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- Vamos Lydia! Pensando no boy magia? - Eduardo interrompe meu devaneio.

Olho para os meus amigos e vejo que perdi alguma parte do que é que fossem que estavam falando.

- Desculpa o que?

- Só não me diga que estava pensando no Alan - Mariana olha severa para mim.

-Argh não. Definitivamente não. Estava pensando em nada... Mas sobre o que falavam?

- Estávamos combinando um dia para sairmos todos juntos. Tomar açaí ou algo assim. Topa? - diz Eduardo.

- Depois da aula claro que topo. Mas tem que ser em uma quinta, é a minha folga, dá para eu aproveitar mais.

- Hoje é terça então... Marcado pra quinta?

- Por mim tudo bem - concorda Igor e todos logo em seguida.

Acabei mentindo a eles quando disse que não estava pensando no Alan. Eu estava, mas também me questionava de sua atitude, não é algo que eu conseguiria não pensar. Por mais que eu queira não pensar no garoto que esmagou meu coração, e que me tornou forte depois disso. Ele foi parte do meu passado, que não foi de todo ruim, mas não foi de todo bom também.

Sei que já se passou meses, e não é como se eu não tivesse pensado nele antes. Isso era diferente, porque depois do nosso término foi a primeira reação e as primeiras palavras que trocou comigo. Suas encaradas constantes eu nem me importava mais...

Eu só... Não consigo entender...

Não estou pensando nele em uma forma romântica, sentindo saudade do que fomos no passado, por mais que o passado seja uma perda triste. Uma perda causada por ele. Totalmente por ele. Então ele não deveria se aproximar e me provocar desse jeito.

Ele causa desconforto em mim. Talvez ele fez isso querendo se aproximar e que eu o perdoasse.

Não... O tom que ele usou não era de alguém arrependido e quisesse ser perdoado. Não... Era quase um tom de ameaça, que me deu arrepios. E àquele sorriso então. Nunca havia visto um sorriso desse nos labios dele antes.

Não acredito que estou tentando assimilar algo do presente com ele do passado. Não somos mais os mesmos. E eu o perdoei, mas não preciso suporta-lo preciso? Com certeza não. Não preciso me sentir bem no mesmo ambiente de alguém que tinha minha total confiança e me enganou.

Por mais que eu esteja bem, acho que nunca conseguirei superar o fato de já ter sido traída. Talvez ninguém nunca supere isso e esqueça. Quem sabe com um novo amor.

Se isso não for sonhar demais.

- Você tá pensando nele não é? - Igor fala num tom na qual só eu consiga ouvir.

Aceno positivamente com a cabeça.

- Ele mexeu com você? - ele pergunta transmitindo preocupação no olhar.

- Um pouco... Mas não desse jeito que está pensado. É só que... Depois de meses ele faz isso do nada. Eu sei que eu esbarrei nele, mas não precisava ter reagido daquele jeito não é? Não entendo...

- Ele é um babaca.

Solto um riso fraco.

- Essa sua definição se encaixa perfeitamente a todas atitudes dele.

- Porque é verdade. E eu sempre tenho razao. Mas te entendo, ele não precisava fazer aquilo, foi somente provocação. Só não sei se foi para atingir a mim ou a você.

- Ou nós dois, quem sabe...

-Como disse ele é um babaca - dizendo isso seu olhar se torna distante, e vejo no que ele se fixou.

Alan. Ele estava nos olhando.

- É tão babaca que ainda continua te encarando.

Ele solta um suspiro.

- Por que você acha que ele agiu daquele jeito? Sem ser porque ele é babaca.

Igor pensa por alguns segundos.

- Talvez esteja ressentido por você ter superado rápido, ou pelo menos por ter aparentado isso e ter seguido em frente. Talvez ele quisesse que você corresse atrás dele pedisse pra voltar e que o perdoava. Caras idiotas como ele geralmente gostam de ser idolatrados. Mesmo que tenha passado cinco meses, ele nunca deixou de te encarar, parece que quer te intimidar e fazer você se sentir culpada por algo que ele fez e agora... Parece que ele quer se aproximar mas não parece que é pra pedir desculpas, se for, é um jeito bem estranho.

Suspiro e desvio o olhar do meu melhor amigo para Alan novamente, e ele continuava fixo em mim e esboçou o mesmo sorriso que me deu no corredor. Reviro os olhos e volto-me para Igor.

-Ou ele é louco mesmo com o orgulho ferido.

- De qualquer forma não deveria perder seu tempo pensando nele. Não vai te fazer bem, e ele nem é importante na sua vida né...

Ele falou de um jeito que queria uma confirmação.

- Não, não é. Mas não é algo que eu pudesse ignorar. Mas está certo, não devo perder meu tempo.

O sinal do nosso intervalo toca e todos nós nos levantamos da nossa mesa de sempre. Igor coloca seu braço em torno dos meus ombros enquanto carrego minha mochila na mão.

- Eu sempre tenho razão.

Ele me diz e sei que é verdade. Ninguém nunca me conheceu como ele conhece. E creio que ninguém o conhece como eu conheço, e sei que essa atitude dele além de ser natural para mim foi também uma forma de provocação a Alan. Uma provocação bem sucedida.

Alan passa por meu grupo com aquele mesmo sorriso no rosto, como se fosse intocável e perigoso. Sei que ele não tem nada de perigoso. Pelo menos acho que não. As meninas ao redor dele me fuzilavam com o olhar enquanto ele passava por nós com os olhos vidrados em mim.

- Esse garoto consegue ser irritante mesmo sem falar nada. Desgraçado, teve a audácia de te encarar ainda. - diz Eduardo com uma cara indignada, que foi um pouco engraçada, quando Alan já estava a uma certa distância de nós.

- Viu a cara das concubinas dele? - diz Samantha - Pura inveja da Italianinha.

- Não sei o que elas vêem nele. Na verdade não sei o que você viu nele - diz Cláudio com uma cara confusa - Você é tão... Areia pro caminhãozinho dele.

-Concordo completamente. Ele é tão babaca... - se manifesta Mariana.

- Infelizmente errar é humano, e se arrepender das decisões também... -digo.

- Melhor irmos pra sala antes que cheguemos atrasados. Faltam somente três aulas pra irmos embora! Vamos vamos! - Igor fala entusiasmado.

Eles murmuraram em concordância enquanto nos dirigíamos à escada.

Uma parte de mim acreditava que no dia seguinte Alan não seria mais uma preocupação. Que ele não faria nada. Só foi um impulso de momento, porque acordou com o pé esquerdo. Não poderia querer agir desse jeito de uma hora para outra né?

Tanto faz.

Ele não deve me atingir. Não sinto nada por ele. Por mais que ele queira se tornar irritante e querer alguma reação minha, não vai conseguir. E vou me manter firme nisso.

Porque o que ele fez comigo, me tornou mais forte. Me tornou menos frágil, e caso ele comece um joguinhos de provocações, perceberá que não sou mais a garota que conheceu à quatro meses atrás.

Estou diferente, tenho objetivos na minha vida, e estou seguindo em frente, eu superei, e ele não vai mudar isso, porque ele é passado.

Um passado que não vou conseguir esquecer, mas que também não vou me importar.

Talvez devesse colocar em prática tudo que penso. E vai começar à partir de agora.

A Pessoa Dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora