair de meu 'confinamento' e decidi preparar algo para comer, pois aquela comida de uma hora atrás não estava dando conta. Desço as escadas e vou até a dispensa, mas ao abri-la percebo que já estávamos chegando no alerta vermelho.

- Porcaria... pensei que duraria ainda mais uma semana - murmuro fechando a porta logo em seguida. Acabo notando algo estranho. A casa estava MUITO silenciosa.

Quando volto para a sala, avisto Thomas sentado no sofá, lendo uma revista.

- Ei, Thomas.. – digo chamando a atenção do moleque.

- Oh, Rocky! Precisa de algo? – pergunta o menino abaixando a revista e olha para mim, sorrindo.

- Me responde uma coisa baixinho, onde está Castiel e a Kitty? Esse lugar está silencioso demais pro meu gosto – digo.

- Eu não sei sobre a Kitty, mas o Cassy estava aqui há um tempo. A gente começou a ouvir um barulho e ele foi investigar e me pedir para continuar aqui. O barulho parou, mas ele ainda não voltou – responde o garoto.

- Sério? Ah, valeu pela informação, baixinho – falo, mas antes de me afastar, volto minha atenção a ele – Ah, aliás, o que está achando dessa revistinha do Superman?

- Muito legal, obrigado por ter trazido. Queria tanto ter os poderes do Clark Kent – diz imitando a pose do herói me fazendo rir.

- Um dia, quem sabe? – falo me afastando. Barulho? Mas que barulho? Eu não havia ouvido barulho algum. Como era possível?

Enquanto pensava no assunto, passando pelo corredor, eu acabo avistando uma cena um tanto inusitada para mim. Acabo encontrando os dois, um de frente para o outro perto do porão, conversando baixo e em seguida... e-eles se abraçaram? Isso era sério?

Eu acabei me escondendo e tentei prestar atenção no que falavam, porém o máximo que foi um "obrigado". Eles começam a rir e caminham lado a lado e, acabaram passando por mim sem perceberem e foram para a varanda, ainda conversando.

- Não... não pode ser o que estou pensando... mas.... será? – murmuro baixinho saindo do meu esconderijo.

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Quando estava de noite desci novamente, dessa vez me juntaria ao demais para o jantar. Ao chegar, vejo novamente Castiel e Kitty conversando baixo sobre algo que não consegui entender e, quando notaram minha presença eles se afastam um pouco me deixando ainda mais desconfiada.

- Oh... Rocky decidiu finalmente descer e comer conosco? Legal! Que que te ajude a servir? – diz Kitty olhando em minha direção. Ela parecia muito mais calma do que realmente era, o que era, no mínimo, suspeito – Sobre o que ouve mais cedo... me desculpe tá legal? É que às vezes eu falo sem pensar. E não estou com raiva por causa do tapa se quer saber.

- Aah, que bom. E, eu só desci por que percebi que estava realmente passando dos limites por não comer. E, mesmo não querendo falar, eu devo agradecer ao Castiel por ter me convencido – falo me sentando ao lado de Thomas e começo me servi de sei-lá-o-que-mas-está-com-boa-aparência.

- Uau, que bom que você decidiu parar com greve de fome – disse Kitty aliviada e em seguida dá um tapinha nas costas do ruivo – E parabéns Castiel. Você é, oficialmente, o terapeuta do grupo. Tô realmente impressionada.

- Se é isso, eu vou querer receber meus honorários agora – diz Castiel.

- Quando o mundo voltar ao normal eu te pago, tá legal? – ironiza Kitty e os dois começam a rir. Eu acabo forçando uma tosse para chamar a atenção deles.

- Er, foco! Eu queria ressaltar uma coisa com vocês, isso é, se me deixarem falar – falo demonstrando meu desconforto com os dois. Sério, desde quando eles começaram a se tratar como melhores amigos? – Eu olhei a dispensa mais cedo e, percebi que estamos bem próximos de nossa comida acabar por completo – anuncio – E acho que teremos que evitar de usar armas, pois as balas também está chegando no fim.

- É... eu percebi que estávamos começando a ficar no vermelho. Mas acho que é ainda podemos voltar à cidade é... – Kitty acaba sendo interrompida por Castiel.

- Nada disso gatinha. Lembra-se sobre o que falamos mais cedo? Nosso plano é sair daqui o mais rápido que der – fala o ruivo – Além do mais, não quero que esse lugar fique desprotegido novamente e sermos atacados.

- Eu disse minha decisão sobre isso tomate. NÃO vou deixar minha casa – insisto.

- É só uma casa pirralha. Podemos encontrar outra igual ou até melhor que essa.

- Concordo com Castiel. Rocky, temos que sair rápido daqui. Não sabemos se aquele grupo ira voltar aqui novamente – fala a morena num tom calmo.

- Para tudo! Kitty... desde quando você concorda com alguém tão facilmente? Ainda mais quando se trata do Castiel?! – digo. Se antes estava desconfiada, agora, sabia que estava rolando alguma coisa aqui e não estava gostando nem um pouco.

- Desde que me toquei no mundo ao nosso redor. Rochelle, está parecendo que estávamos brincando de casinha – argumenta.

- Mas você não decide por mim ou pela minha irmã – retruco.

- Não, eu não decido mesmo. Entretanto, estou querendo fazer você perceber o quão essa decisão é boa para as duas. Pensei comigo Rocky. Acha que sua irmã iria querer continuar aqui depois do que ela sofreu? Acha mesmo que ela vai suportar ficar aqui? – desafia a morena esperando que eu retrucasse, mas, pela primeira vez, eu tive que abaixar a cabeça. Não tinha nenhum contra-argumento que soasse plausível.

- Viu só. Você mesma sabe a resposta. Então a pergunta é o seguinte. Você vem ou não vem conosco? – pergunta Castiel também me encarando e continuo em silêncio.

Simplesmente não queria ir embora desse lugar, afinal, além de crescer aqui, eu fiz uma promessa aos meus pais que ficaria aqui e esperaria por eles, mas, também fiz a promessa que cuidaria de Roxy a qualquer custo. Me dói cogitar nisso, mas infelizmente esses cabeças-duras tinham todos os argumentos para me fazer ir com eles.

- Vocês tem razão – balbucio baixinho.

- Nós o que? Não conseguir de ouvir – diz o ruivo num tom provocativo.

- Vocês estão certos, porra! Tem toda a razão e eu vou com vocês! Felizes?! – eles se entreolham por um momento e em seguida se voltam para mim.

- Estamos - respondem em uníssono.

Passamos o restante da noite falando sobre a viagem, traçando um percurso seguro e planejando o racionamento. No final da noite, eu decido ficar de vigia, o que não agradou a morena, mas ela acabou aceitando. Passei o restante da noite sentada na varanda, observando as estrelas enquanto ouvia o som do mar ao fundo.

"Será que fiz uma boa escolha?"