Em meio ao embaçado enxerguei os seus olhos em cima de mim, foi como estar acordando e continuar vivendo um sonho. Ainda estava um pouco tonta por causa da bebiba da noite passada, forcei um pouco para o vê-lo e quando franzi os olhos, ele sorriu.
— Estava esperando você acordar, bom dia anjo.
Dei apenas um sorriso como resposta e tentei me sentar na cama. Ele sentou ao meu lado. Estranho ter alguém no meu cantinho, ter alguém perto de mim logo de manhã, alguém pra me dar bom dia, eu tinha uma falta disso, e ele preencheu em poucos segundos.
— Desculpa por beijar você, foi errado, você estava bêbada, não pense que eu me aproveitei da situação, eu senti vontade disso, eu precisava. - Moon falou um pouco baixo olhando para o chão. Eu nunca iria pensar isso dele, mesmo sem conhecê-lo, nem reclamaria de ter ganhado o seu beijo. Mas entendo o seu lado, e por entender o seu lado, eu não entendia o meu, e muito menos sabia o que respondê-lo. Nunca ninguém me pediu desculpa por ter me beijado até porque não beijo tantos garotos e nem garotas.
— Jamais pensaria isso de você, tudo bem e ahn.. desculpa por ter chorado. - disse olhando para ele que não conseguia olhar pra mim e com certeza estava concentrado demais em olhar ao chão.
— Tudo bem, preciso ir, já está quase na hora do almoço. - ele levantou-se, me deu um beijo na testa e saiu sem nem me explicar como chegamos aqui, como ele abriu meu apartamento, o porquê ter passado a noite aqui, e sem me responder esses porquês que criei em minha mente. Deitei novamente na cama, e as lágrimas já começaram a rolar no meu rosto, o motivo era simples: Não me vejo preparada pra gostar de alguém. Não quero sofrer por alguém. Não quero amar alguém. Eu só pretendo organizar o meu eu e ele agora chegaria invadindo e bagunçado com tudo igual a uma chuva que te impede de sair de casa quando se marca um rolê. E isso me dói, dói pensar em gostar de alguém, porque já me acostumei nessas idas de pessoas que importam pra mim, e eu não me sinto mais segura para deixarem as pessoas irem embora e nem tenho psicológico pra isso. Eu só quero que nada aconteça, que nenhum sentimento venha após o beijo. Eu sou muito guerra pra lidar com a paz do seu sorriso. A porta bateu mais uma vez, no primeiro instante pensei que o Moon tinha esquecido algo e voltou para buscar, mas já consigo reconhecer quando Leury está chegando, pela maneira delicada de pisar com os pés no chão.
— Acorda logo, trouxe seu almoço, você precisa de comida, sua ressacada. - Leury gritou da cozinha.
Escutar a palavra comida fez meu estômago revirar.
— Calma, já estou indo, chato. - disse.
Levantei da cama, limpei as lágrimas, olhei para o banco que Moon estava sentado quando me via dormindo, e deixei escapar um sorriso por apenas lembrar que ele estava ali. Fui até a cozinha.
— Nossa que cara é essa? Parece que foi comida e não gostou. - Ele sempre com suas piadinhas que me fazem sorrir.
— Nada de comida, não agora, idiota. - disse em meio aos risos.
— Nem teve sex..?
— LEEEEURY - gritei antes que ele completasse a frase, fui tomada pela vergonha e obviamente meu rosto estava vermelho. Abaixei a cabeça sorrindo.
— Você é um saco, Leuleu, eu te odeio.
— Ah, cala a boca, você me ama. Eu só queria saber pelo menos se rolou alguma coisa, porque eu não sei a sua, mas minha noite foi ótima. - ele disse meio que cantalorando no final da frase e me fez sorrir. Eu não sei como conto ao Leury que nos beijamos, nunca falei disso para o Leury, mesmo ele enchendo o meu saco sempre dizendo que o Lan é apaixonado por mim e blá blá blá.
— Um beijo que não levou mais nada adiante - falei um pouco baixo pra talvez não ter possibilidade dele ouvir.
