— Acho melhor voltarmos. - segurei nas mãos do Leury fazendo ele parar, eu não queria seguir mais adiante, não queria e não quero ver o Moonder, eu desejo que o mesmo se recupere, mas desejo para o meu bem e para ele que isso sirva para nos afastarmos, tenho certeza que será melhor para ele. Muitas vezes acho que a vida das pessoas são bem melhores antes de me conhecerem e já estou tendo essa sensação mais uma vez, o Moon está numa cama de hospital, sem namorada, e eu fui uma das causas disso. Eu queria gritar bem alto para aliviar essa dor que está massacrando o meu coração e me fazendo sentir mais forte o que acho que eu sou... um lixo.
— Então vamos, você está suando muito e está trêmula, precisa descansar um pouco e colocar nessa cabeça que não é culpada pela tristeza dos outros. - As lágrimas me traíram e rolaram no meu rosto, ele as limpou e me abraçou — Vai ficar tudo bem. - ele completou. Eu queria acreditar que iria ficar tudo bem, mas já é muito clichê, e os clichês nunca funcionaram comigo. Leury segurou minhas mãos até que envolveu seus braços na minha cintura, andamos bem devagar abraçados pelo corredor do hospital. Eu nunca pensei que estaria aqui por um desconhecido que o pouco que sei dele se resume a um beijo e um ódio por ter sido trouxa ao mesmo, mas ele mexia muito comigo e era por isso que me permiti vim para cá. Afastei um pouco meu corpo do Leury e apenas continuei segurando duas maos porque tinha muita gente ao redor, e não é que eu tenha vergonha dele, só não me quero que pensem que somos namorados, mesmo que nossas mãos ainda mostram isso. Levantei o olhar e já estava tão em cima que não tinha mais como afastar, nos esbarramos, para a coisa ficar pior, foi em Kile, quando ela foi pedindo desculpas, ela me reconheceu, percebi logo sua mudança de humor e o tanto seu rosto ficou sério, ela bufou, e me empurrou e seguiu seu caminho. Isso não iria dar certo, não com o Leury por perto.
— Hey garota, quem você pensa que é? - ele falou um pouco alto e alguns olhares caíram sobre nós três e aí sim a coisa ficou tensa.
— Cala a boca, seu viado - ela amostrou seu dedo médio.
— Pelo menos não estou enfeitada com um par de chifres, ridícula. - ela parou na metade do caminho, virou pra trás e andou em direção a ele, eu jurava que iria vê-la em cima dele brigando em meio de um corredor de hospital.
— Como você sabe disso? - Ela parecia mais calma e falava mais baixo, parecia envergonhada.
— Há três coisas que todos sabem de você. Primeiro: uma má educada, segundo: é corna, terceiro: é trouxa. - ele disse mesmo em um som de deboche que se fosse comigo, já estaria chorando horrores. Ele segurou minha mão, ignorando-a e me levando para fora do hospital. Queria agradecê-lo por ter me defendido, mas não conseguia dizer nada. Sabe quando a única coisa que você quer é calar e observar? Assim era o meu objetivo. Quando fui entrando no carro, ele me cutucou para eu ver a Kile que saia do hospital e que com certeza nem chegou a ver o Moonder. Respirei fundo e entrei no carro. Lê falava algumas coisas no caminho, eu não conseguia lhe dar atenção, eu só queria me deitar e chorar mais uma vez mesmo sabendo que isso não adiantaria em nada.Abri a porta do apartamento, e antes que o Leury perguntasse se eu queria sua companhia, eu disse baixinho:
— Preciso ficar sozinha. - Ele deu um beijo na minha testa, falou um "tudo bem", e entrou no seu apartamento ao lado.
