8. O Retorno à Clínica

253 21 3
                                    

— É ela! Leve-a daqui! — gritou Dove, apontando para mim.

— Opa! — exclamei, sarcástica. — Levar para onde?

— Ariana, eu sei que você machucou a Lauren — acusou ela, com firmeza.

— Você tem provas? — perguntei, desafiadora.

— Não — respondeu Dove, frustrada.

— Então, eu não vou. Eu quem saí do hospício e você é quem ficou doida? — declarei, decidida.

— Ariana, por que não admite seu crime? — insistiu Dove.

— Ah, para de encher o meu saco, mulher! — respondi, irritada.

— Vocês vão ficar aí parados? — Dove gritou com os enfermeiros da clínica.

— Cala a boca, sabonete! — gritei, furiosa.

— Chega, Ariana, você vem comigo — disse um dos enfermeiros, aproximando-se.

— Quer saber? Tudo bem — respondi resignada.

Fui envolvida em uma camisa de força e colocada no carro.

— Nicholas, Nicholas, Nicholas, Nicholas — chamei várias vezes.

— Essa menina é doida... — ouvi o motorista comentar.

— Não vai mais me achar louca quando você estiver debaixo da terra.


{Noah}

Percebi o tumulto e fui procurar Becky e Ariana.

— Noah! — ouviu alguém chamar.

— Becky? — respondi. — Cadê a Ariana? E que tumulto é esse?

— A Dove, ela conseguiu, levou a Ariana de volta pra clínica — explicou Becky, preocupada.

— Como assim? Não podem! — exclamei, alarmado.

— Vamos atrás da Ariana antes que ela cometa uma loucura — propôs Becky, determinada.

— Ok, vamos! — concordei, decidido.


{Ariana}

Não acredito que depois de tantos anos fora desse lugar, estou de volta. As paredes rachadas são as mesmas, os gritos, o cheiro de remédio e morte, são os mesmos.

— Bem-vinda de volta, Ariana — disse uma enfermeira com um sorriso irônico.

— Me coloca na mesma sala de antes, sou VIP nesse lugar — respondi com sarcasmo.

— É o mínimo que podemos fazer por você — respondeu ela, desinteressada.

Tiraram a camisa de força de mim e me trancaram na mesma sala de antes. Fiquei com a cabeça baixa por um tempo, até que ouvi uma voz familiar.

— Ariana? — disse Nicholas, aparecendo inesperadamente.

— Disse que eu não iria voltar pra cá — murmurei, desanimada.

— Eu não vou poder te tirar daqui, mas posso fazer o que você quiser — ofereceu ele.

— Some com a Dove, pelo amor de Deus — implorei.

— Eu não posso, mas seus amigos podem — respondeu ele, misterioso. — Você vai sair daqui logo.

Nicholas desapareceu antes que eu pudesse responder.


[...]


{Ariana}

Eu estava cochilando quando ouvi a porta se abrir.

— Levanta! — mandou um dos enfermeiros.

— O que você quer? — perguntei, ainda sonolenta.

— Seu namorado e sua amiga estão aqui — respondeu ele.

Levantei-me, fui algemada e conduzida até a sala de visitas.

— Qual é o plano? — perguntou Noah, preocupado.

— Sequestrem a Dove, sumam com ela, me tirem daqui e me levem até onde a esconderem — respondi rapidamente.

— Como vamos fazer isso? — perguntou Becky, incerta.

— Peçam ajuda ao Ayden, ele tem boas estratégias — sugeri. — Eu vou explodir este lugar — disse com raiva.

— O que você vai fazer com a Dove? — perguntou Noah, visivelmente perturbado.

— Tortura — respondi friamente.

— Você é doente... — disse Becky, chocada.

— Obrigada — respondi, irônica. — Façam rápido, não tenho muito tempo, eles querem me matar.

— Tá bom — concordou Noah, resignado.

O tempo da visita acabou e tive que voltar para minha solitária sala branca. O ódio e a dor dominavam meu coração naquele momento.


{Noah}

Fomos até o orfanato e contamos tudo para Ayden.

— Que merda a gente faz agora? — perguntei, preocupado.

— Tenho uma ideia — respondeu Becky, pensativa.

— O que é? — perguntou Ayden, curioso.

— Tudo o que aprendi com a Ariana e com os assassinatos dela é que ela planejava tudo nos mínimos detalhes, e as pessoas só descobriam muitos dias depois do acontecido. Vamos invadir a casa da Dove, pegá-la e levá-la para um prédio abandonado em Los Angeles. Ninguém entra lá há anos — explicou Becky, com determinação.

— Boa ideia, garota — elogiei.

— Não seria melhor dopá-la e levá-la? — sugeriu Ayden.

— Vamos fazer do jeito foda — disse Becky, confiante.

— Tudo bem, moça — concordou Ayden.

— Quando vamos fazer isso? — perguntei.

— Agora. Ariana não perdia tempo. Temos até ela chegar em casa — afirmou Becky.

— Então vamos — decidi.

Saímos correndo em direção à casa de Dove e nos escondemos nos fundos.

— Como vamos entrar? — perguntou Ayden, preocupado.

— Não precisamos entrar. Ayden, fique na frente e a distraia, eu vou por trás e a atacarei. Ela vai cair e você a pegará — disse Becky.

— Impressionante, Becky — elogiei.

— Sou uma grande fã da sua namorada, mesmo depois de tudo — riu Becky.

— Olha ela, vamos colocar o plano em ação — disse, decidido.

Fiquei escondido entre os arbustos perto do carro de Dove, enquanto Ayden distraía ela. Becky fez um sinal para mim indicando que ia atacar. Balancei a cabeça positivamente e vi Becky jogar uma pedra na cabeça de Dove, fazendo-a desmaiar no chão.

— Coloque-a no carro, vamos embora — ordenei.

Assenti e rapidamente levei Dove até o carro, liguei o motor e partimos em direção ao prédio abandonado ao norte de Los Angeles.


{Ariana}

— Mas que droga eu ainda estou fazendo aqui? — falei para a câmera que estava na minha sala. — Eu sei que vocês estão me ouvindo. Eu não matei ninguém, se a menina cometeu suicídio, o problema é dela — bufei. — Aqui para vocês, seus lixos — mostrei o dedo do meio, frustrada.

Passei horas e horas gritando, pedindo para sair, até que finalmente me cansei e deitei no chão.

Meu Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora