Kitty
Quando Kentin resolveu 'dar um passeio' no meio das colinas com Roxanne, adivinham para quem ele pediu para ficar olhando Rochelle? Isso mesmo, eu. O pior era que, ele me disse que seria algo rápido, mas já havia se passado duas horas.
Uma parte minha estava gostando de ficar ali ao lado da morena, mas a outra parte, não queria encara-la desse jeito, em profundo coma. Esse era um constante aviso de que eu tinha falhado miseravelmente. Desde aquele dia, eu vinha tendo pesadelos horríveis, um pior que o outro, todos sempre me culpando pelo o que aconteceu com Rochelle.
Sentia que estava comendo a dormir ali sentada e para me manter despertar acabo batendo em meu rosto. Não queria dormir. NÃO PODIA dormir.
- Três semanas sem pregar os olhos... olha isso deve ser seu recorde – disse meu pai na minha frente, irônico como de costume.
- Não... estou a fim de discutir – digo já cansada – Não estou afim de fazer nada.
- Oh, a bebê vai chorar?
-...
- Você tem que aprender uma coisa, o mundo é assim, não deve ficar chorando por nada – disse papai seriamente – A vida nunca foi gentil com ninguém.
- Desde... desde quando se importa?
- Eu não sei desde quando, mas sei que ver você assim é irritante – disse ele sinceramente e continuo o olhando, cansada – Essas garotas... elas estão te deixando patética! Chegará uma hora que elas acabarão te matando.
- Elas não seriam capazes...? – digo um pouco confusa.
- Ah, elas seriam capazes sim – retruca – Esse sentimento que você acha que é 'amor' está sendo seu ponto fraco.
- Eu não vou mata-las, se é isso que está propondo.
- Ninguém citou a palavra matar, citou? – disse ele cinicamente enquanto se aproximava de mim – Estou falando para você não ser mais boazinha nem com elas, nem com ninguém desse grupinho – ele chega perto do meu ouvido e sussurra – Lembre-se que, nesse mundo, as emoções são para os fracos. Você quer ser fraca?
- Não... eu não quero – digo limpando minhas lágrimas. Por alguma razão, eu concordava com o que ele dizia.
- Gatinha! Preciso da sua ajuda! – ouço a voz de Castiel vindo do lado de fora e me levanto da cama.
- Eu já estou indo! – o respondo indo em direção a porta. Antes de sair, eu olho novamente para a direção de Rochelle, enquanto a frase que meu pai havia dito não saia da minha mente.
"Emoções são para os fracos..."
-☢-
-... E como ela está? – pergunta Castiel enquanto terminávamos de arrumar as armadilhas de zumbis em volta do nosso acampamento.
- Continua na mesma – respondo friamente enquanto tentava a armadilha – Hm... isso deve dar...
- Espero que acorde logo, já estou com saudade de chama-la de pirralha – digo dando um sorriso de canto.
- Não se preocupe, quando ela acordar, vocês poderão se xingar a vontade – digo testando as armadilhas, uma por uma.
- Eu espero.
- Castiel...? – digo chamando a atenção de novamente – Quem é Iris?
- Não quero falar sobre isso – disse de modo rude.
- Por que não?
- Pelo simples fato de não estar com vontade.
- Conte logo, ruivo – digo me voltando para ele – Eu contei sobre mim uma vez para você, mesmo não querendo. Agora é sua vez.
- Era uma amiga minha, que infelizmente não conseguiu se proteger. Irmã do Thomas, por isso ele é apegado a mim – responde ele um pouco irritado – Feliz?!
- Por hora... estou sim – digo debochadamente enquanto caminhávamos de volta para o acampamento e ele começa a resmungar.
Assim que chegamos, cada um vai para um lado. Eu dou uma volta pelo acampamento enquanto checava com as coisas andava. Não estava mais com tanto sono o que era uma coisa boa. Acabo olhando para a direção do novato, que estava sentado em um canto mais afastado dos demais e, curiosa, vou até ele.
- O que você faz sozinho? – digo o surpreendo.
- E que... prefiro ficar sozinho ás vezes – responde o rapaz se voltando para algumas flores do seu lado.
- Você não é o único – digo começando a me afastar, mas ele acaba segurando meu braço.
- Queria... te agradecer.
- Por quê?
- Não... me matar – responde baixinho soltando meu braço – E também, pode me deixar ficar.
- Só não está morto porque nos ajudou no último segundo – respondo calmamente.
- E eu só os ajudei, porque queria me livrar daquele grupo... – disse o rapaz meio cabisbaixo – Queria poder ter ajudado antes de acontecer aquilo a sua amiga. Se eu não fosse fraco...
- Você não poderia saber que aqui ia acontecer – digo friamente – E não fique assim, emoções são para os fracos – não acreditava que um dia eu iria seguir algum conselho de meu pai.
- Mas... se guardarmos nossas emoções... ficamos piores.
- Às vezes é bom não demonstrar sentimentos, porque se pessoas descobrem, elas usam isso contra a gente – respondo.
- Não concordo e nem discordo de seu argumento, mas ainda assim virar uma máquina sem sentimento não adianta nada – disse Jade e dou de ombros.
- Cada um com sua opinião.
- Concordo – responde – Sabe... você me lembra uma pessoa falando assim.
- Hm... não posso falar o mesmo – retruco e em resposta ele ri.
- Até na ironia são parecidas – diz o rapaz voltando a me encarar – Sabe, eu tenho a sensação que já nos conhecemos de algum lugar.
- Impossível, se eu tivesse te conhecido teria me lembrado.
- É... talvez seja mesmo – responde ainda sorrindo antes de se voltar para as flores e eu, para o pessoal.
Ficamos mais alguns dias ali, depois seguimos pela estrada, como sempre. Eu tinha todas as rotas em mente e, para a próxima parada que iriamos fazer, eu estimulava no máximo, um mês.
[...]
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Crossed Destinies
Hayran KurguPreparem-se todos. O apocalipse zumbi acabou de começar pelo mundo e está exterminando todos os seres que ainda respiram. Após um pedido de sua mãe, Rochelle tem como principal objetivo cuidar de sua irmã gêmea Roxanne, por ser um pouc...