Entrei lentamente, retirei meu casaco, cai de joelhos próximo a minha cama e doeu. Sim, doeu. Doeu não saber o que fazer, doeu não ter controle sobre o sentido da minha vida, doeu ser esse problema, doeu em ser eu, doeu em ser um lixo. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, escutava meus soluços, a única vontade era de continuar deixar elas caírem, e permanecer assim até as coisas se resolverem. Não depende mais de mim para as coisas mudarem, essa é minha maior certeza. Levantei devagar e voltei para a sala, peguei o controle da televisão e a liguei a fim de me destrair bem quando no noticiário amostrava MOONDER SILVER SOFREU UM ACIDENTE DE CARRO E CONTINUA EM ESTADO GRAVE. Senti uma dor tão forte como se alguém estivesse amassando meu coração. Fechei os olhos e mesmo assim o choro tomava conta de mim. É ruim tentar esquecer algo porque parece que o universo inteiro resolve te lembrar e até as pequenas coisas nos fazem não esquecer.
Moonder Silver.
Ele é da familia Silver, uma das famílias mais ricas daqui. Não deveria ter sido eu a ter me envolvido nisso tudo, mas o destino é quem decide, e se eu estou envolvida nisso tudo é por alguma razão, mesmo ela sendo a pior delas. Meu pensamento trouxe Kile para as minhas memórias, me sinto tão mal por deixa-la assim, sei que eu quem causei essa tristeza nela, ela tem todo direito de me odiar, aliás todos têm. A campainha tocou, permaneci em silêncio porque não queria ver ninguém nessa situação e nem quero que alguém me veja. A campainha toca mais uma...duas...três vezes, e eu me sinto obrigada de levantar. Passo as mãos no rosto pelo menos para limpar as lágrimas, respiro fundo e abro a porta.
Kile. Como ela sabe meu endereço?
Antes que eu pudesse reagi de alguma forma, ela me surpreende com um abraço, sim, um abraço, e chora no meu ombro. Fico sem reação e deixo as lágrimas presas na garganta. Ela chorava tanto mas não consigo reagir a nada. Eu só não consigo entender. Depois de longos minutos, ela se afasta.
— Desculpa, eu só vim conversar, desculpa. - Ela diz se mostrando confusa em suas palavras. — Não vim aqui para brigar, nem discutir, só precisamos conversar.
— Tudo bem, entre. - Não sabia onde essa conversa chegaria, mas não pretendia prolonga-la.
Ela andou um pouco rápido, sentou no sofá e desligou a televisão como se já estivesse vindo aqui antes e já fosse de casa, isso me incomodou e me deixou inquieta.
- Fala o que você quer. - Fui grosseira mesmo sem querer.
— Foram quantas vezes? - Ela meio que engulou no final da pergunta como se rejeitasse o que estava falando.
— Foi uma vez só. - Disse revirando os olhos. O que essa idiota queria com essa conversa?
— Transaram?
— Isso não é da sua conta, mas para que não encha meu saco, nao houve transa com o Moon. - Ela respirou meio que aliviada e isso me deixou com sangue nos olhos, ela me incomodava. A minha tristeza de agora pouco se transformou em ódio e nojo. Fiz um som com a boca para que ela se apressasse e fosse logo embora. Ela ficou me encarando.
— O que ?
Ela arqueou as sobrancelhas e eu bufei.
— O seu namorado ou ex, eu não sei, está em uma cama de um hospital e você aqui? Vindo em meu apartamento apenas pra saber se eu e eles transamos, porra?
— Sim mesmo sabendo que ele não deixaria esse corpão aqui para comer esse nojo que você é. - Minha vontade era dar um tapa na sua cara, mas não costumo jogar esses joguinhos dela.
— Vai embora. - Foi o máximo que consegui falar, ela deu um sorriso bem debochado, até que olhou para a estante e viu minha foto de quando era bebê. Seus olhos encheram de lágrimas, eu já estava aos nervos com essa mudança de humor idiota dela. Fiquei observando-a, me levantei para que ela percebesse que eu iria segui-la ate a porta. Ela passou a mão no rosto, me encarou e disse:
— Sunny, estou grávida.
![](https://img.wattpad.com/cover/110485534-288-k380142.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
WE ARE ONE
RomanceEu nunca quis me apaixonar. Em todos meus 17 anos, em toda essa correria do dia-a-dia, o que estava fora dos meus planos, era sentir algo por alguém. Depois que fugi de casa, eu fugi dos meus sentimentos, fugi de todas as coisas que me partiram o c...