Capítulo 13

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Lucas POV.

Eu não estava nervoso, eu estava ansioso. Eu não aguentava mais fazer as coisas escondido e se a nossa família soubesse seria bem mais fácil lidar com tudo isso.

- David. - falo ao ver o pai dela

- Lucas! Que bom ver você aqui!

Ele me cumprimenta empolgado, mas logo estranha ao me ver com a Sandra.

- pai, mãe, eu e o Lucas viemos falar com vocês. - ela disse envolvendo seu braço no meu

David ficou vermelho e Martha parecia que ia desmaiar quando percebeu nossa proximidade.

- o que querem falar? - ele diz mudando o tom de voz

- David, eu e a Sandra nos apaixonamos.

Naquele momento eu juro que pensei que levaria um soco na cara.

- vocês o que? - ele pergunta como se precisasse confirmar

- pai, eu e o Lucas...

- não estou falando com você. - ele responde sem olhar pra ela

Os olhos dele estavam fixos em mim. Engoli seco e continuei.

- David, nos apaixonamos. Foi inevitável. Eu sei que..

- não, vocês não sabem. - ele diz cerrando o maxilar

Deus, aquilo não estava saindo como planejei.

- vocês perderam o juízo, é isso? vocês tem noção do que estão me dizendo? - a voz dele já estava bem alterada

- David, calma. - Martha pediu sem sucesso

- calma uma óva!

- pai! estamos aqui abrindo nosso coração pra vocês porque simplesmente não podemos contar a ninguém! - Sandra diz quase chorando

- claro que não podem! o que o Lucas diria na Y&R? Estou apaixonado pela minha estagiária? Eu terminei meu casamento por ela?

- David, eu não terminei meu casamento. A Vivian me traiu e da pior maneira possível.

- não me interessa! é isso o que as pessoas vão dizer! é isso o que os diretores da Y&R dirão!

- e desde quando você liga para o que os outros pensam pai?

Sandra parecia desolada.

- eu me preocupo se isso for prejudicar a sua carreira. Você não vê o quanto isso é anti-ético? Lucas, eu achei que você era mais responsável!

Eu não consegui mais retrucar. Ele tinha razão em partes.

- acabem de uma vez o que começaram. E eu falo sério. - ele diz saindo da sala

Não aguentei e fui atrás dele.

- David! Porque não conversamos civilizadamente?

Ele se virou para me olhar. Engoli seco.

- no meu escritório. agora! - ele diz

- Lucas, por favor, isso é em vão! - Sandra diz desesperada

- fica aqui. eu vou falar com ele.

Martha abraçou a filha e a cena parecia uma daquelas de filmes de guerra. Eu me apressei e quando entrei no escritório David já estava me esperando e de braços cruzados.

- Lucas, eu só vou falar uma vez. Termine o que começou.

- eu não vou terminar com a Sandra.

Minhas mãos estavam nos bolsos e meu maxilar apertou. Continuei assim.

- ah você vai e sabe porque? Porque eu não vou deixar a minha filha acabar com a carreira dela por sua causa. Sabe o quanto a Sandra quis este estágio? Sabe o quanto ela fala sobre a efetivação? Não você não sabe. Já é gerente, já tem a carreira estabilizada, não é?

Ele respirava forte.

- Lucas, a minha filha tem só vinte anos. Sim, ela é uma linda mulher, mas ela tem só vinte anos! E ainda mora sob o mesmo teto que eu e enquanto isso acontecer eu não vou permitir esse relacionamento imbecil de vocês dois! Imbecil e inconsequente.

- David, eu não vou mudar de ideia. Me desculpe.

- ahhh vai. Claro que vai. Ou você prefere que eu vá até a Y&R falar com o seu Diretor?

Eu não pensei que seria daquele jeito. Não pensei que me decepcionaria com o David daquela forma. Ele nem parecia o pai da Sandra, ele parecia um general sem disposição nenhuma para nos entender e entender a nossa situação ou os nossos sentimentos.

- é muito decepcionante que pense assim. Não tivemos nem a chance de lhe dizer o quanto nós estamos envolvidos e...

- eu já sei o quanto estão envolvidos. Sei que é com você que a minha filha dorme quando chega em casa às três da manhã.

Me segurei para não ser muito mal educado.

- David, o meu pai me apóia e apóia o meu relacionamento com a Sandra, então eu acho que deveria conversar com ele, por favor.

- o Paul é seu pai. Eu sou o pai da Sandra. Cada um apóia o que acha que é certo.

Ele não ia dar o braço à torcer.

- acho que não temos mais nada para falar, então. - digo demonstrando uma grande decepção

- você vai terminar com isso Lucas ou amanhã mesmo eu vou a Y&R.

- não preciso mais ouvir as suas ameaças David.

- então faça o que eu estou pedindo e para o bem da Sandra. Se sente mesmo qualquer coisa pela minha filha pense na carreira dela. Se um dia tiverem que ficar juntos que seja longe do local de trabalho. Poupe sofrimento a vocês dois. Isso não vai dar certo.

Respirei fundo e saí do escritório.

Sandra e Martha estavam esperando como se esperassem em um hospital uma má notícia.

- San, eu preciso ir. - falei

Ela sabia que não tinha dado certo.

- não acredito que meu pai está fazendo tudo isso. - ela diz inconformada

- seu pai tem as razões dele, filha. - defendeu Martha

- eu preciso mesmo ir. - falei saindo dalí

Eu não queria ter que falar com ela naquele momento, mas foi inevitável.

- Lucas! espera! fala comigo!

Respirei fundo e vomitei as palavras:

- seu pai disse para terminarmos o que começamos e disse também que se continuarmos ele nos entregará para a Diretoria da Y&R.

- ele o que!? até parece! meu pai jamais faria isso!

- sim, ele faria. E ele disse com todas as letras.

Ela se surpreendeu com o modo como eu falei.

- e o que nós vamos fazer? nos afastar? esquecer que nos conhecemos? - ela diz em tom de desespero

- eu vou pra casa e te ligo mais tarde. Nós não vamos nos afastar, nem terminar o que começamos. Vamos conversar e decidir o que fazer, mas não aqui e não agora, okay?

Ela assente e me abraça forte. Respiro fundo em meio a seus cabelos e a solto para ir para o carro. Eu precisava sair dali e esfriar a cabeça.

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