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Impossível não se preocupar com Gabriel. Ele some por dias e depois aparece todo machucado.

Deitada na minha cama, fico pensando nas possibilidades que possa ter te acontecido. Um acidente? Não, ele não fugiria desse jeito.

Ah Gabriel... O que aconteceu com você?

Sinto-me tão impotente, quero poder fazer algo para ajudar, mas não sei o que está acontecendo. Viro de lado na cama, e abraço o travesseiro, odeio ter esse tipo de sentimento e não conseguir fazer nada para mudar.

Olho para nenhum ponto específico e fico observando o nada, depois de uns instantes toco meus lábios e meu pensamento muda de direção.

Ah Lydia... Como pôde não perceber? Como pôde não saber agir rápido?

Me pergunto se eu faria alguma coisa, caso Gabriel não tivesse chegado. Teria me afastado? Acredito que não, estava surpresa demais com tudo aquilo. Ainda estou na verdade.

Eu gosto de você.

Lembro daquele momento. Luis se aproximando, e aos poucos encostando seus lábios nos meus. Seus braços ao redor de mim, me prendendo naquele pequeno corredor, junto a ele. Nossos corpos grudados.

Fico encolhida na cama, e tento afastar esse momento. Como será a nossa amizade de agora em diante? Com certeza ficará um clima estranho. Por que isso foi acontecer?

Preciso contar pro Igor.

Pego meu celular, e digito:

Você não sabe o que aconteceu comigo hoje?!!

Espero um momento, já que meu melhor amigo sempre me responde rápido. Quer dizer, quase sempre. Enquanto espero, tudo fica repassando na minha cabeça. Aperto os olhos e tento afastar a lembrança.

Meu celular vibra e sei que é mensagem de Igor.
    

Ooi Ly! Estou na casa da Vanessa, estamos assistindo um filme. Dps a gnt se fala. BJ

Fico um pouco triste de ler aquilo, mas entendo que meu melhor amigo agora tem uma namorada e tem que ter tempo pra ela. Um pouco de ciúmes? Talvez.

Suspiro e olho para o nada novamente, e meus pensamentos voltam a Gabriel. E sem que eu percebesse, caio na escuridão do sono.

O sonho que passou a se desenvolver, parecia ser somente flashes do que passei no dia, algo que não era específico. Até que parei no meu quarto novamente, e não sabia se os flashes eram o meu pensamento e eu estava realmente acordada, e teria imaginado que fosse um sonho. Sento-me na cama e suspiro. E penso que devo fazer alguma coisa em relação ao que está acontecendo comigo

— Você parece preocupada. — a voz fala atrás de mim.

Congelo e viro-me para Evan, que está sentado no outro lado da minha cama me olhando. O que ele está fazendo aqui? Como sabia onde eu morava? Estou sonhando ou não estou?

Ele sorri e acabo sendo afetada por essa miragem, fico apenas contemplando-o sem responder nada.

— Aconteceu alguma coisa?

Sim, um cara praticamente me beijou, tenho um ex chato no meu pé e um garoto que sinto carinho aparece todo machucado e não sei o que aconteceu.

Afirmo com a cabeça. Evan se arrasta do outro lado da cama e para do meu lado, mais próximo, e gosto disso.

— Quer contar ou... Eu posso ajudar de alguma forma?

Ele coloca a sua mão em cima da minha, que se encontrava em cima do meu joelho. Eu sinto seu toque, sinto o calor de sua mão, sinto isso dentro de mim. Essa vontade dele. De estar com ele, de puxá-lo pra mim, de abraça-lo, de estar próxima de alguma forma. Como se o fato dele estar aqui não é o suficiente, e que eu precise de mais. Precise de seus braços ao redor de mim, de tocar se rosto, mexer no seu cabelo. De olhar cada detalhe da sua face. Essa vontade estranha, essa vontade dele. Essa vontade forte de simplesmente não me afastar.

— Acho que não... — respondo.

Ele parece um pouco triste com o que digo, mas o que ele poderia fazer? Talvez tenha uma saída, uma forma de mudar e eu esteja só dramatizando tudo.

— Mas... — seu olhar que estava nas nossas mãos, me encara interessado — você pode...

— Posso fazer o que você quiser, só pedir.

— Me abraça, por favor.

E instantaneamente ele me puxa para si, e sinto o impacto dos nossos corpos, e sua mão na minha nuca acariciando lentamente meu cabelo. Ele vai inclinando nossos corpos para o meu lado, para deitarmos na cama, já que a nossa posição tornava nosso abraço um pouco desconfortável. Estavamos juntos, no centro da cama, e eu sentia seu cheiro, seu toque, e meu coração se acalmar. E era tudo que eu precisava.

Eu olhava para seu rosto, e ele me encarava sem dizer nada, somente tendo um contato visual que não precisava de palavras.

Dá para acreditar que ele existe mesmo? Não, ainda não dá. Será que é um sonho? E se for, ele se lembrará?

Como força da atração, nossos rostos foram se aproximando e nossos lábios se tocaram. Não consigo explicar a sensação que me invadiu por completo, mas era bom, muito bom. Nosso beijo tornou-se mais profundo, e parecia que cada vez mais melhorava. Evan acariciava delicadamente minha bochecha, e enquanto nos beijavamos, parecia que já tínhamos o jeito certo, como agir, o nosso ritmo perfeito. Tudo ao redor sumia, e só existia nós dois.

Meu peito estava completamente consumido por esse momento, porém aos poucos o sentimento foi desaparecendo e dando lugar a outra coisa.

Uma sensação estranha começou a se apossar de mim, como se eu estivesse caindo de um lugar alto, e instantaneamente eu acordei. Foi evidente a decepção.

E novamente tudo não passou de um sonho.

A Pessoa Dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora