— Onde está Louise?
Harry e David estavam parados em frente ao apartamento da psicóloga. White sabia que a porta estava aberta porque Louise não teve tempo de trancá-la quando o policial a levou. Bastava girar a maçaneta e eles teriam acesso ao lugar.
— Não sei. — Harry deu de ombros. — Pode estar aí dentro — mentiu.
— Como você sabe onde ela mora?
— Fiz o meu dever de casa.
— Seja como for, não podemos entrar, podemos? — David perguntou incerto.
Harry franziu o queixo. Eles realmente não podiam entrar sem uma ordem judicial, mas aquele não era um real problema para White.
— Não, mas podemos entrar sob outras circunstâncias.
— Como quais?
A cena era um tanto cômica: dois policiais parados no meio de um corredor, olhando uma porta. David estava ali por vontade própria, já que não se negou a ajudar Harry quando recebeu a ligação do homem. Ele não era como Steven, que sempre queria pesar o que era certo ou não para nunca quebrar uma única regra, e aquilo era realmente bom. O problema era que Harry se irritava com bastante facilidade ao escutar todas as perguntas que David fazia. Ele era um homem bem curioso.
— Você ouviu isso? — Harry apurou os ouvidos.
David tentou seguir os instintos do parceiro, mas não escutou nada.
— Não...
— É um grito! — fingiu urgência. — E vem do apartamento de Louise. Ela pode estar em perigo! Nós temos que entrar.
David acompanhou Harry quando o homem entrou no apartamento. A cena foi rápida e fraca, a atuação de White vergonhosa, mas os cinco minutos nos quais David acreditou na mentira foram o suficiente.
Eles estavam dentro.
A sala do apartamento era escura e silenciosa, com os móveis de Louise marcados por resquícios do luar, quais conseguiam atravessar as cortinas e tomar lugar. Naquele momento, com todo o silêncio quase dramático e com Harry contendo-se para não rir da cara do parceiro, David suspirou e perguntou:
— Não teve grito nenhum, não é?
— Se alguém perguntar, teve.
David deu de ombros e Harry sorriu, prestando atenção no cenário à sua volta. Esteve ali mais cedo, mas tudo parecia extremamente novo. Era um mundo de possibilidades, e o policial estava animado para efetuar as primeiras descobertas.
— Estamos procurando o quê? — David perguntou.
Harry tirou um par de luvas do bolso e jogou para o parceiro.
— Qualquer coisa. Procure algo que tenha relação com Sofia Spilman ou Jared Norton. Precisamos achar uma conexão entre os três que vá além da profissional.
David concordou com a cabeça, colocando as luvas. Harry checou a hora no relógio de pulso, marcando um limite de 120 minutos até que os dois partissem. Colocou as próprias luvas e não conseguiu segurar o sorriso conspiratório que tomou os seus lábios.
E nas próximas duas horas, enquanto David procurava pistas que pudessem envolver Louise no assassinato de Sofia, Harry procurou algo que pudesse envolvê-la em qualquer outra coisa ilegal.
Aquela era uma chance para saber mais sobre a psicóloga, seu passado e qualquer coisa que ela poderia esconder. E ali, um único segredo seria útil, porque mesmo que Louise não estivesse ligada ao assassinato de Sofia, Harry acharia algo que a faria cooperar com as investigações mesmo contra a sua vontade. Ele acharia um meio de chantageá-la, pois White sabia que existia um. O policial vira o breve medo nos olhos de Louise quando ele mencionou que a mulher poderia ter problemas com a lei, bastava só descobrir o que era e, então, usar aquilo para fazê-la contar tudo o que sabia sobre Sofia Spilman. Depois ele a prenderia.
Por fim, Louise Campbell estava na palma de suas mãos
...
CONTINUA
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Quem Matou Sofia? (DEGUSTAÇÃO)
Mystery / ThrillerHistória vencedora do Wattys 2016! A história do detetive Harry White poderá surpreender. Longe dos clichês de policiais misteriosos, Harry é provido de um humor ácido invejável e é completamente devoto ao seu trabalho. Não tem proble...