Eu era a única pessoa que não devia explicação para ninguém, então permaneci em silêncio enquanto a Kile gritava com o Moonder. Eu sabia que isso aconteceria, mas não imaginava que seria tão rápido assim. Não conseguia entender nada da discussão dos dois, minha cabeça estava prestes a explodir. Steph já tinha saido de perto, e perdi ela de vista. Dei dois passos para frente e a tontura veio mais forte, coloquei a mão na cabeça. E uma mão me segurou.
— Se quiser levo você em casa, estou de carro. - Pierry me ofereceu uma carona, eu ainda não queria ir, mas não conseguia permanecer mais ali, eu não tinha condições. Confirmei balançando a cabeça. Ele segurou na minha mão com intuito de me guiar o caminho.
— Para onde você está levando ela, porra? - Moonder gritou. Quando Pierry foi respondendo-o coloquei a mão na sua boca, e ele ficou em silêncio e seguimos nosso caminho. Não entendo o porquê dele estar tão incomodado comigo, não lhe devo nada.Entramos no estacionamento, ele soltou um sorriso de canto de boca e eu sabia que ele havia lembrado do que havia acontecido ali. Ele apertou minha mão com mais força quando passamos por um casal e eu não entendi o motivo mas continuei em silêncio, queria evitar qualquer conversa possível. Entramos no seu carro. As ruas estavam desertas. Eu estava com uma sensação de desmaio, parecia que a qualquer hora se me levantasse não conseguiria permanecer assim.
— É aqui. - disse com um pouco de dificuldade. Ele parou. Abri a porta do carro, minhas pernas pareciam estar dormentes e meus olhos pesavam. Tentei manter postura, mas estava complicado. Ele saiu do carro e veio me segurar, isso foi um alívio. Entramos no prédio e seguimos para meu apartamento. Não estou conseguindo raciocinar direito, está tudo muito confuso. Ele me deixou na porta, quando virei pra agradecer, ele me roubou um beijo. Fiquei envergonhada com tudo isso. Quando ele parou de me beijar, ele virou e foi embora. Abri a porta e no primeiro passo que dei dentro do apartamento, eu cai e assim mesmo permaneci até quando dormi.09h54
De 5 em 5 minutos eu levantava para vomitar de madrugada, por isso optei em ficar logo em cima do vaso sanitário, assim eu não andaria muito, o máximo de esforço que eu faria era me esticar para vomitar na pia. Mesmo que eu bebi na noite passada, eu continuava com o mesmo desconforto. Não conseguia me lembrar dos fatos ocorridos ontem por inteiro. Consigo lembrar de algumas frases ditas por algumas pessoas, mas forçar para lembrar, era bem pior.Me levantei, tirei minha roupa e sapato. Rodei a torneira do chuveiro, sentei no chão e deixei a água me cobri por inteira. Tive mais um porre, um porre de bebidas, mas jamais um porre de amor próprio. Odeio me ver, odeio me ter. Eu sou problema meu. Ser magra é difícil pra mim e ser alta com toda essa magreza me faz sentir pior. Odeio os meus seios por eles serem grandes, acho que não deveria tê-los. A água que descia do chuveiro se misturou com minhas lágrimas. Eu destruo as coisas até mesmo quando não quero, é isso que me deixa assim, saber que causei a tristeza em alguém me dói bem mais que me magoarem, eu destrui um relacionamento quando não tinha essa intenção. A Kile deve estar me odiando. Eu sou um lixo.
Levantei, desliguei o chuveiro. Me apoiei na parede, me enrolei na toalha e fui para meu quarto. Meu cabelo estava uma droga. Vesti a camisa do Leury que cobria só um pouco minhas pernas e mostrava um pouco da minha calcinha. Mas isso não importava se ficaria sozinha em casa, a única pessoa por quem espero, é Leury, e ele já me viu assim, várias vezes.— Estou entrando. - Leury gritou. Eu estava deitada no chão da sala olhando para o nada. Eu sentia fome e ele com certeza estaria trazendo isso. — Finalmente você está aqui, ontem vim procurar por você, e com certeza você estava com seus "amiguinhos". E deve estar com uma ressaca horrível.
— Oh Leury. - foi o máximo que consegui dizer, é incrível como ele me conhece tão bem. Me virei para vê-lo e ele fez sinal para que eu me levantasse. Mesmo com as coisas continuarem girando, já me sentia melhor. Ele me abraçou.
— Eu me preocupo com você, ontem aconteceu tantas coisas mas isso não impediu que eu parasse de pensar em você, ainda mais por ser menor de idade. E não briga comigo falando que eu estou parecendo o seu pai. - Ele começou a sorrir, eu também sorri. Eu o amo. Ele é o melhor amigo sim. Agradeci baixinho pela sua preocupação, ele se virou e colocou algo no microondas. Sentei no banco que fica no balcão que divide a cozinha, observando-o enquanto ele preparava minhas panquecas. Uma coisa ainda estava mal explicado na sua fala anterior.
— Que tantas coisas que aconteceram, Leu?
Ele se virou pra mim e gesticulou com as mãos que estavam sujas com massa quando disse:
— Quer que eu comece por ordem alfabética, por lugar, por gênero ou por nível de tragédia? - eu sorri porque até mesmo ele em situação ruim consegue não deixar se abalar, completamente diferente de mim.
— Ah conta de qualquer jeito.
— Eu e o Zen terminamos - abri a boca em choque, não acredito - Calma, nós já voltamos. Ele viajou porque precisa de um tempo. Roubaram a lanchonete, meus pais ligaram dizendo que voltaram a tomar conta de lá, e como sempre meu pai colocando a culpa no meu namoro dizendo que foi por isso que houve descuido. E aquele acidente que você já deve saber. - ele se virou pegou minhas panquecas e me entregou.
— Nossa Leury, eu nem sei o que dizer, me perdoe. - Abaixei a cabeça super arrasada por não conseguir conforta-lo, e comecei comer minhas panquecas.
— Não precisa dizer nada, minha bebê, acontece. - Ele disse pegando por seu celular que tocava.Atendeu
"Vou falar com ela sim" "Está bem amor"
"Ainda bem que não foi nada grave"
"Te encontro mais tarde"Desligou
Olhei para ele pedindo explicação.
— Era o Zen. Ele ligou para avisar que se você quiser já pode ir no hospital que às 14:00 o horário de visitas inicia. E pode ficar tranquila, não foi nada grave. - Não conseguia entendê-lo, não tinha porque ir no hospital. Visitar quem? Como assim? O que aconteceu que eu não estava sabendo? Estou confusa.
— Não entendi, Leury, visitar quem? - Minhas mãos começaram a suar, e meu coração disparou.
— O Moonder.
— O que? - gritei e ele se espantou. — O que aconteceu? - estava assustada, parecia que meu coração ia "sair pela boca".
— O acidente que mencionei agora pouco, foi com ele. Pensei que soubesse e até disse isso. Zenter disse que ele estava saindo de uma festa sozinho de carro, e que segundo o que falaram, ele tinha terminado com a namorada. E quando chegou na curva de perto do Shopping Louris, ele perdeu a direção e bateu em um poste. - Não consegui entender até o final. As lágrimas já rolavam no meu rosto. Não pudia ser verdade. Não com ele. E se isso tudo aconteceu, eu só tinha uma certeza:
— A culpa foi minha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
WE ARE ONE
RomanceEu nunca quis me apaixonar. Em todos meus 17 anos, em toda essa correria do dia-a-dia, o que estava fora dos meus planos, era sentir algo por alguém. Depois que fugi de casa, eu fugi dos meus sentimentos, fugi de todas as coisas que me partiram o c...