WE ARE ONE

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Ele ficou parado em silêncio na minha direção, não disse nada, não me respondeu, ficou simplesmente paralisado e isso me incomodou. Se não sabia o porquê estar aqui, por que estaria então?! Quando ele tentou se aproximar de mim, dei um passo pra trás, ele me olhou confuso, arqueou as sobrancelhas e respirou fundo. Eu pedi mais uma vez:
- Vai embora daqui, não temos nada pra conversar, por favor. - Não consegui falar olhando em seus olhos, mas disse com convicção e persistência, se ele não tivesse virado pra ir embora, eu iria gritar com ele e seria má educada. "Desculpa" foi o que eu ouvi em sussurros quando ele caia fora.
Droga.
Eu não sei porquê ele insiste em estar no meu caminho, estou começando a criar neuroses mais estranhas, e isso não é bom para ser simpática com ele. Engoli em seco e dei um soco na parede. Ele não vai me destruir mais do que já estou. Não o conheço muito, mas já conheço o suficiente para saber que o mesmo não presta. Péssima hora pra ele aparecer na minha vida que de mal está bem pior. A partir do momento que alguém está compromissado com outra pessoa e a desreipeite traindo-a, já não merece meu respeito, mesmo eu me odiando pelo fato de ser a "amante" nesse caso mesmo sem querer. Não tem porquê ocupar minha mente com alguém tão inútil e que apareceu em poucos dias na minha vida. Só há uma maneira de esquecer: bebidas. Bebidas me lembra Steph e é só dela que eu preciso. Peguei a toalha que estava enrolada em cima da cadeira, coloquei em meus ombros e segui para o banheiro, onde tomei banho. Com os cabelos ainda molhados, os prendi com uma presilha enquanto escolhia uma roupa. Depois de várias reviradas nas roupas, optei por uma camisa listrada de preto e branco e um short preto, e calcei meu tênis branco que pela primeira vez não estava sujo na hora de sair. Hoje eu só quero me divertir. Quem chorava mais cedo, vai sorrir mais tarde. Soltei meus cabelos da presilha. E como caiu, ficou... até quando secou por completo. Tentei evitar me olhar no espelho para não ver as sardas ridículas que possuo que tanto me incomoda. Respirei fundo sabendo que pelo fato de hoje ser sábado, Steph estaria com certeza no rolê e eu já sabia que essa noite seria bem louca. Talvez um coma alcoólico me faria bem. Não, eu não estou brincando. Já tive experiencias de comas alcoólicos e por mais estranho que pareça, eu gosto deles. Eles me matam para que eu possa me sentir viva logo depois.

