Prólogo

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16 ANOS DEPOIS…

Já não era sem tempo que naquele vilarejo ao pé de uma das montanhas mais altas, numa cidade afastada do resto do mundo, o povo a olhasse com cenhos franzidos e olhares arredios.
Mas claro… como não olhar assim? Era Celine de Castro que vinha novamente com seu jeito diferente e que andava livremente sob a luz remanescente do fim daquela tarde do primeiro dia de primavera após meses de inverno rigoroso.
— Lá vai a promíscua filha dos Castros — dizia a velha senhora sentada em sua cadeira de balanço, quando Celine cruzou seu olhar passando em frente à velha casa dos Mendonça.
Mas o que vinha de longe, já não era de se esperar, o nome de Celine todos iriam lembrar.
Capaz de fazer saltar fogo dos olhos que a viam. Diziam até que era filha legítima do diabo e não de sangue do senhor João de Castro.
Menina bonita, feitio de gente faceira, não tinha medo nem mesmo da noite escura quando saía a cavalgar com seu cavalo negro.
Pele macia; parecia veludo. Mas claro o povo nada disso via. Ela era segundo eles uma tremenda duma… garota da vida.
Era mentira, claro que era. Celine era moça ainda. Tinha apenas dezesseis anos. Sua aparecia era de gente mais velha, isso não se pode negar, mas a bem das partes. Celine era moça de família e, ai, de quem lhe dissesse blasfêmias ou fizessem desaforos. Levava logo um belo soco no nariz, fosse homem ou fosse mulher. Se a pessoa teve boca pra falar, também teria para apanhar.
Seguiam-se rumores que de bem longe já sabiam. Era a inveja desse povo da menina mais bonita que essa cidade já viu.
Mas que sob a lua emudeceu. Vento forte sob as árvores quando a noite escureceu. Apenas um grito foi ouvido, claro pela fofoqueira senhora Mendonça.
— Quem gritava? — Ela se perguntava.
Mas o grito se calou na penumbra e tudo que se ouvia eram os sussurros da noite silenciosa.

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