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Por incrível que pareça, acordei antes do horário e estou indo um pouco mais cedo para a escola.

Sigo à passos lentos, escutando música nos meus fones de ouvido e observando tudo ao redor.

Quando escuto músicas, geralmente minha mente vai para outro lugar. Um lugar de coisas que não aconteceram e eu imagino que poderiam acontecer. E imagino como as coisas poderiam ser diferentes.

E se eu não sonhasse com Evan, nós... Simplesmente nos conhecêssemos pessoalmente, seria melhor. Não haveria esse... Desconforto. Não é desconforto, mas sinto que nós não nos soltamos na presença um do outro, por causa dos nossos sonhos, como se tivéssemos vergonha ou... Insegurança. Talvez mude com tempo.

Mas como que nos conheceríamos pessoalmente, sem nenhum motivo? Os nossos sonhos que nos impulsionaram a isso. A nos conhecer. É o motivo. E não é de todo ruim, os nossos sonhos é aonde podemos nos soltar, e é onde eu sinto aquilo.

O que seria aquilo exatamente? Eu não sei. É um sentimento que arde no peito, algo que nunca senti, pelo menos não lembro de ter sentido com o meu primeiro amor. Aquilo que eu sinto é ótimo. Mesmo que estando pessoalmente com Evan, eu não sinta, porque não o amo. Aquilo chega a ser amor? O que sinto com ele é só timidez, nervosismo, vergonha... Um combo interessante, porém não deixa de ser bom também.

Evan Salles, você realmente dominou a minha cabeça, não somente os sonhos. E tenho medo do que isso possa ocasionar.

Sem que eu percebesse chego cedo na escola, me arrumo na sala enquanto meus amigos ainda não chegam e ando aleatoriamente para que o tempo passe.

O que vai acontecer com a gente? Existe a gente?

Um dos meus defeitos é acabar criando expectativa em algo que provavelmente não irá existir, e tenho medo de acabar extrapolando em um momento como esse, onde não há algo para se ter expectativa. Ainda.

Sento-me em um banco no pátio, onde o sol dá manhã bate de forma confortante. Como falta um certo tempo para o início das aulas, fecho os olhos e sinto o calor do sol na minha pele, e procuro somente relaxar e esvaziar minha mente de qualquer tipo de expectativa e preocupação.

Eu poderia tentar ser plena todo dia.

— Bom dia Lydia.

Abro os meus olhos rapidamente e vejo Evan sentado ao meu lado. Meu coração bate forte.

— Oi... Evan. Não te vi chegar — sorrio.

Ele sorri de volta. Não teve como não achá-lo bonito agora, com a luz do sol batendo em seu rosto e um sorriso plantado nos lábios. Sem nenhum tipo de resposta, Evan continuava me olhando, e o sorriso aos poucos foi se desmanchando dos seus lábios, e seu olhar fixado em mim de forma profunda. O que eu faço?

Coço a minha nuca e desvio o olhar por um momento até conseguir controlar a timidez e olhá-lo de volta. E ele continuava me olhando, como se estivesse em uma hipnose.

— É...

Tentei começar a dizer algo, mas parei quando vi sua mão subindo lentamente em direção ao meu rosto. Prendo a respiração e só observo o que ele irá fazer. Sinto aos poucos seus dedos tocando minha bochecha de forma suave, e seu olhar que continha uma certa intensidade logo se tornou triste, e vi dor dentro deles. Solto o ar que estava prendendo. Sua mão deixa de tocar a minha pele e ele desvia o olhar.

Evan sorri de canto e se levanta.

— Você é realmente você — olho pra ele tentando entender o que aconteceu — Vou indo pra sala, a gente se fala mais tarde?

A Pessoa Dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora