Johnlock, Luto e Reichenbach

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Sherlock's POV

"I try to
Laugh about it
Hiding the tears in my eyes
Because boys don't cry"

Boys Don't Cry (The Cure)

— Acontece que eu não preciso da merda da sua ajuda ou de você! Nunca precisei de você. Sou foda o suficiente sozinho.

— Você está sendo horrível.

— Fala o cara que me largou duas vezes.

Saí andando de costas, olhando-o de modo ameaçador e depois me virei. Virei-me porque não queria mais olhar para John depois que fizera aquilo. Ele era um garoto sensível e com certeza ficou magoado com o que eu disse. Mesmo assim, a culpa só me atingiu por pouquíssimos segundos. Era como se tudo que eu sentisse fosse para um lugar profundo. Como se ficassem soterrados, porque sabia que se viessem à tona, só iria me magoar.

Depois de deixar John lá, fui me encontrar com Moriarty, que estava na frente de alguns professores. Quando ele me viu, correu para mim, ficou de ponta de pés e me beijou, causando nojo entre os professores.

— Jim, eu já falei que não gosto de fazer essas coisas em público — falei.

— Nossa, Sherlock. Achei que você fosse rebelde.

Fiquei piscando rapidamente, digerindo as informações. Depois dei uma risadinha e falei:

— Foi mal, Jim. É claro que sou rebelde. Não duvide nem por um segundinho, gato.

Dei um selinho nele e depois engoli em seco. Ele estava fazendo aquilo comigo de jeito. Manipulava-me, e eu quase me sentia culpado quando "não era bom o suficiente para ele". Uma vez li um livro que dizia que aceitávamos o amor que achávamos merecer. Acho que isso podia ser aplicado nessa situação.

Mas eu fingia. Sorria e beijava-o. Andava com roupas que ele gostava e me drogava, achando-me o descolado. Dizia que não ligava para ninguém, magoava John e Mycroft, as únicas pessoas que se importavam comigo, e vivia nessa falsa felicidade.

— Ei, Sherlock, já pensou em como vai se vingar de Anderson? — perguntou Moriarty.

— Ainda não, mas ele foi o pior para mim. Me atormentou desde que cheguei a esse lugar e foi cruel com pessoas que já me foram importantes. Ele vai sofrer mais do que os outros. Isso eu garanto.

— Eu estava pensando... Você já fez isso uma vez e sei que é capaz de fazer de novo.

— Fazer o quê, Moriarty?

— Matar, Sherlock. Você já fez isso com o seu pai, não foi? E sei como se sentiu bem na hora. Toda aquela sensação de poder, aquele prazer em saber que era superior...

— Jim, eu não posso fazer isso com ele.

— Como não, Sherlock? Ele que roubou sua ficha do psiquiatra. Ele que disse para todos que você tinha problemas. Ele que te atormentou todos esses dias, te chamando de viadinho e outras coisas. Uma pessoa dessas não merece viver. Além do mais, tenho certeza de que ele ajudou Donovan a fazer aquelas coisas com Molly.

Meu coração começou a bater mais rápido. Eu sentia um ódio tão grande por Anderson! Queria poder mata-lo. Realmente queria sentir o sangue dele escorrendo, junto às suas lágrimas, e queria vê-lo recebendo o que merecia. Mas meu senso ético falou mais alto.

— Não, Jim. Não posso fazer isso.

— Você pode sim, Sherlock. Você viu como ele é. Machista e homofóbico. Te lembra alguém? É claro que sim! Lembra o seu pai — disse com um sorriso enquanto eu ficava nervoso. — Aposto que seu pai era assim durante a adolescência. Aposto também que Anderson irá crescer e se tornar o seu pai. Você quer que outro garoto cresça como você cresceu, Sherlock? Quer que outro garotinho sensível veja sua mãe morrendo por causa do pai? Só tem um jeito de impedir.

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