Capítulo 24 - Emotions are for wimps

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Kitty

Quando Kentin resolveu 'dar um passeio' no meio das colinas com Roxanne, adivinham para quem ele pediu para ficar olhando Rochelle? Isso mesmo, eu. O pior era que, ele me disse que seria algo rápido, mas já havia se passado duas horas.

Uma parte minha estava gostando de ficar ali ao lado da morena, mas a outra parte, não queria encara-la desse jeito, em profundo coma. Esse era um constante aviso de que eu tinha falhado miseravelmente. Desde aquele dia, eu vinha tendo pesadelos horríveis, um pior que o outro, todos sempre me culpando pelo o que aconteceu com Rochelle.

Sentia que estava comendo a dormir ali sentada e para me manter despertar acabo batendo em meu rosto. Não queria dormir. NÃO PODIA dormir.

- Três semanas sem pregar os olhos... olha isso deve ser seu recorde – disse meu pai na minha frente, irônico como de costume.

- Não... estou a fim de discutir – digo já cansada – Não estou afim de fazer nada.

- Oh, a bebê vai chorar?

-...

- Você tem que aprender uma coisa, o mundo é assim, não deve ficar chorando por nada – disse papai seriamente – A vida nunca foi gentil com ninguém.

- Desde... desde quando se importa?

- Eu não sei desde quando, mas sei que ver você assim é irritante – disse ele sinceramente e continuo o olhando, cansada – Essas garotas... elas estão te deixando patética! Chegará uma hora que elas acabarão te matando.

- Elas não seriam capazes...? – digo um pouco confusa.

- Ah, elas seriam capazes sim – retruca – Esse sentimento que você acha que é 'amor' está sendo seu ponto fraco.

- Eu não vou mata-las, se é isso que está propondo.

- Ninguém citou a palavra matar, citou? – disse ele cinicamente enquanto se aproximava de mim – Estou falando para você não ser mais boazinha nem com elas, nem com ninguém desse grupinho – ele chega perto do meu ouvido e sussurra – Lembre-se que, nesse mundo, as emoções são para os fracos. Você quer ser fraca?

- Não... eu não quero – digo limpando minhas lágrimas. Por alguma razão, eu concordava com o que ele dizia.

- Gatinha! Preciso da sua ajuda! – ouço a voz de Castiel vindo do lado de fora e me levanto da cama.

- Eu já estou indo! – o respondo indo em direção a porta. Antes de sair, eu olho novamente para a direção de Rochelle, enquanto a frase que meu pai havia dito não saia da minha mente.

"Emoções são para os fracos..."

-☢-

-... E como ela está? – pergunta Castiel enquanto terminávamos de arrumar as armadilhas de zumbis em volta do nosso acampamento.

- Continua na mesma – respondo friamente enquanto tentava a armadilha – Hm... isso deve dar...

- Espero que acorde logo, já estou com saudade de chama-la de pirralha – digo dando um sorriso de canto.

- Não se preocupe, quando ela acordar, vocês poderão se xingar a vontade – digo testando as armadilhas, uma por uma.

- Eu espero.

- Castiel...? – digo chamando a atenção de novamente – Quem é Iris?

- Não quero falar sobre isso – disse de modo rude.

- Por que não?

- Pelo simples fato de não estar com vontade.

- Conte logo, ruivo – digo me voltando para ele – Eu contei sobre mim uma vez para você, mesmo não querendo. Agora é sua vez.

- Era uma amiga minha, que infelizmente não conseguiu se proteger. Irmã do Thomas, por isso ele é apegado a mim – responde ele um pouco irritado – Feliz?!

- Por hora... estou sim – digo debochadamente enquanto caminhávamos de volta para o acampamento e ele começa a resmungar.

Assim que chegamos, cada um vai para um lado. Eu dou uma volta pelo acampamento enquanto checava com as coisas andava. Não estava mais com tanto sono o que era uma coisa boa. Acabo olhando para a direção do novato, que estava sentado em um canto mais afastado dos demais e, curiosa, vou até ele.

- O que você faz sozinho? – digo o surpreendo.

- E que... prefiro ficar sozinho ás vezes – responde o rapaz se voltando para algumas flores do seu lado.

- Você não é o único – digo começando a me afastar, mas ele acaba segurando meu braço.

- Queria... te agradecer.

- Por quê?

- Não... me matar – responde baixinho soltando meu braço – E também, pode me deixar ficar.

- Só não está morto porque nos ajudou no último segundo – respondo calmamente.

- E eu só os ajudei, porque queria me livrar daquele grupo... – disse o rapaz meio cabisbaixo – Queria poder ter ajudado antes de acontecer aquilo a sua amiga. Se eu não fosse fraco...

- Você não poderia saber que aqui ia acontecer – digo friamente – E não fique assim, emoções são para os fracos – não acreditava que um dia eu iria seguir algum conselho de meu pai.

- Mas... se guardarmos nossas emoções... ficamos piores.

- Às vezes é bom não demonstrar sentimentos, porque se pessoas descobrem, elas usam isso contra a gente – respondo.

- Não concordo e nem discordo de seu argumento, mas ainda assim virar uma máquina sem sentimento não adianta nada – disse Jade e dou de ombros.

- Cada um com sua opinião.

- Concordo – responde – Sabe... você me lembra uma pessoa falando assim.

- Hm... não posso falar o mesmo – retruco e em resposta ele ri.

- Até na ironia são parecidas – diz o rapaz voltando a me encarar – Sabe, eu tenho a sensação que já nos conhecemos de algum lugar.

- Impossível, se eu tivesse te conhecido teria me lembrado.

- É... talvez seja mesmo – responde ainda sorrindo antes de se voltar para as flores e eu, para o pessoal.

Ficamos mais alguns dias ali, depois seguimos pela estrada, como sempre. Eu tinha todas as rotas em mente e, para a próxima parada que iriamos fazer, eu estimulava no máximo, um mês.

[...]

Crossed DestiniesOnde histórias criam vida. Descubra agora