22h19
- Você sumiu ontem, pô. Eu não estou mais te conhecendo. Já está tendo aquelas crises de novo? - Steph disse gritando para que eu pudesse ouvir, porque o grave da música estava "pesado" dentro da boate.
- Esquece o ontem, caramba. - foi o máximo que pude dizer, não queria me lembrar de tudo que aconteceu. Não agora e nem depois.
- Ora, ora, minha Sunny voltou. - Steph disse tomando a selvagem e logo me puxou para o meio da multidão que estava dançando. Tinha muitas pessoas, o suor tomava conta de todos, não havia tristeza, não naquele momento. Todos sorrindo, rebolando e ativando um belo "foda-se" para o que acontecia lá fora. É que assim que acontece com muitas pessoas, depois de uma decepção amorosa. Um menino sem camisa com seu abdômen definido e totalmente amostra, apenas com uma bermuda azul escuro, cabelos loiros molhados em cima dos seus olhos castanhos, bem suado e que dançava bem, estava me encarando e mordia varias vezes o lábio inferior. Com certeza já tinha "ficado" com muitas garotas essa noite. Steph me abraçou e falou em meu ouvido:
- Já percebeu o garoto que te encara? É o mesmo que chegou na praia e perguntou por você depois que você foi embora ontem. Ele te acha linda. Disfarça e rebola comigo. -Começamos sorrir, Steph é muito espontânea e isso é uma das coisas que me fazem gostar ainda mais dela. Fui perto do balcão, enchi meu copo com vodka, e virei o copo, sim, eu bebi tudo de uma vez. Com certeza minha ressaca seria de dias.
- Oi, posso ficar aqui ou prefere que vamos lá fora? Ou nem quer conversar? - virei para vê-lo, tentei prender o riso, mas não consegui, já sabia que era o garoto que Steph havia mencionado.
- Uhm, você que sabe. - disse sorrindo pois as intenções dele eram as mesmas que a minha, disso tenho certeza. Ele mordeu os lábios mais uma vez que já parecia ser um automático dele. Ele segurou nas minhas mãos e andou me puxando passando pela multidão, até que passamos perto do banheiro, onde tinha varios casais, tanto gays como hétero se beijando. Acho que ver aquilo aumentou uma chama entre nós dois. Assim que chegamos no estacionamento, ele parou, me pressionou na parede.
- Sobre nossa conversa? Prefiro deixar para depois. - ele disse em um sorriso malicioso, quando colou sua boca na minha, me beijando desesperadamente. Passou a mão esquerda nas minhas costas, até que veio de encontro com minhas nádegas, e ele apertou. Eu estava ofegante, minhas unhas estavam grandes e eu arranhava suas costas com muita força, fazendo ele respirar muito rápido e beijar minha boca mais ainda. Com sua mão direita ele apertou meus seios, deixei escapar um pequeno gemido no instante que ele soltou um "gostosa" e mordeu o meu lábio. Eu não toquei em nenhuma parte íntima dele, acho que isso fez ele perceber que eu ainda sou virgem, pois depois do beijo ele passou as mãos fazendo carinho no meu rosto, e não parecia ser o mesmo garoto de uns minutos atrás. Eu fiquei com vergonha, porque ele ficou me olhando muito, principalmente nos meus olhos.
- Eu não me apresentei com palavras, me apresentei de outra forma mas não sei se você queria isso, mesmo depois dessa conexão, desculpa, sou o Pierry. - ele pareceu envergonhado e eu sorri.
- Sou a Sun, não precisa pedir desculpa, isso acontece em festas, não sempre comigo, mas acontece.
- Você é linda. - eu não sei lidar com elogios, apenas sorri. Ele pegou minha mão, e voltamos para a festa. Ele é lindo, realmente é lindo. Ele me deixou com Steph e sumiu, isso fez eu ter certeza do que disse mais cedo, ele deve "pegar" todas, mas isso não importava para mim, assim como eu, ele é solteiro e também quer curtir. Steph não me encheu de perguntas e parecia tensa, estava dançando um pouco mais lenta e desanimada.
- Aconteceu alguma coisa? - falei baixo. E os seus olhos encheram-se de lágrimas, eu nunca vi a Steph assim. - vamos lá fora, Ste. - ela segurou minha mão, e fomos lá pra rua fora da boate. Ela me abraçou, e eu não entendi o porque ela estava assim. No meio do abraço escutei risadas dela, e revirei os olhos.
- Você é uma idiota, Sun, eu te amo. - ela nunca havia dito que me amava, ela nunca fala de sentimentos. É a bebida, ou ela disse isso mesmo, ou eu estou imaginando coisas.
- Por que estava chorando, vadia?
- Você que me abandonou, e eu fiz drama. - não acredito que a mais famosa do baile estava assim por minha culpa.
- Sem graça, sua idiota. - disse sorrindo.
Ela prendeu o olhar para trás de mim, sorriu e disse:
- Olha quem está aqui. - apontou, e eu vi a Kile de mãos dadas com alguém, meu coração acelerou. E quando vi, era ele.
- Cheguei no problema. - ela disse sorrindo pra nós duas. Não consegui sorrir. Olhei para o Moonder, e quando ele me viu, ele soltou a mão dela e me olhou confuso. Ela abraçou a Steph. Meu rosto tremeu, lágrimas ameaçavam a cair. Olhei para baixo, ele continou me olhando.
Droga. Era só isso que faltava para minha noite acabar em lágrimas como todas as outras. Alguém enlaçou os braços na minha cintura, fiquei surpresa e travei. Era o Pierry. O que estava acontecendo aqui? Minha cabeça começou a doer forte, comecei a suar gelado. Não consegui reagir a nada.
- Quem é você, porra? - Moon gritou para o Pierry, me puxando de seus braços. E Kile gritou para o Moon:
- E o que você está fazendo, caramba?

Se você está com alguém, e não a ama, não engane-a e nem se engane. O amor está aí para ser verdadeiro, para ser recíproco. Não adianta tentar colocar os sentimentos onde nada tem.