XXIV

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A casa dos Holmes possuía uma atmosfera diferente do resto do mundo. Para John e Sherlock, nada era importante, apenas estarem juntos ali.
Após o primeiro beijo, muitos outros se seguiram, sendo intercalados pela necessidade de ar e por risos bobos.

O moreno foi o primeiro a tomar coragem de afastar os rostos, buscando as mãos de Watson e o levando até seu quarto. O loiro se soltou assim que entrou no cômodo, observando cada detalhe, iluminados pela luz fraca de um abajur.

Sua mente gostava de pensar em como a primeira vez em que estivera ali foi oposta a atual. No dia anterior havia preocupação e um quase beijo, odiosamente interrompido. Agora, ele já havia se livrado de suas hesitações e enfim alcançado os lábios tão desejados.

Holmes sentou-se na cama, observando o garoto perdido nos próprios pensamentos. De certa forma, ele também estava perdido nos seus. Um sentimento que há muito tempo não o visitava se fez presente: a plenitude.

Sherlock já se sentia sortudo o suficiente em ter alguém como John esforçando-se para ser seu amigo! Tê-lo como algo mais, podendo desfrutar de seus toques e beijos parecia uma quimera.
Torcia para que não fosse um de seus sonhos malucos, entretanto, se fosse, não queria acordar tão cedo.

John então resolveu se sentar ao lado do moreno, anotando mentalmente o quanto o rosto dele ficava encantador iluminado pela luz amarela do abajur. Era o tipo de vista que gostaria de guardar para sempre. Ou, se possível, vê-la sempre.

- O que foi? – Sherlock notou o sorriso bobo e os olhos distraídos sobre si.
- Nada... – o loiro balançou a cabeça, tentando manter-se longe dos devaneios.
- Diga.

Sherlock deitou-se no canto da cama, de lado, sustentando o tronco levemente erguido por um dos cotovelos e deixando a cabeça repousada na própria mão. Olhar para o cacheado daquela forma, tão a vontade e ao mesmo tempo convidativo, faria John falar tudo o que perguntasse.

- Eu só estava imaginando como hoje está sendo diferente de ontem. – limpou a garganta, sentindo uma leve vergonha por tocar no assunto mais profundamente. – Eu planejava contar que gosto de você.
- E hoje, você de fato contou e nós conseguimos nos beijar sem seu celular atrapalhando. – Holmes disse como se fosse uma dedução qualquer.
John riu da naturalidade com que o moreno falou, concordando com a cabeça e se aconchegando na cama. Queria ficar mais perto de Sherlock, então, se deitou da mesma forma que ele, podendo olhá-lo nos olhos e até sentir seu perfume.

- Eu fiquei imaginando muitas coisas depois que você foi embora. – o cacheado interrompeu o transe no qual entraram, fitando um ao outro.
- Como assim?
- Bem, eu não sabia se eu tinha forçado aquela situação... Pensei estar confundindo tudo. – Sherlock olhava um ponto aleatório do lençol enquanto falava.

Aquele embaraço do moreno fez o sorriso de John, quase que carimbado, aumentar. Ele nunca imaginaria que o outro tivesse pensado algo assim.
- Logo você! Sherlock Holmes, que deduz tudo. – debochou a fim de fazer o outro perder a vergonha.
- Para você ver... Eu infelizmente não leio mentes e outros exageros seus. – um sorriso, parecido com o de Watson, apareceu em Sherlock.

Ele estava contendo seus lábios desde que se largaram do topo da escada, pois quando não estavam se beijando, a vontade de sorrir sem motivo era grande.
Apesar de ter convivido com o loiro durante o último mês, sentia-se vulnerável e nervoso, como se tivessem acabado de se conhecer. Na verdade, a estranheza era gerada por suas novas atitudes em relação a Watson. Ali, Sherlock não era o mesmo.

Era um garoto apaixonado, que não conseguia mais se ver longe do baixinho a sua frente. Um garoto que a sentia necessidade de tocar o loiro, de ter seus lábios colados e suas mãos dadas.
Chegou a pensar que nem com Victor havia se sentido daquela forma.

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