V I N T E E C I N C O

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     Depois da explosão da clínica do Dr. Olsen, Steven Hemmings sentiu que o Caso Spilman ficava cada vez mais pessoal. Não apenas para ele, mas para toda a Scotland Yard; era como se alguém estivesse zombando da polícia.

     Por aquele motivo decidiu voltar à casa de Jared Norton para conversar com a sua mãe, dessa vez. Não dera a atenção necessária a ela quando fora buscar respostas, mas ignorar qualquer pessoa era um erro naquele caso. Todos poderiam saber de algo.

     — Meu marido não está — disse a mulher assim que Steven e David entraram na sala de visitas, sendo escoltados por duas empregadas.

     — Queremos falar com você, se não se importa — o loiro sorriu. David concordou.

      Greta Norton os encarou por um tempo, mas nenhum dos dois conseguiu desvendar o que ela estava pensando. A mulher não parecia intimidada, com medo ou desconfiada. Na verdade, concordou normalmente e pediu para que trouxessem chá aos seus convidados, mandando-os sentar logo depois.

     David e Steven se acomodaram em um sofá grande demais enquanto Greta parou com a cadeira do outro lado da mesa de vidro. Ela puxou uma manta que estava ao seu alcance, sobre uma poltrona, e a colocou ao redor dos ombros.

     — Sinto muito mais frio que o normal — explicou, mesmo que ninguém tivesse perguntado nada.

     Os detetives concordaram com a cabeça, começando as perguntas quando a mulher os indicou que estava pronta. O chá chegou enquanto Steven formulava a primeira frase.

     — O seu marido nos falou de um amigo do seu filho. Um rapaz loiro que veio aqui uma ou duas vezes. A senhora saberia dizer quem é? Ele não pôde se lembrar.

     Greta pensou por alguns segundos.

     — Desculpe, eu não conhecia muitos amigos de Jared. Apenas Sofia. Ela era uma garota muito doce e sempre vinha me visitar — sorriu. — Lamento o que aconteceu com ela.

     — Foi uma tragédia — concordou Steven. — Estamos fazendo o possível para encontrar quem fez isso a ela e ao seu filho, e achamos que esse menino, amigo de Jared, pode ter algo a ver com o assassinato de Sofia Spilman.

     A mulher demonstrou medo.

     — Não acho que meu filho andaria com um assassino — comentou, logo parecendo pensar sobre as suas palavras. — Mas o que posso dizer sobre isso? Ele está morto. Talvez eu não o conhecesse tão bem quanto achava.

     Os dois detetives esperaram que Greta se recuperasse. Então mostraram respeito a sua perda e agradeceram pelo tempo. De toda a visita, pelo menos agora sabiam que Sofia tinha laços com a família Norton; ela visitava a mãe de Jared e aquilo já era uma surpresa. Por que faria aquilo? E o pai de Jared, por que não mostrou conhecê-la melhor do que apenas uma amiga de seu filho? Se Sofia ia à sua casa tanto assim, deveriam, pelo menos, ser amigos.

     Apesar de não ser muita coisa, haviam avançado alguns pontos. Agora era esperar que a busca pelas coisas de Jared Norton os levasse a alguma pista a respeito do garoto loiro. Steven pensava que ele era a chave para todo o enigma, por mais que Harry White discordasse que tudo se resumia a ele. O amigo sempre dizia que os melhores mistérios continham mais de um ponto de ignição.

     Saíram da casa dos Norton, e, juntos, David e Steven foram ao depósito da Scotlant Yard, para onde tinham levado o carro em que o corpo de Jared havia sido encontrado. A perícia faria um trabalho melhor com o veículo sob custódia, podendo tirar impressões digitais e outros fragmentos.

     Quando chegaram lá, Anderson — que era sobrinho e protegido de Enzo—supervisionava tudo à pedido do tio. Ele estava feliz por ajudar e muito animado em ser responsável por uma coisa tão importante. Ao ver Steven e David, até mesmo pediu a identificação dos dois, ignorando o fato de que os conhecia desde que era um garotinho.

     — Bom trabalho — encorajou Steven.

     — Você é da perícia agora? — perguntou David. 

     — Estou só fazendo um favor ao meu tio.  

     Steven balançou a cabeça, agradeceu Anderson e entrou no depósito. Aquele lugar era chamado de Garagem por ser, bem... Uma garagem, mesmo que não oficialmente. Ninguém deixava carros lá a não ser que estivessem sob inspeção. Quando estava vazio o lugar era apenas um cômodo enorme.

     — Nada de digitais — informou um rapaz assim que Steven chegou perto. — Nada de fibras, fios de cabelo ou DNA. Só encontramos terra nos tapetes, mas na verdade é areia. O carro passou por algum lugar da costa, e quem estava nele desceu, deu uma volta e depois retornou, trazendo a areia. No porta malas há sangue, então a vítima morreu quando já estava lá dentro.

     — Interessante — murmurou Steven, mais para si do que para o outro. David, ao seu lado, colocava as luvas para poder checar o carro.

     Steve sentou no banco do motorista e repetiu o que Harry White havia feito na noite em que encontraram o corpo de Jared. Parecia checar se as pistas batiam com as evidências a respeito do jovem Norton: os CDs eram das mesmas bandas dos posteres em seu quarto, a altura combinava, o cuidado com o carro também. White estava certo.

     — Precisamos voltar à casa dos Norton e perguntar se eles têm alguma residência perto da praia ou se conhecem algum amigo que tenha — disse Steven. David concordou com a cabeça, apesar de não gostar da ideia de ter que voltar lá mais uma vez.

     Então os dois saíram do depósito, e Anderson pediu para checar as suas identificações de novo.

...


Quem Matou Sofia? (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora