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17h56
Era fim de tarde, o pôr-do-sol aparecera, a praia estava linda. Todos pareciam felizes, e a energia positiva se exalava em todos do meu redor, menos em mim, porque por mais que eu queira, sempre que há felicidade eu ja penso nos proximos milhoes de motivos que me deixarão triste. E isso me provoca uma guerra.

Eu estava sozinha. Sem Steph com seus longos dreads brigando comigo por todas as vezes que reclamo da vida. Sem o Lan com seus grandes e avermelhados olhos verdes me fazendo sorrir, com todos os micos que me faz passar. E sem todos aqueles outros que fazem parte do rolê e eu conheço apenas quando estou "drogada". É a primeira vez que aquele barulho me faz falta, aquela fumaça e aquele cheiro de maconha me fazem preferir eles do que estar sozinha. Eu nunca pensei que sentiria tanta falta deles em tão poucas horas.

Quando me deparei com a realidade, foi tarde demais. A onda ja tinha tomado conta de mim, levando meus pensamentos literalmente "por água a baixo". Além do barulho das ondas, só ouvia-se a risada de dois garotos.

— Que vacilona, mano! - Disse o menino de vermelho seguido por gargalhadas.
— Ela viajou, brô - Respondeu o que estava de branco ao seu lado.

Como foi tão perceptivel que falavam de mim, em resposta de tudo, apenas houve a amostra do meu dedo médio e obviamente cai fora dali.

18h17
Quando fui atravessando a rua para ir para o apartamento, um carro vinha em alta velocidade e não dava tempo de atravessar e nem retornar o caminho. Por minha sorte, o garoto que estava dirigindo freiou, e mesmo com o barulho como se o pneu estivesse rasgando o asfalto, eu agradeci e percebi bem ali, que não sinto vontade de morrer, minhas crises não pedem a morte. Eu não cheguei a gritar, só fiquei assustada (logicamente).

— Presta atenção por onde anda, gatinha! - disse o menino gargalhando ironicamente com um sorriso lindo que estava dentro do carro.
— Ah vai se ferrar! -disse por fim, no momento que ele acelerou novamente e seguiu o caminho em alta velocidade.

20h32
Eu nunca tive dias de sorte, mas devido aos fatos que ocorreram hoje, se eu fosse diferenciar com certeza seria o meu dia de azar mesmo com os rostos novos que eu avistei na praia, e o do babaca do sorriso lindo que quase me atropelava. Mas tudo estava sem sentidos porque mesmo com todos os micos, eu sorria, e sorria de verdade.

Sabe quando você fica sorrindo sozinha e não entende o motivo? Só sente vontade de sorrir e não sabe o porque toda essa vontade estar dentro de você? Eu estava assim. Eu pensava no sorriso do babaca justamente quando eu peguei no sono, e dormi sorrindo.

Foi a primeira vez depois de muito tempo que minhas lagrimas não molharam o colchão.

O sol e a lua, por toda distancia e diferença que possuam, o eclipse pra uni-los. Assim é o amor, sempre terá ele para unir duas pessoas que são diferentes... e se forem iguais, haverá ele se além do amor, houver aceitação, e essa aceitação não é do amor, e sim de si mesmo para compreensão do proximo. Talvez amar seja facil, o dificil é compreender o amor.

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