Capítulo 27

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Abro meus olhos com dificuldade e fito um teto escuro. Sinto um cheiro... Não muito agradável. Levanto um pouco minha cabeça e olho para os lados. Parece que estou em uma casa abandonada, os móveis não são tão velhos, mas estão bastante empoeirados. O chão também tem pó, mas não tanto. Parece ter sido varrido a pouco tempo. A única coisa limpa que tem aqui é a cama que estou deitada.

- Oi, você acordou. - Griffin se aproxima com um copo enorme com um líquido vermelho. É sangue.

O fito por um tempo sem entender nada. De repente minhas lembranças voltam rápido, assim como um flash. Minha cabeça dói, e muito. Lembro-me de uma dor horrível de algo perfurando meu pescoço, coloco a mão a percebo que estou com um curativo no local.

- O que está acontecendo? - me levanto rapidamente e caio no chão. Eu não tinha noção do quanto eu estava fraca.

- Eliza! - Griffin coloca o copo em cima de um criado-mudo ao lado da cama. Ele me pega pela cintura e me coloca na cama. Estou desesperada.

- Eu consigo me lembrar de tudo! Onde ele está? - pergunto desorientada. Mal consigo respirar.

- Ei, se acalme. - ele segura minha mão se olha no fundo dos meus olhos. - Você está segura agora. Se acalme.

Respiro fundo várias vezes e fecho os olhos. Aos poucos consigo me acalmar. Griffin senta a minha frente e permanece me olhando. Quando fico estável ele pega o copo e me oferece. Junto as sobrancelhas.

- Pra que isso? - pergunto.

- Você perdeu muito sangue. Consegui isso aqui no hospital.

- E como você sabe meu tipo sanguíneo?

- Eu sou um vampiro não é mesmo? - sorri me fazendo sorrir também.

Pego o copo e tomo uns três goles. É ruim. Mas não reclamo. Fico quieta em silêncio pensando no que aconteceu recentemente. Lembro-me de uma frase em que Griffin disse para Ettore. Ao lembrar, encaro Griffin e coloco o copo em cima do criado-mudo.

- O que foi? - pergunta.

- Vocês disseram que não iriam machucá-la mais.

- O que? - seu semblante é confuso.

- Foi o que você disse a Ettore. - digo séria. Minha voz sai mais rígida do que eu esperava.

- Eliza... Não é um momento bom agora. É melhor você tomar o sangue e descançar, depois conversamos.

- Não. Eu quero falar sobre isso agora.

Ele me olha, suspira e abaixa a cabeça.

- Tudo bem.

O encaro esperando sua explicação.

- Eu não queria continuar nesse relacionamento justamente por isso. Eu faço parte da comunidade dos Lambertuccis, eu sou um Lambeturcci. Lembro do tio que eu te falava? Então, ele é o pai do Ettore.

- Você... Não... Não... - começo a chorar novamente. - Como você pôde Griffin? Eles são maus!

- Eu sei, eu sei... Mas eu não tive escolha Eliza, você precisa entender. Depois da morte da minha família eu fiquei sem ninguém. Eu fui aparado por eles. Eles cuidaram de mim, me ajudaram a me acostumar com a vida de vampiro, me ensinaram a lutar, a não ter medo. E eu achei que eles eram do bem. Mas não são. Eu descobri a pouco tempo o que eles fazem com as pessoas, eles matam vítimas inocentes sem dó nem piedade, e tem um grupo de vampiros lá dentro que pegam garotas, fazem o que tiverem que fazer com elas e depois as matam. Quando eu descobri, meu tio me obrigou a participar de tudo. Ele disse se eu não fizesse parte ele iria te matar.

- Você está mentindo! - grito chorando muito.

- Nao, eu não estou mentindo! Eu juro que estou falando a verdade Eliza, você precisa acreditar em mim. - ele se aproxima de mim mas eu o empurro.

- Não chega perto!

- Não faz asssim... Eu estou falando a verdade. Eu fui obrigado a fazer coisas terríveis pra te proteger. Mas não adiantou, o descontrolado do Ettore quis te matar e eu o matei para te proteger. Agora eles vão me caçar e vão querer me matar. Eu quero que acredite em mim. Quando eu vi que eles não eram o que eu pensei, eu quis me afastar... Mas eu não pude. Acredita em mim Eliza. Por favor.

Fiquei em silêncio por um tempo o olhando. Eu não sabia se acreditava ou não. Mas eu senti bem no fundo que eu devia acreditar, ele deve estar falando a verdade. Argh! Eu não sei.

- Ei, acredita em mim. - sussura. Seu olhar é  triste. Me corta o coração.

- Griffin... Eu... - suspiro.

- Por favor Eliza...

Saio da cama e pulo nos seus braços. E é ai que eu vejo o quanto eu precisava disso. Quando estou nos seus braços meu mundo é outro, me sinto confortável, protegida. Isso é bom. Muito bom.

- Não me deixe nunca mais. - falo baixinho no seu ouvido.

Eu quero perdoá-lo, eu tenho que perdoá-lo. Eu sei que ele não fez coisas muito boas, mas foi pra me proteger. Ele disse, e eu acredito. No fundo sei que devo acreditar. Eu gosto muito dele, e quero que tudo dê certo. Griffin foi uma das melhores coisas que me aconteceu, não quero desistir assim tão fácil. Não posso.

- Nunca vou te deixar. Me perdoe por falar aquilo.

- Eu te perdôo.

- Eu só disse aquilo pra você se afastar de mim. Eu só queria te proteger. Agora você é a única coisa que me importa. Quero que saiba disso.

- Sshh... Eu sei. - sussuro. - Agora fique quieto e me abrace. - lhe aperto mais.

No momento é só disso que eu preciso. Do seu abraço quente e acolhedor. Do seu jeito único e do seu cheiro vicioso que me prende sempre que nos encontramos. Não quero que isso acabe. Nunca. Quero tê-lo sempre ao meu lado, me ajudando e me dando forças como ele sempre faz.

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