14. No Limite da Paciência

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Eu estava no banheiro me arrumando para ir à escola. Fui limpar o espelho embaçado e levei um susto ao ver Nicholas.

— Você tem que parar de aparecer assim do nada — reclamei.

— Eu apenas apareço quando você pensa em mim — respondeu Nicholas. — Ou quando você precisa de mim.

— Vou pôr um sino em você — brinquei. — Já posso acabar com a vida da Dove?

— Creio que sim. Já se divertiu bastante com ela — respondeu Nicholas.

— Ótimo! — disse, satisfeita.

— A pergunta que não quer calar é: Quem é o próximo? — perguntou Nicholas.

— Não sei, também não irei machucar uma pessoa atrás da outra como antes — respondi.

— Faça como achar melhor — disse Nicholas.

— Preciso ir para a escola. Até qualquer hora! — disse, me virando para o espelho. Lavei meu rosto e percebi que Nicholas não estava mais ali. 

Saí do banheiro, peguei minha mochila e desci em direção à cozinha. Falei com todos que estavam à mesa e percebi que Ayden não estava ali.

— Cadê o Ayden? — perguntei.

— Fui acordá-lo para ir à escola e ele disse que não está se sentindo bem — respondeu Mary.

— Se sentindo mal? O que ele tem? — perguntei, preocupada.

— Disse que estava com muita dor de cabeça e um pouco enjoado — respondeu Mary.

— Vou dar uma olhada nele — disse, decidida.

Antes de subir, peguei meu celular e mandei uma mensagem para o Noah dizendo que iria chegar um pouco atrasada na aula. Subi novamente as escadas e segui em direção ao quarto onde Ayden dorme, encontrando-o deitado na cama.

— Ayden? — chamei, aproximando-me da cama.

— Olá, Ari! — disse Ayden, com um sorriso cansado.

— Me disseram que você está passando mal. Fiquei preocupada — disse. — Tomou algum remédio?

— Sim, a tia Mary me deu uns medicamentos — respondeu Ayden.

— O que acha de ir tomar sorvete comigo hoje? — perguntei, tentando animá-lo.

— Oba! Eu quero! — respondeu Ayden, sorrindo.

— Tá bom. Quando eu sair da escola, passo aqui para buscar você — disse. — Agora eu preciso ir para a escola. Te vejo mais tarde.

— Tchau, Ari! — despediu-se Ayden.

Saí do quarto, desci as escadas e fui em direção à escola. Caminhei o mais rápido que pude para não perder a primeira aula. Cheguei alguns minutos atrasada, bati na porta para entrar e o professor me olhou com um olhar severo.

— Desculpa pelo atraso... — disse, sentando-me.

— Que isso não se repita! — disse o professor, ainda com uma expressão dura.

— O que houve? — sussurrou Noah.

— Ayden não estava se sentindo bem, mas tudo foi resolvido com um convite meu para ir tomar sorvete — expliquei.

— Não vai ver a coisa lá? — perguntou Noah, referindo-se à Dove.

— Vou, mas irei depois que voltar da sorveteria — respondi.

— Gente, vocês viram a Olívia? — perguntou Becky.

— Ela está parecendo a Lauren — respondeu Noah.

— É, alguém tem que assumir o posto de batom sedutor — comentei ironicamente.

— Ela é só mais uma sociopata que entrou em nossas vidas e nesse colégio — disse Becky.

— Pois é, e não vai demorar muito para sair do ar — disse, concordando.

O professor de Filosofia estava falando algo sobre Aristóteles, relacionamentos e sei lá mais o quê, e eu não estava prestando atenção em nada. O professor percebeu minha falta de foco e me pediu para falar algo sobre a aula.

— Então, gente... Aristóteles também entendeu que... relacionamentos instáveis podem levar à tragédia — disfarcei.

— Ótimo chute em resposta, da próxima vez você não escapa — disse o professor.

O sinal tocou, indicando que o primeiro tempo de aula tinha acabado.

— Oliver, o que aconteceu com a sua irmã? Ela resolveu ser cosplay do Bozo? — perguntei, curiosa.

— Nem eu entendi o porquê de tanta maquiagem — respondeu Oliver.

— Vai ver ela está tentando substituir a Lauren — disse Becky.

— Como se ela nem sequer a conhecesse? — perguntei.

— Ela agora anda com a Grey, e nós sabemos que naquele grupinho você só precisa ter um rosto bonito e ser egocêntrico para se tornar um deles — respondeu Becky.

— É, faz sentido — disse. — Espero que você não fique que nem eles, Oliver.

— Não vou ficar — disse Oliver. — Vocês são mais legais que eles.

— Claro que somos! — exclamou Becky.

— Gente, eu vou lá fora rapidinho comprar uma caixinha de achocolatado. Já volto — disse.

— Tá bom — respondeu Becky.

Levantei-me e segui em direção à cantina. Fiquei lá bebendo o chocolate quando Olívia apareceu.

— E aí, patati patatá! — disse, rindo.

— Hahaha, ridícula! — respondeu Olívia.

— Mas fala aí, qual o motivo de tanta produção? — perguntei.

— Um rosto bonito como o meu tem que ter um toque de maquiagem para ficar melhor — respondeu Olívia, com um tom presunçoso.

— Deus me livre, acabei com uma, para depois vir um troço igualzinho... — resmunguei.

— O que disse? — perguntou Olívia, inclinando a cabeça.

— Não, nada — respondi. — Eu vou voltar para a sala.

Quando fui dar o primeiro passo, Olívia puxou meu braço.

— Eu sou conhecida por ser bem irritante, Ariana. Cuidado — disse Olívia, com um sorriso malicioso.

— E eu sou conhecida por arrancar os órgão das pessoas. Quem tem que tomar cuidado aqui é você! — disse, mantendo a calma.

— Fique longe de mim, sua psicopata! — ordenou Olívia.

— Não entre no meu caminho, ou você vai se perder nele — avisei.

Virei-me e segui em direção à sala de aula.

— Que cara é essa, Ariana? — perguntou Noah.

— Oliver, eu acho melhor você avisar à sua irmã que eu não vou ficar aceitando as provocações dela. Só não dei uns socos na cara dela por consideração a você — respondi, irritada.

— Deixa de ser barraqueira, Ariana! — disse Becky.

— Ah, coisa chata! Não tenho paciência — disse, exasperada.

— Ela é assim mesmo, calma — disse Oliver.

Eu estava uma pilha de nervos. O professor finalmente entrou em sala e logo pediu para ver os trabalhos.

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