You killed her

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Sherlock's POV

Após John sair correndo da escola, o sinal tocou e fui à aula do professor Rathe com Molly, que virou minha parceira de laboratório agora. Depois da aula, assistimos ao filme Corpo Fechado no cinema. Deixei-a em casa e quando cheguei na minha, percebi que meu dia feliz seria arruinado. Entrei na casa e vi meu pai gritando com minha mãe enquanto ela chorava.

-Mãe, tá tudo bem? -Perguntei nervoso.

-Sim, meu amor. Suba para o seu quarto -disse ela, mas eu permaneci paralisado.

-VOCÊ ESTÁ SURDO, GURI? SUBA PARA A PORCARIA DO SEU QUARTO! -Gritou meu pai antes de atirar a garrafa de cerveja em mim.

Minha mãe ficou preocupada, mas aparentemente meu pai não a deixou subir. Meu braço estava sangrando muito, mas não chorei, não podia preocupar mais a minha mãe. Tentei dormir, mas a gritaria não me deixava fazê-lo. Apenas fiquei na minha cama rolando pensando se meu pai iria agredí-la, mas ele nunca fizera isto, então não era tão provável. Depois de uns 25 minutos a gritaria cessou e minha mãe entrou em meu quarto.

-Oi, bebê -disse ela.

-Oi, mamãe. Tá tudo bem? Por que ele estava daquele jeito?

-Está tudo bem, meu amor. Ele estava daquele jeito porque havia bebido demais no jantar e também acha que o estou traindo.

-Você está? -Perguntei e apenas recebi um olhar triste como resposta.

-Eu não te culpo, mãe. Você sabe que está tudo bem, não é?

-Você é incrível, sabia? -Falou ela sorrindo.

-Não sou, mãe. Eu sempre faço as coisas erradas, sempre afasto as pessoas de mim.

-Por que está dizendo isso?

Expliquei a ela tudo o que aconteceu comigo e John. Falei para ela que era gay e ela apenas me beijou na bochecha. Sentia falta disso, de poder conversar com ela sem meu pai envolvido.

-Bom, meu amor, eu acho que esse John Watson é um imbecil de primeira para abandonar um garoto maravilhoso como você.

-Mas eu sou anormal, mãe. Não é à toa ele ter me abandonado.

-Filho... -disse ela olhando para mim.

-Mãe, como é ter um filho louco? 

-Pergunte a uma mãe que tenha um -falou ela antes de sair.

Quando ela saiu, desliguei as luzes e fui dormir. Gostaria de poder conversar com a mamãe daquele jeito, mas meu pai tornara meu desejo quase impossível. 

Acordei e meus pais ainda estavam dormindo. Passei o dia fazendo maratona de Queer Eye com a Molly e pude por algumas horas esquecer tudo o que estava acontecendo com minha família. É espetacular o modo como é possível ser feliz com a companhia certa, mas o triste é que dura pouco. Entrei na minha casa ouvindo uma gritaria novamente, mas desta vez meu pai estava espancando a mamãe.

-Mamãe, eu estou alucinando novamente? Por favor, me diga que é uma alucinação igual a do ano passado -pedi chorando, mas não obtive resposta. 

Naquele momento tudo se encaixava, eu não era louco, nunca fui. Nunca havia alucinado com minha mãe sendo espancada, era tudo verdade. Meu pai me enviou para aquele sanatório para que eu saísse do caminho. Ele tinha batido na mamãe.

-LARGA ELA! -Gritei antes de bater no pai. 

Bati em seu rosto repetidamente e ele me empurrou para a parede. A minha mãe caiu no chão com o rosto ensaguentado e meu pai continuou a me espancar. Derrubei-o e fui ajudar a mamãe que estava inconsciente. Quando meu pai percebeu o que fez, fugiu pela porta dos fundos e nos deixou lá.

-PRECISO DE UMA AMBULÂNCIA AGORA! 221B BAKER STREET. VENHAM LOGO, É UMA EMERGÊNCIA! -Falei ao telefone.

-Mamãe, acorda por favor. Mamãe, por favor não me deixa. Fica comigo, por favor. Por favor não me abandona -implorei em vão. Ela já tinha morrido.

Não conseguia mais pensar direito. Não parava de chorar, então por impulso corri até a casa vizinha e bati na porta do John. 

-Sherlock, o que houve?

-Não sou louco, John. Nunca fui.

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