22. O Enigma no Pátio

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Sentei-me ao lado de Becky, o ambiente ao nosso redor era de uma calma inquietante. O sol brilhava suavemente através das janelas, lançando um brilho pálido sobre nós. Meus olhos encontraram os dela, e comecei a falar, a voz cheia de uma determinação que tentava ocultar a fragilidade.

— Eu sei que você acha que eu matei seu pai, mas não, não fui eu. Por mais que eu quisesse ter feito isso antes... — minha voz vacilou um pouco, mas consegui manter o tom firme.

— Eu sei que não foi você. Desculpe. — Becky respondeu, com um tom de pesar. — Tudo aponta para você.

— É, eu sei. Você precisa escolher um lado: o meu ou o da polícia. — Eu me inclinei um pouco para frente, enfatizando a seriedade das minhas palavras.

— O seu, claro! — Becky respondeu com um fio de esperança. — Aliás, já viu o delegado que irá substituir a Dove?

— Não. Quem é? — Perguntei, curiosa e ansiosa.

— O nome dele é Peter Benson — Becky respondeu, balançando a cabeça com um ar de desconfiança. — Ele apareceu na televisão recentemente, assumindo o posto da Dove. E, por falar nela, ninguém a encontrou.

— O corpo dela está em um lugar de difícil acesso, mas não é impossível encontrar — Eu disse, ajustando a posição na cadeira para uma postura mais determinada. — É hora de jogar com o Benson.

— Não gosto quando você faz essa cara — Becky comentou, com uma expressão preocupada.

— É, eu também não gosto da sua cara e nem por isso eu reclamo — brinquei, tentando aliviar a tensão. — Vou voltar para o orfanato. Até amanhã.

— Tá bom, até amanhã — Becky respondeu, com um suspiro de alívio.


[...]


Finalmente, estava a caminho da escola. Não estava animada por ter que compartilhar o mesmo espaço com outros, mas era melhor do que ficar em casa sem fazer nada. Peguei minhas coisas, despejei o café em uma caneca térmica e segui para a escola. No caminho, esbarrei em Olívia enquanto caminhava pelos corredores frios e mal iluminados.

— Ariana, quanto tempo! — Olívia exclamou, com um sorriso que parecia um pouco nervoso.

— Oi, Olívia... — A puxei para dentro de uma sala vazia, tentando manter a conversa em particular. — Já voltou a ver o Nicholas?

— Meu Deus! Não! — Olívia respondeu, com um tom de assombro e desconforto.

— Desculpe, eu estou preocupada — Eu disse, tentando esconder a ansiedade na minha voz.

— Não contei para ninguém, assim como pediu — Olívia confirmou, aliviada por poder manter o segredo.

— Ótimo — Eu respondi, com um aceno de cabeça.

— Olha, eu não queria falar nada, mas o Oliver está estranho — Olívia revelou, com um tom de preocupação.

— Acha que ele pode estar vendo o Nicholas também? — Perguntei, o coração batendo um pouco mais rápido.

— Não sei, provavelmente. Eu não conversei com ele sobre isso — Respondeu Olívia, balançando a cabeça.

— Se quiser contar a ele, pode contar. É seu irmão — Eu disse, tentando ser prática.

— E o que vai fazer? É um fantasma, não tem muita opção — Perguntou Olívia, com um sorriso irônico.

— Eu tenho que ir até a minha psicóloga para ver o que ela tem a dizer. Eu não posso ter dado vida a algo que saiu da minha mente — Eu disse, a frustração evidente na minha voz. — Não faz sentido.

— Talvez essa seja a melhor explicação, não achas? — Perguntou Olívia, com uma expressão pensativa.

— Eu não sei mais de nada. Noah me disse que a Taylor também o viu — Eu comentei, o desânimo evidente na voz.

— A Taylor é outra que está agindo de forma estranha. Principalmente depois que você sumiu — Disse Olívia, com um olhar preocupado.

— Ela não é um problema — Eu respondi, com um tom decidido. — A aula já vai começar, vamos.

Saímos da sala vazia e caminhamos para a sala de aula. Ao entrarmos, Clay estava lá, com um olhar provocador.

— Olha só quem voltou — Disse Clay, com um sorriso sarcástico.

— Senti sua falta também — Respondi, debochando.

— Não sei porque ainda te colocam naquele lugar, nunca resolve nada — Comentou Clay, com um tom de desdém.

— É a vida — Eu respondi, com um encolher de ombros.

— Pessoas como você devem ser... — Alícia começou, mas foi interrompida.

— Não se preocupe — Eu interrompi, a voz firme.

O tempo passou, as aulas foram se desenrolando de forma monótona, até que o inesperado aconteceu. A professora de filosofia abriu a porta e se deparou com a Taylor caída no chão. O corpo dela estava estendido de uma forma que não deixava dúvidas sobre a gravidade da situação. A professora começou a gritar, e os alunos ao redor correram para ver o que estava acontecendo, suas vozes se misturando em um coro de pânico.

— Alguém busque ajuda! — Gritou a professora, seu rosto pálido de horror.

— Ela morreu. Não está vendo como os lábios dela estão ressecados e como ela está pálida? — Eu observei, a voz séria e controlada.

— É só você pisar os pés aqui que algo acontece — Alícia comentou, com uma nota de acusação na voz.

— Eu sei e, se quiserem pelo menos ter alguma pista de quem fez isso, é só refazer os passos dela. Uma coisa é certa, colocaram veneno em algo que ela bebeu ou comeu, e foi um de vocês — Eu disse, a frustração clara em cada palavra.

— E por onde começamos? — Perguntou Olívia, com um olhar ansioso.

— Aonde vocês estavam antes de entrarem na sala? — Perguntei, a mente funcionando a todo vapor.

— Estávamos no laboratório de informática. Taylor passa bastante tempo lá jogando, e quem estava conosco era a Alícia, Oliver, Clay e eu — Respondeu Olívia, com um olhar confuso.

— Ela estava bebendo algo? — Perguntei, tentando montar o quebra-cabeça.

— Sim, eu estava quando ela comprou um café — Respondeu Becky, com um olhar de culpa.

— O culpado é um de vocês — Eu afirmei, com certeza.

— E se não for um de nós? — Perguntou Oliver, com uma expressão de dúvida.

— Está duvidando de mim? Logo você, Oliver? Eu tenho certeza das minhas intuições — Respondi, com uma firmeza que não admitia contestação. — Chamem a polícia.

Pegamos nossas coisas e saímos da sala, indo para o pátio. Todos os alunos estavam impedidos de sair do recinto, o ambiente carregado de tensão. Becky e eu estávamos conversando em voz baixa, enquanto Noah estava com uma expressão assustada, fixando-se em seu celular. Achei estranho, mas decidi ignorar.

— Você tem ideia de quem foi? — Becky perguntou, com um tom tenso.

— Foi o Oliver — Respondi, com uma certeza que parecia inabalável.

— O quê?! — Noah exclamou, mais assustado do que nunca.

— E do jeito que eles são burros, vai demorar para descobrir — Eu disse, com um sorriso frio.

Noah e Becky ficaram boquiabertos com a minha acusação, mas eu estava absolutamente certa do que havia dito. A verdade estava próxima, e eu estava determinada a revelá-la.

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