— Eu escutei certo? Você beijou o Moonder? - ele disse quase que gritando e escutar isso alto me deixava com mais vergonha ainda. Tive que contar tudo dando os detalhes, sendo que não foi muito o que aconteceu, mesmo que por algum motivo se tornou muito pra mim. Algumas vezes segurei as lágrimas, e o Leury brigou comigo quando disse que não quero me apaixonar e não quero ninguém mandando em mim.18h47
Fui chegando na praça me deparei com Steph que veio correndo me abraçar. Se não soubesse o tanto ela é grossa, acharia ela fofa agora mas ela é um amor mesmo com toda sua grosseria.
— Finalmente está disponível pra mim - ela falou com um sorriso largo no rosto, e eu estava precisando dela ali.
— Sempre estive, lindona - disse.
— Tem catuaba, vodka, maconha e cachaça ali. Vai chegar os amigos do Lan e vai geral descer pra praia. Vamos?
— Se eu dissesse que não, você me obrigaria.
Steph foi na frente gargalhando bastante e eu estava sentindo falta das loucuras delas. Ela encheu o copo com catuaba e ainda colocou vodka pura e me entregou o copo.
— Beba tudo que hoje o resto da noite promete. - ela olhou para o lado no mesmo instante que vimos Lan que estava vestido com uma camisa enorme azul que mostrava seus músculos, como sempre de tênis, bermuda e boné combinando com o tênis.
Virei o copo, e foi apenas um copo pra saber que essa noite amanhã será esquecida como várias outras. Talvez se eu me encher de bebida, esquecerei o Moon pelo menos esta noite. Lan estava acompanhado com mais dois garotos que já eram conhecidos por mim, pelo menos por já terem estado comigo em outros rolês, e por uma menina de cabelos curtos pretos, olhos castanhos puxadinhos, vestida por uma camisa branca enorme o que me fez sentir confortável pois também só uso assim.
— Sumida, que saudade. - Lan disse no instante que me deu um abraço. Eu sorri e ele puxou minhas bochechas, porque mesmo odiando todas as sardas que tenho, amo quando ele puxa minhas bochechas, é muito infantil e fofo também. Seguimos para a praia.21h32
A bebida já havia tomado conta de mim. Sim, eu estava bêbada, mas não era a única. Steph já estava rindo até das ondas da praia falando que umas se transformavam em monstros, Lan estava brincando com a areia. E a menina de olhos claros que agora conheço por Kile estava um pouco inquieta.
— O que tira tua vibe agora, Kile? - Steph perguntou um pouco baixo.
— O namorado que não liga, sumiu desde ontem. - ela disse meio que sussurrando, mas eu escutava a conversa mesmo fingindo que não.
— Ah mana, isso é problemão, se eu fosse você virava esse copo e esquecia ele pelo menos hoje. - Steph disse um pouco alto, e eu não consegui prender o sorriso porque Steph nunca consegue se importar com "boy" algum. No instante que sorri, olhei para as ondas da praia e vi um casal abraçados, mesmo bêbada veio lembranças. Sim, eu lembrei de Moonder e seria ótimo ter ele comigo. Não, estou tendo "noias" demais e a culpa é da bebiba. Eu não quero ele. Ele não mexe comigo. Ninguém vai tirar minha liberdade. Eu não vou me apaixonar. Eu tenho eu, e mesmo com meus problemas, eu me pertenço. Tomei mais um copo de vodka, logo que tirei da minha boca um enjôo tomou conta de mim. Eu senti vontade de vomitar mesmo sabendo que não conseguiria. O celular da Kile tocou, eu virei para ver.
— Agora é o boy garotona - Steph disse e nós sorrimos.
— Pega aí pra mim Sunsun. - Kile disse pra mim apontando para o celular que estava em cima da bolsa. Meu estômago estava revirando. Me estiquei um pouco e quando virei para pega-lo ele tocava por MEU MOONDER.

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WE ARE ONE
RomanceEu nunca quis me apaixonar. Em todos meus 17 anos, em toda essa correria do dia-a-dia, o que estava fora dos meus planos, era sentir algo por alguém. Depois que fugi de casa, eu fugi dos meus sentimentos, fugi de todas as coisas que me partiram o c...