Father, I'm gay

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How many special people change?

How many lives are living strange?

Where were you while we were getting high?

Champagne Supernova (Oasis)

John's POV

Saí correndo para ligar para minha mãe. Não era possível o que estava acontecendo! Eu sabia que o acordo era Voldemort me visitar uma vez por ano, mas depois de cinco anos sem me ver ele decide vir agora? 

-Oi, filho -atendeu a minha mãe.

-Pode me explicar, mamãe?

-É o acordo, amor. Ele vem amanhã -explicou. -Eu o odeio também, John.

Desliguei o telefone e fiquei pensativo. Eu não o odiava, na verdade queria conhecê-lo. Eu sei que a mamãe sempre o odiara, mas eu nunca tive a chance de realmente falar com ele e sinceramente, eu queria isso. 

Fui andando para casa ainda pensando nele. Meu pai era a razão de eu ser quem sou, sempre querendo ser o melhor. Mas por que ele nunca esteve lá? O que uma criança que ainda nem havia nascido podia ter feito de tão mau para alguém fugir? Sempre me culpei por isso, afinal se eu não existisse, ele e a minha mãe ainda estariam felizes juntos. 

Não consegui dormi, então fiz  que sempre faço quando estou insone: Fiquei olhando o Sherlock dormir pela minha janela. Ele dormia todo curvado feito um bebê e aquilo era tão fofo! Logo caí no sono e quando acordei fui ao shopping encontrar meu pai. Lá estava ele sentado.


-Oi, filhão! -Disse ele entusiasmado.

-Oi, Christopher.

-Vamos, sente-se -falou ele apontando para uma das mesas. -Então eu ouvi que você é o garoto popular da escola agora. Muito bem!

-É, eu sou sim -falei sério.

-Isso é muito importante! Eu era assim na escola. Você não tem ideia de quantas garotas vinham atrás de mim, sua mãe então... -Falou rindo.

Apenas fiquei lá ouvindo ele se vangloriando e falando de como era importante ser popular e de como a adolescência dele fora a melhor. Como era possível? Passei a minha infância inteira sonhando em conhecê-lo, pensando que em algum momento ele voltaria e a minha vida e de minha mãe seria finalmente feliz, mas isso não ocorreu. Meu Deus, o que eu estava fazendo de minha vida? Sem nem perceber, estava me tornando ele.

-...então por isso é importante implicar com as bichas da escola, filhão. Elas são um câncer para a sociedade.

Irônico, não? O filho desse cara ser uma bicha?

-Por que você veio hoje? - cortei.

-O quê?

-Por que você veio hoje? Passei esse tempo inteiro te ouvindo falar sobre ser famosinho e homofóbico, mas não descobri ainda o porquê deste miserável encontro.

-Eu queria te contar que você vai ser irmão -disse ele sorrindo.

-A mamãe está grávida e eu não fiquei sabendo?

-Não, minha esposa está grávida –explicou antes de eu começar a rir.

-Christopher, posso perguntar uma coisa?

-Claro!

-Por que você foi? –Questionei. –Não pergunte "o quê?" depois. Apenas me responda.

-Eu não fui feito para famílias, John.

-Mas você tem uma agora, não é? Passei a minha vida inteira me culpando e acreditando que fiz algo de errado, então me ajude a entender o que eu fiz de tão ruim para você me abandonar!

-Agora vai começar com chororô? Você é homem.

E finalmente tudo fez sentido. Nunca fiz nada, ele sempre foi um imbecil. Não podia deixar que eu me tornasse assim também, precisava falar com Sherlock novamente. Precisava dizer o que sentia.

-Homem? Apenas se você considerar uma bicha como homem. É, pois é, sou um desses viadinhos que você tanto abomina e acredito que você também seja, porque nada explica esse ódio por homossexuais.

-O QUÊ?! –Gritou ele.

-Isso mesmo, papai. Sou gay até o fim e se não gosta, pau no teu cu. Fui! –falei com o maior sorriso que podia dar enquanto ele apenas ficou em choque. Arrasei!

Pedalei até casa e quando cheguei apenas fiquei sorrindo pelo que fiz e comecei a ouvir música alta como sempre faço.  Estava tudo bem até que comecei a ouvir batidas frenéticas na porta.

Resolvi abrir a porta e lá estava Sherlock chorando com o rosto sangrento. Ele não parava de tremer.

-Sherlock, o que houve? –Perguntei assustado.

-Não sou louco, John. Nunca fui.

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