VI

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Foi difícil para os dois se concentrarem. Queriam muito discutir as hipóteses daquele crime, porém, decidiram fazer o trabalho primeiro. Em sua sabedoria, Sherlock sabia que as investigações tomariam seus próximos dias e aquilo o deixaria sem qualquer vontade de estudar Biologia ou outra matéria.

Como das outras vezes, terminaram a tarefa com rapidez. Infelizmente, não tiveram o chá tão admirado e precisaram se contentar com uma tentativa de café, feita por John.
- Desculpe, Greg quem faz café aqui e nós não temos chá. – o loiro trazia uma bandeja, com duas xícaras e alguns biscoitos.
- Não tem problema, Watson. Nosso foco é outro! – ele fitava uma parte do tapete da sala, como se estivesse reunindo uma série de informações.
- O que temos até agora? – John se acomodou no sofá, ao lado do cacheado.

Sherlock não disse nada por alguns minutos. Continuava com o olhar vago, dirigido para o chão do ambiente. O loiro estava agoniado, queria saber logo o que a mente brilhante ao seu lado havia adivinhado até o momento. Ou melhor, deduzido.
- O assassino era conhecido da vítima, pois foi levada até o escritório sem problemas. Não havia sinais de luta pelo caminho que percorremos até o local. – o moreno finalmente saiu de seu transe.
- E por que uma pessoa conhecida faria algo assim?
- Porque a vítima possuía algo que interessava ao assassino. Algo de extrema importância, fazendo com que fosse descuidado em seus métodos de crime.
- Se ele foi descuidado, é capaz de ter deixado digitais! – um sorriso apareceu no rosto de Watson.

- Sempre há possibilidade... – disse cuidadosamente.
- Mas você não acha isso. Pode falar. – John falou baixo, um tanto desanimado.
Percebeu que o outro só concordou com sua afirmação em solidariedade. Na verdade, pensando melhor... Essa atitude de Holmes não parecia habitual. Ele abriu mão de mostrar o quão errado John estava apenas para deixa-lo um pouco feliz com sua pequena "dedução".

- Eu não descarto sua hipótese, Watson. Pessoas tendem a cometer deslizes. – Sherlock o olhava, tentando saber se era seguro continuar. – Eu apenas creio que ele tenha sido cuidadoso nesse quesito, pois foi ao local com a intenção de matar. Ele só não é um assassino profissional e deixou a importância do assunto se sobrepor à uma melhor preparação.
- Oh, isso muda as coisas! – John compreendeu e o olhava fixamente, querendo saber mais.
- A rapidez como tudo parece ter ocorrido indica a premeditação. Entretanto, a arma do crime, um objeto cortante, mostra a falta de preparo. De qualquer forma, o criminoso sabia que seria guiado pelo local, por ser um visitante, sem precisar tocar nas maçanetas ou coisas do tipo.
- E quanto às gavetas reviradas?
- Muito bem pensado. – Holmes sorriu surpreso, fazendo o loiro corar e agradecer com um aceno de cabeça. - Após o crime, ele pôde colocar luvas e encontrar o que desejava.
- Durante a luta entre os dois, o assassino deve ter deixado amostras de seu DNA. – o garoto disse pensativo.
- Exato! E presumo que esse não tenha sido o primeiro crime cometido, então é provável que o DNA encontrado seja compatível com algum do banco de dados da Yard. – os olhos de Sherlock estavam mais abertos, admirando o outro. – Você realmente não é idiota como o resto, John.

John. Pela primeira vez, Sherlock chamou o loiro pelo primeiro nome! Aquilo indicava que os dois finalmente alcançaram um novo nível de amizade.
Novamente, John corou e Holmes exibiu um sorriso ainda maior. Aquela relação também estava se tornando cada vez mais interessante para o cacheado. 

Passaram algum tempo discutindo sobre as informações que já possuíam e também conversando sobre assuntos aleatórios. Eventualmente, chegaram ao fato curioso de mais cedo.
- Foi muita coincidência você conhecer o Greg! – John riu, aconchegando-se no sofá.
- O universo é preguiçoso, Watson. – Sherlock deu de ombros. – Conheci Lestrade ano passado e deduzi ser um homem razoável. Desde então, quando descubro algum caso interessante, eu o chamo e nos ajudamos mutuamente.
- Isso é incrível! – ele sorria e fazia com que o moreno sorrisse também.

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